Mostrando postagens com marcador cervejas de Natal (Christmas Beer). Mostrar todas as postagens
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24 dezembro 2012

St Bernardus Christmas Ale


A cervejaria St Bernardus é mais uma grande produtora de cervejas belgas. A cerveja Westvleteren 12 já foi produzida por eles antes que a associação internacional trapista exigisse que as cervejas trapistas deveriam ser feitas dentro dos domínios das abadias. Por esse motivo muitos tentam traçar uma certa semelhança entre a cerveja mais intensa deles, a St Bernardus ABT 12, com a trapista Westvleteren 12, constantemente considerada a melhor do mundo nos principais rankings cervejeiros.

As cervejas da St Bernardus podem ser encontradas hoje com maior facilidade no Brasil. Provei essa versão de Natal graças ao generoso presente do amigo Jayme Figueiredo do blog Taberna do Mamute.


St Bernardus Christmas Ale - Belgian Dark Strong Ale, 10% ABV, garrafa 750ml.

Cor: Cobre bem escura/marrom, límpida.
Espuma: Boa formação e duração, cor bege.
Aroma: Malte, doce, caramelo, frutado (ameixa, figo, frutas vermelhas).
Paladar: Malte, doce, caramelo, picante, frutado (ameixa, figo), fenólico, condimentado, ótimo corpo, leve álcool.

Muito boa. Frutado intenso, fenólico condimentado equilibrado. Fácil de beber.


Abbaye des Rocs Spéciale Nöel


A principal cerveja da Brasserie de L`Abbaye des Rocs, a Brune, já foi assunto em um post do blog. Leia mais sobre essa cerveja e a cervejaria aqui. Eles fazem cervejas de Abadia. A versão de Natal deles segue o um padrão semelhante ao das outras cervejas. Existe uma característica entre as cervejas belgas que acaba por trazer sempre uma certa semelhança entre todas as cervejas da mesma cervejaria. Esse característica é o fermento, responsável pelas notas frutadas e condimentadas típicas das cervejas belgas. Eu considero o fermento da Abbaye des Rocs o mais marcante entre todos que já provei. Basta sentir o aroma que você já adivinha imediatamente de onde vem aquela cerveja.


Abbaye des Rocs Spéciale Nöel - Belgian Dark Strong Ale, 9% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cobre escura/marrom, leve turbidez, partículas em suspensão (outra característica do fermento da cervejaria).
Espuma: Boa formação, média/baixa duração, cor bege.
Aroma: Malte, doce, fenólico, condimentado (noz moscada, pimenta do reino), frutado (ameixa, passas).
Paladar: Malte, doce, fenólico, condimentado (noz moscada, pimenta do reino), frutado (ameixa, passas), bom corpo, final adocicado.

Muito boa. Equilibrada. Bem condimentada pelo fermento típico da cervejaria. 


Affligem Nöel


As cervejas Affligem são belgas do tipo abadia. Isso quer dizer que elas são feitas por cervejarias comerciais mas com a permissão de abadias. Podemos encontrar as Affligem Blond, Dubbel e Tripel no mercado brasileiro, além da versão de Natal, a Nöel. Na Bélgica existe uma forte tradição das cervejarias oferecerem produtos comemorativos, principalmente de Natal. Geralmente eles fazem uma Belgian Dark Strong Ale mais alcoólica e com especiarias, combinando bem com o inverno europeu. 


Affligem Nöel - Belgian Dark Strong Ale, 9% ABV, garrafa 750ml.

Cor: Cobre escura/marrom, límpida.
Espuma: Boa formação e média/baixa duração, cor bege.
Aroma: Fermento intenso, terroso, frutado (ameixa, figo), malte, adocicado, condimentado, pimenta do reino, fenólico.
Paladar: Malte, doce, caramelo, frutado (ameixa, figo), fermento, condimentado (pimenta do reino), bom corpo, final seco.

Cerveja muito aromática, agradável e gostosa. Drinkability muito bom. Frutado e fenólico intensos e equilibrados.


23 dezembro 2012

Gordon Xmas


Seguindo a tradição dos posts com cervejas de Natal, esse ano eu fiz diferente. Consegui degustar várias cervejas comemorativas no mesmo dia. Decidi fazer um post para cada uma e não seguir com a comparação pois nem todas seguiam o mesmo estilo e uma delas estava na minha adega para avaliar o comportamento na guarda.

A primeira cerveja provada foi a Gordon Xmas. Ela é feita pela grande cervejaria John Martin, conhecida por fazer receitas escocesas para o mercado belga além da Guinness Special Export. Com mais de 100 anos de história, hoje eles trabalham com várias marcas diferentes.

A receita da Natal da marca Gordon segue o padrão de uma Wee Heavy, um estilo escocês de maior teor alcoólico. No site da cervejaria eles dizem ter iniciado a tradição de cervejas de Natal com a Gordon Xmas.


Gordon Xmas - Strong Scocht Ale/ Wee Heavy, 8.8% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cobre escura/marrom, límpida.
Espuma: Alta formação e ótima duração.
Aroma: Malte intenso, doce, caramelo, toffee, leve tostado, leve defumado, terroso, leve álcool.
Paladar: Malte, doce, caramelo, toffee, defumado, corpo médio, leve álcool, final adocicado.

Boa Wee Heavy. Bem maltada com notas de defumado e bom corpo. Surpreendeu positivamente. Detalhe para o belo copo do tipo Thistle da Gordon, típico para Ales escocesas.


23 dezembro 2011

Delirium Christmas (Noël)



Para finalizar os posts com cervejas de Natal nesse ano de 2011, vou falar sobre a Delirium Christmas. As cervejas da Delirium nas versões Tremens e Nocturnum já foram assunto no blog há um bom tempo. A famosa cerveja do elefante cor de rosa também produz a sua versão natalina, tradição bem comum entre as cervejarias belgas. Na maioria das vezes eles utilizam uma cerveja escura da cervejaria como base para fazer uma receita com adição de especiarias como noz moscada, cardamomo, pimenta do reino, entre outras. 

Assim como a Leffe Noël, assunto do último post, a Delirium Christmas também pode ser encontrada no Brasil, até com mais facilidade que aquela. Apesar das cervejas Delirium Tremens e Nocturnum já poderem ser encontradas no Brasil há alguns anos, acredito que este seja o segundo ano em que temos disponível por aqui a versão de Natal.


Delirium Christams (Noël) - Belgian Dark Strong Ale, 10% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cobre escura/marrom, reflexos vermelho rubi, límpida.
Espuma: Boa formação e média, cor bege clara.
Aroma: Malte, doce, caramelo, condimentado (noz moscada), frutado (ameixa, passas), leve fenólico, picante, álcool.
Paladar: Malte, doce, caramelo, condimentado (noz moscada), frutado (ameixa, passas), leve fenólico, picante, leve álcool, amargor final residual doce bem presente, bom corpo.

Boa cerveja. Bem frutada, lembrando frutas escuras, levemente fenólica e com presença de condimentos que lembram principalmente noz moscada. O álcool é perceptível mas está bem integrado.


22 dezembro 2011

Leffe Bière de Noël - Kerstbier



Seguindo a tradição de posts sobre cervejas de Natal e depois de publicar duas cervejas que não podem ser comprada no Brasil, resolvi mudar um pouco e hoje falo sobre uma que pode ser encontrada aqui. Pelo menos podia. Não sei se ainda existem exemplares dela à venda.

A Leffe é uma das cervejas com o preço mais em conta à venda no Brasil, pelo menos suas versões Blond, Brune e Radiese, importadas pela Ambev. As outras versões, como esta de Natal, infelizmente chegam a preços bem mais altos.

Provei todas as que são vendidas no país mas me limito agora a falar somente sobre a Bière de Noël, também conhecida como Kerstbier.


Leffe Bière de Noël (Kerstbier) - Dubbel/ Spiced Ale, 6.6% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cobre escura/marrom, límpida.
Espuma: Boa formação, média duração, cor bege.
Aroma: Anis, alcaçuz, malte, leve fenólico, leve frutado.
Paladar: Malte, leve adocicado, caramelo, leve fenólico (cravo), anis, alcaçuz, condimentado, leve frutado (frutas escuras), leve álcool, leve amargor final com sensação picante, residual doce, corpo médio/baixo.

Cerveja com aroma pouco presente. A característica mais marcante do aroma é mesmo o anis e alcaçuz. No sabor ela melhora. Aparecem mais o fenólico e o frutado mas de forma bem mais tímida que em outras versões da Leffe. O uso de condimentos em cervejas belgas é bem comum. Aqui é fácil perceber que os condimentos foram adicionados e não simplesmente produzidos pelo fermento. Acredito que a cerveja poderia ficar melhor se os condimentos estivessem mais equilibrados com o restante do conjunto.


21 dezembro 2011

De Dolle Stille Nacht 2009



Ontem fiz a introdução sobre a De Dolle Brouwers e sua cerveja símbolo, a Oerbier. Tudo isso somente para publicar hoje um post sobre a cerveja de Natal da De Dolle, a Stille Nacht. O nome significa noite silenciosa. A Stille Nacht é uma cerveja intensa e alcoólica produzida e lançada ao final da cada ano e por isso ela é safrada. Segundo a De Dolle, ela envelhece muito bem.

Tive a oportunidade de provar uma De Dolle Stille Nacht 2009 e divido com vocês a minha experiência:



De Dolle Stille Nacht 2009 - Belgian Golden Strong Ale, 12% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar escura, leve turbidez (a frio).
Espuma: Boa formação e duração, cor bege clara, bolhas bem pequenas, consistente.
Aroma: Malte, adocicado, pão, fermento, frutado (laranja, damasco), cítrico, fenólico, picante, leve álcool.
Paladar: Malte, doce, fermento, fenólico, picante, frutado (laranja, damasco), cítrico, álcool, final bem amargo e picante, bom corpo.

Boa cerveja. Intensa, alcoólica e muito fenólica. Essa é para beber com bastante calma. Inicia doce e frutada mas mostra intensas notas fenólicas picantes e de álcool, principalmente no sabor. Ao final de cada gole ela é bem amarga e picante. Não costumo guardar cevejas claras, pois acredito que sejam melhores mais novas. Consegui comprar essa já de 2009 e foi consumida em agosto de 2011. Não mostrava sinais de oxidação. Não sei se ela consegue aguentar mais tempo de guarda, mas segundo a cervejaria, eles possuem exemplares guardados desde a primeira produção.


19 dezembro 2011

Anchor Our Special Ale (Christmas Ale) 2008



Em países com tradição cervejeira, principalmente a Bélgica, é bem comum o lançamento de receitas para as festividades de fim de ano. Todo final de ano eu gosto de falar sobre algumas cervejas de Natal. Para não perder a tradição hoje eu vou falar sobre a Anchor Our Special Ale, também conhecida como Christmas Ale.

A Anchor é uma cervejaria de São Francisco, na Califórnia, e foi uma das pioneiras no movimento de renascimento da cerveja artesanal nos Estados Unidos durante a década de 70 do século passado. A Anchor e sua cerveja símbolo, a Steam Beer, foram assunto em um outro post no blog. Desde 1975 a Anchor faz sua cerveja de Natal. A receita é sempre de uma Ale com temperos mas muda ligeiramente todos os anos, assim como o rótulo, que sempre traz uma árvore. Segundo o site da cervejaria, as árvores simbolizam o solstício de inverno desde a antiguidade, onde a terra parece nascer novamente junto da nova estação.

Eu tive a oportunidade de provar a Anchor Our Special Ale 2008, que trazia um Jeffrey Pine, uma espécie de pinheiro da América do Norte. Divido com vocês a minha experiência.


Anchor Our Special (Christmas) Ale 2008 - Winter Warmer, Ale, 5.5 ABV, garrafa 330ml.

Espuma: Boa formação, média duração, cor bege escura, boa consistência, deixa muitas marcas no copo.
Cor: Marrom bem escura, leves reflexos vermelho rubi.
Aroma: Malte, torrefação, leve café, caramelo, leve chocolate, frutado (ameixa, passas, banana passa).
Paladar: Malte, torrefação, café, leve caramelo, chocolate amargo, frutado (ameixa, passas), acidez presente (torrefação), amargor final de média intensidade, corpo médio, seca.

Boa cerveja. Ela possui a intensidade de torrefação, café e chocolate de uma Porter com o frutado de uma Dubbel. Bem diferente e gostosa. Ea tem uma acidez um pouco maior do que seria desejável e um amargor bom para o equilíbrio do conjunto, finalizando bem seca.


Veja abaixo um vídeo produzido pela cervejaria este ano sobre a Our Special Ale:

23 dezembro 2010

Jolly Pumpkin Noel de Calabaza



A Jolly Pumpkin é uma cervejaria fundada por Ron Jeffries em 2004 e fica localizada em Dexter, no estado americano de Michigam. O maior diferencial da Jolly Pumpkin é seu método de fabricação. Todas as cervejas são maturadas em barris de carvalho. Estes barris, geralmente já utilizados na fabricação de vinhos, possuem uma microflora entranhada em suas paredes, sendo o bretanomyces um deles. Esta microflora tem um papel fundamental no desenvolvimento de sabores e aromas rústicos intensos nas cervejas, como couro, estábulo e outros comumente associados com este tipo de fermentação selvagem. Após a maturação, todas as cervejas são refermentadas na garrafa.

A maioria das cervejas da Jolly Pumpkim é classificada como Farmhouse Ales. Tive a oportunidade de encontrar a Noel de Calabaza, a cerveja comemorativa de Natal. Divido com vocês abaixo a minha experiência com ela.

Jolly Pumpkin Noel de Calabaza - Sour Ale, 9% ABV, garrafa 750ml, US$ 8.99.

Cor: Marrom, turva, poucos reflexos alaranjados.
Espuma: Boa formação, média duração, bolhas bem pequenas.
Aroma: Levedura selvagem, estábulo, couro, madeira, algo vinoso, acidez, avinagrado, frutado (frutas vermelhas, maçã), leve caramelo.
Paladar: Acidez, frutado (frutas vermelhas, maçã), leve adocicado, vinho, levedura selvagem, estábulo, couro, madeira, amargor presente no final junto com a acidez e um leve dulçor, corpo baixo, baixa carbonatação, bem seca, adstringente.

Cerveja interessante. Muito diferente do que eu esperava. Sua classificação nos principais rankings cervejeiros é o Belgian Dark Strong Ale. Não encontrei absolutamente nada deste estilo belga nela. Esta é uma Sour Ale, uma categoria já utilizada em muitos concursos nos EUA mas ainda não reconhecida pelo BJCP (a referência da maioria dos concursos internacionais). Ficou uma impressão de que a cerveja base para a Noel de Calabaza não tem realmente as características de uma Belgian Dark Strong Ale, pois nem mesmo o álcool aparece e o corpo da cerveja é muito baixo para o estilo. As sensações vindas dos microorganismos selvagens dominam a cerveja. Fica difícil de acreditar até mesmo dos 9% de álcool, aliás não declarados no rótulo. Na realidade lembrou um outro estilo belga tradicional, o Flanders Red/ Brown Ale que tem como uma de suas principais representantes a Rodenbach.


21 dezembro 2010

Gouden Carolus Christmas



Há um ano eu fiz uma série de posts somente com cervejas comemorativas de natal. O lançamento de cervejas mais intensas para esta época do ano é bem comum na Europa, principalmente na Bélgica, e serve até mesmo como uma forma de promover as cervejarias. Infelizmente aqui no Brasil carecemos ainda de maior tradição cervejeira. Por enquanto então, seria muito querer uma maior disponibilidade de cervejas de Natal fabricadas por aqui. Este ano a Baden Baden de Campos do Jordão voltou a produzir a sua Christmas Beer, mas a Eisenbahn não voltou a fazer a Weihnachts Ale.

Sem ter muitas opções nacionais, fui obrigado a procurar mais uma importada. Desta vez a Gouden Carolus Christmas da Het Anker, uma cervejaria que nunca me decepciona. A série de cervejas Gouden Carolus já apareceu quase que completa aqui no blog, como as Cuvée van de Keizer Bleu, Cuvée van de Keizer Rood, Easter (de Páscoa) e as cervejas da série normal (Classic, Tripel, Ambrio e Hopsinjoor). A única que faltava aqui no blog era exatamente a comemorativa de Natal. Felizmente, todas elas podem ser encontradas no Brasil.

A Gouden Carolus Christmas é uma cerveja superlativa em seu estilo, o Belgian Dark Strong Ale. Ela é produzida anualmente no mês ne agosto e fica maturando por alguns meses até encontrar seu equilíbrio no final do ano durante as festas. Em sua receita são utilizados 3 tipos de lúpulo e 6 tipos de especiarias. Divido com vocês aqui a minha experiência com esta deliciosa cerveja.


Gouden Carolus Christmas - Belgian Dark Strong Ale, 10.5% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Marrom, boa limpidez, reflexos alaranjados (cobre).
Espuma: Média formação, baixa duração, cor bege, deixa marcas.
Aroma: Malte, caramelo, vinho do porto, intenso frutado (bolo de frutas, frutas vermelhas, frutas cristalizadas, passas, ameixas), fenólico, picante, condimentado (pimenta do reino, noz moscada), leve álcool.
Paladar: Malte, doce, caramelo, vinho do porto, leve chocolate, frutado intenso (frutas vermelhas, frutas cristalizadas, passas), fenólico, bem picante, condimentado (noz moscada, pimenta do reino), álcool, leve amargor, final picante e alcoólico, bom corpo, baixa carbonatação, textura sedosa.

Ótima cerveja. O aroma é delicioso e tem como destaque um frutado intenso que lembra um bolo de frutas, que combina muito bem com o Natal, um fenólico bem presente e as especiarias que foram adicionadas à receita. Não encontrei em nenhum local exatamente quais são as especiarias utilizadas, mas tive uma sensação que lembrou muito noz moscada e algo de pimenta do reino. A cerveja é bem intensa e por isso não consegui distinguir as outras especiarias, mas dá para perceber que a  cerveja é bem condimentada. O sabor é mais complexo e intenso que o aroma. O álcool aparece mais, deixando a cerveja mais robusta e encorpada, mas combina muito bem com a complexidade do conjunto. O fenólico picante é bem intenso e provoca uma boa sensação na boca. A baixa carbonatação colabora com a textura sedosa. Esta cerveja consegue se destacar e certamente voltará a encher meu copo muitas outras vezes. Se estiver com preço bom então...


23 dezembro 2009

Samichlaus Helles




Esta é a versão clara da cerveja Samichlaus, descrita no último post. A versão clássica já é uma rarirade devido à pequena produção, pois é feita somente uma vez ao ano no dia de São Nicolau, 6 de dezembro. A versão clara é mais rara ainda. No contra rótulo da cerveja que chegou ao Brasil, a versão 2007, é possível ler a informação de que esta é a primeira vez que ela é produzida desde 1986. Foram  quase 20 anos sem contar com novas produções desta cervejinha.

A Samichlaus Helles também foi produzida no dia 6 de dezembro, assim como a versão tradicional e possui os mesmos 14% de álcool por volume (ABV). Esta também é uma cerveja Vintage e pode ser adegada por anos para desenvolver seus aromas e sabores. Não existe nem mesmo prazo de validade no rótulo desta cerveja, mas o importador brasileiro estabeleceu um prazo em sua etiqueta colada na garrafa. Esta ação muito provavelmente foi uma adaptação á legislação corrente em nosso país que exige esta determinação.



Samichlaus Helles 2007 - Doppelbock, Lager, 14%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar, límpida.
Espuma: Média/baixa formação e baixa duração, cor marfim.
Aroma: Malte, doce, frutado, cítrico, lúpulo, picante, álcool.
Paladar: Malte, doce marcante, frutado, cítrico, picante, álcool, bom corpo, amargor final de média duração acompanhado de sensação doce e alcoólica..

Boa cerveja. Pessoalmente me agradou mais que a versão clássica. O aroma é frutado e delicioso. Ela é picante e alcoólica, mas acredito que nela o álcool ficou melhor inserido combinando de forma mais harmoniosa com o restante das sensações. O doce está bem presente e serve para balancear o alto teor alcoólico.

20 dezembro 2009

Samichlaus - A cerveja de São Nicolau




Fabricada pela primeira vez no ano de 1980, a Samichlaus talvez seja a cerveja de Natal mais famosa da Europa. Naquela época a cerveja era fabricada todo dia 6 de dezembro em Zurique pela cervejaria suíça Hürlimann. Depois do cozimento, a cerveja passava por um lento processo de fermentação e maturação que durava 10 meses. Este processo permitia que ela pudesse alcançar seu altíssimo teor alcoólico, que na maioria das vezes ficava em 14% por volume mas eventualmente chegava a 15. Somente depois desse tempo de maturação é que a cerveja era engarrafada e lançada no mercado, quase um ano depois do início do processo. O nome Samichlaus (em alemão) significa São Nicolau, o mesmo Santo que deu origem à figura do Papai Noel, e o dia de São Nicolau é comemorado todo 6 de dezembro, a mesma data da fabricação da cerveja.

O mais interessante sobre o teor alcoólico em bebidas fermentadas é que as leveduras utilizadas têm um determinado limite até onde ela consegue trabalhar. À medida que o processo de fermentação evolui, o álcool produzido a partir de açúcares disponíveis vai lentamente inibindo o processo e até mesmo matando as leveduras, já que o álcool tem propriedades esterilizantes. No caso das cervejas, a maioria das leveduras utilizadas têm seu limite de trabalho quando se alcança níveis de 9% de álcool por volume (ABV). Para fabricar uma cerveja com o teor de álcool da Samichlaus deve ser utilizada uma levedura especial que consiga trabalhar em um ambiente pouco favorável.


Duas versões Vintage da Samichlaus: 2007 e 2008.
Note a inscrição "Strongest Lager Beer in the World", 
ou Lager mais forte do mundo, no rótulo da versão 2007.


A produção da Samichlaus ocorreu normalmente até o ano de 1996, quando a cervejaria Hürlimann foi adquirida pela cervejaria Feldschlösschen, também da Suíça, e a produção foi interrompida. Por quatro anos consecutivos não houve fabricação da Samichlaus até que no ano 2000, através de um acordo com a cervejaria austríaca Castle Eggenberg, a cerveja foi novamente lançada no mercado. Para produzir a Samichlaus novamente, os mestres cervejeiros das duas cervejarias, da nova Eggenberg e da antiga Hürlimann, se reuniram e mantiveram o tradicional processo que era utilizado na produção em Zurique.

A Samichlaus é uma cerveja Vintage e segundo a cervejaria não tem data de validade específica. Eles garantem que a cerveja pode ser adegada por muitos anos e evolui com o tempo, tornando-se mais complexa e com um paladar quente e uma textura cremosa.

Os 14% de álcool por volume da Samichlaus já foram motivo de grande repercussão para a cerveja. Ela já foi considerada a cerveja Lager de maior teor alcoólico do mundo, estando inclusive presente no Livro dos Records. Até o ano de 2007, o rótulo da Samichlaus ostentava a marca de Lager mais forte do mundo. Acredito que a repercussão de uma cerveja dessas com certeza foi um dos motivos do interesse da Castle Eggenberg em fabricar a Samichlaus. Nos últimos anos temos visto uma corrida para o desenvolvimento de cervejas com teores alcoólicos absurdos. Para isso as cervejarias têm trabalhado no desenvolvimento de técnicas e leveduras especiais para conseguir um produto que atraia a atenção do publico e promova sua marca.

No rótulo da versão 2008 a cerveja é chamada de Malt Liquor, apesar de que a maioria dos rankings cervejeiros a classificam como uma Doppelbock. A possível explicação para este fato está na lei americana que controla o teor de álcool em cervejas. Esta lei proíbe o alto teor de álcool em cervejas e para burlar a lei, o rótulo da cerveja exportada para o mercado americano foi adaptado com a inscrição de Malt Liquor. Nos Estados Unidos um Malt Liquor pode ter maior teor de álcool. Apesar de ser um estilo de cerveja, naquele país o Malt Liquor é considerado quase que um tipo diferente de bebida.



Samichlaus 2008 - Doppelbock, Lager, 14%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cobre alaranjada, límpida.
Espuma: Média formação e baixa duração, de cor marfim.
Aroma: Malte, doce, toffee, álcool.
Paladar: Malte, doce destacado, picante, álcool, amargor final seguido de sensação doce.

Cerveja extrema. A sensação na boca é comparável com a de um destilado. O álcool dá uma pancada em cada gole. Quando mais gelada, a sensação alcoólica é menos evidente, mas à medida que esquenta ela vai ficando cada vez mais presente, a ponto de quase dominar o conjunto no final da taça. A presença de malte nesta cerveja é evidente com sua doçura destacada e me pergunto se não há açúcar na composição, até mesmo para conseguir o seu teor alcoólico. O aroma me agradou muito, delicioso. Na boca a potência  alcoólica prejudica o dinkability da cerveja, tornando ela difícil em alguns momentos. Realmente parece muito com outras Malt Liquors já que provei. Geralmente tenho essa sensação quando bebo Malt Liquors, mesmo assim acho que vou tentar guardar algumas para avaliar sua evolução com o tempo.

12 dezembro 2009

Eisenbahn Weihnachts Ale




Dando continuidade ao posts com cervejas natalinas, desta vez queria falar da cerveja comemorativa da cervejaria blumenauense Eisenbahn. Esta cervejaria é a micro brasileira que mais tem se destacado em concursos internacionais. Depois da aquisição da empresa pelo Grupo Schincariol em 2008 muitos entusiastas da boa cerveja e fãs das cervejaria ficaram preocupados com a qualidade das cervejas. Verdade seja dita, as cervejas continuaram sendo fabricadas, com uma rede de distribuição muito mais eficiente e abrangente e a qualidade não mudou , ou pelo menos eu não percebi mudanças.

Quanto ao novo setor de marketing da companhia, o Concurso Mestre-Cervejeiro, que premia a melhor receita de cervejeiros caseiros e também originou-se antes da aquisição, teve sua segunda edição em 2009. A terceira chegou a ser ameaçada, mas após protestos foi devidamente mantida para 2010. Mas a cerveja comemorativa de Natal, a Weihnachts Ale, não foi produzida neste final de ano. O motivo não sei dizer qual foi, mas como disse no último post, até mesmo a Baden Baden Christmas Beer, também do Grupo Schincariol, não foi lançada este ano!



Para quem não sabe, Weihnachts significa Natal em alemão. A escolha no idioma alemão se justifica pela origem das principais cervejas produzidas por eles e até mesmo o nome da cervejaria. Leia mais sobre a história da Eisenbahn clicando aqui.

A Eisenbahn Weihnachts Ale é atualmente classificada como uma Amber Ale no site da cervejaria, mas em outras épocas já foi classsificada como Belgian Dubbel nas garrafas. Ela é considerada por muitas pessoas como uma das melhores cervejas produzidas pela Eisenbahn. Alguns dizem ter notado diferenças na última edição, que foi lançada em 2008. Tive a oportunidade de de conseguir uma garrafa e vou dividir a minhas impressões com vocês. Espero que desta forma possamos matar um pouco das saudades que teremos pela falta dela este ano e que no próximo ano ela possa voltar com toda força às nossas mesas durante a ceia de Natal.



Eisenbahn Weihnachts Ale - Amber Ale (?), 6.3%ABV, garrafa 355ml.

Cor: Cobre, leve turbidez.
Espuma: Boa formação e duração, cor marfim, bolhas bem pequenas, boa consistência.
Aroma: Malte, adocicado, caramelo, condimentado, leve citrico, leve fenólico, lúpulo.
Paladar: Malte, doce, caramelo, condimentado, leve cítrico, leve fenólico, leve picante, bom amargor final, corpo médio.

Boa cerveja. Com certeza uma das melhores da linha Eisenbahn. Lembra bem algumas ales belgas com um condimentado e fenólico picante, além de um bom corpo. A questão da classificação poderia ser revisada pela companhia. Quem sabe voltem a produzí-la para que possamos definir melhor esta questão!

09 dezembro 2009

St Feuillien Cuvée de Noel




A tradição de fabricar cervejas especiais para a época do Natal é grande na Europa. Durante as festas é inverno no velho continente e por isso as cervejas fabricadas para o Natal são elaboradas para o clima frio. Elas têm maior graduação alcoólica, mais corpo e complexidade também. Várias cervejarias fabricam suas cervejas de Natal ou Christmas Beer. Na Bélgica, via de regra o que encontramos são versões elaboradas a a partir de outras cervejas que já fazem parte da produção da cervejaria e podemos encontrar semelhança entre a cerveja base e a versão especial de Natal. O que sempre chama minha atenção nas garrafas das cervejas de Natal belgas é o cuidado com os rótulos. Sempre são bem bonitos e trazem imagens que remetem às comemorações, como árvores de Natal, Papai Noel com seu trenó e a neve, obviamente.


Neve e uma árvore de Natal no belo rótulo da St Feuillien Cuvée de Noel.

Ao contrário do que acontece na Europa, no Brasil estamos em pleno verão durante o Natal, época de muito calor. Não existe grande tradição de fabricação de cervejas de Natal em nosso país. Duas delas são a Eisenbahn Weihnachts Ale, a qual não será produzida para 2009, e a Baden Baden Christmas Beer, que ainda não encontrei também este ano. As duas são cervejas mais leves do que encontramos normalmente nas versões européias, provavelmente devido a uma adaptação para o nosso clima.

Outra cerveja de Natal que já pudemos encontrar foi a Saint Nicholas. Esta infelizmente foi uma versão limitada, feita uma única vez pela Biertruppe. Pude degustar as duas versões da Saint Nicholas exatamente há um ano atrás para o Natal de 2008. Você pode ler o post publicado sobre as duas vesões clicando aqui.

Como estamos em dezembro e já bem perto do Natal, resolvi fazer alguns posts com algumas destas cervejas especiais. A primeira delas será a St Feuillien Cuvée de Noel. A história da cervejaria St Feuillien já foi publicada aqui no blog, junto com minhas impressões sobre outras três cervejas feitas por eles. Leia o post clicando aqui.



St Feuillien Cuvée de Noel - Belgian Dark Strong Ale, 9%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cobre escura/marrom, turva.
Espuma: Média formação e duração, cor bege, boa consistência, deixa marcas pelo copo.
Aroma: Malte, doce, frutado (ameixa, passas), caramelo, toffee, melaço, vinho do porto, fenólico, leve picante.
Paladar: Malte, doce, frutado (ameixa, passas), caramelo, toffee, melaço, vinho do porto, chocolate, fenólico, leve picante, leve álcool, amargor presente, sensação final alcoólica, picante e doce, ótimo corpo, licoroso.

Ótima cerveja. Ela é ao mesmo tempo muito complexa e extremamente harmoniosa. Malte, lúpulo, frutado, fenóico, picante, alcoólica, tudo está presente e perfeitamente balanceado. Como destaque coloco o frutado que lembra frutas escuras, melaço, vinho do porto e a sensação fenólica picante que aquece a garganta, deixando um longo final. Deliciosa!

23 dezembro 2008

Saint Nicholas - Filtrada e Não Filtrada.


A cerveja Saint Nicholas é uma cerveja feita nas depedências da cervejaria Bamberg, fruto da paixão pela cerveja de quatro amigos que formaram a Biertruppe: Leonardo Botto, Eduardo Passarelli, Alexandre Bazzo e André Clemente. O mesmo grupo já havia trabalhado para fazer a Tcheca, que pelo jeito não terá repetição. Não tive oportunidade de prová-la ainda. Uma pena, duplamente!

A intenção com a Saint Nicholas foi fazer uma cerveja comemorativa para este Natal. Normalmente o estilo escolhido para as cervejas natalinas é o Belgian Dark Strong Ale, que pessoalmente me agrada mais pela complexidade. Entretanto, este foi o estilo da famosa A Dama do Lago, vencedora do I Concurso Mestre Cervejeiro da Eisenbahn, cria do Leonardo Botto. Para tentar fazer algo ainda não fabricado no Brasil, foi escolhido o estilo Belgian Blond Ale, famoso estilo belga representado por cervejas como Leffe Blond, La Trappe Blond e Grimbergen Blond (todas disponíveis no Brasil). O nome da cerveja foi uma homenagem ao santo cuja imagem é associada com Papai Noel.

Foi utilizada uma combinação de cinco leveduras usadas nas receitas de algumas das melhores cervejas belgas: 2 da Westmalle, além de Rochefort, Duvel e Chimay. Segundo as palavras do Botto, "a intenção era de produzir uma cerveja com aroma e sabor ricos e uma perfumada combinação de ésteres (banana, laranja, abacaxi, entre outros), alcoóis e compostos fenólicos, cravo, principalmente, e algo sutil, condimentado, do lúpulo. O amargor e a sensação alcoólica deveriam ser de intensidade média, para contribuírem com o equilíbrio da cerveja. Inicialmente traria um certo dulçor advindo do malte, e terminaria seca com o álcool se mostrando no retrogosto, para ajudar no balanceamento da Saint Nicholas."

Tive a oportunidade de provar duas versões engarrafadas, uma filtrada e pasteurizada e outra não filtrada e pasteurizada. Agradeço ao amigo Alessandro Laroca de Curitiba que as touxe até Fortaleza e me deu o prazer de dividí-las comigo.



Saint Nicholas Filtrada - Belgian Blond Ale, Ale, 7% ABV, garrafa 355 ml.

Cor: Dourada, límpida.
Espuma: Média fomação, baixa duração, cor branca.
Aroma: Malte, doce, frutado, fermento, álcool.
Paladar: Malte, doce, frutado, fermento, álcool, picante, corpo médio.
Boa Blond. Levemente frutada e picante. Não é tão complexa, mas é muito boa. O próprio estilo não é caracterizado por alta complexidade.



Saint Nicholas Não Filtrada - Belgian Blond Ale, Ale, 7% ABV, garrafa 355 ml.

Cor: Ambar clara, turva.
Espuma: Baixa fomação, baixa duração, cor branca.
Aroma: Malte, doce, frutado, fermento, álcool.
Paladar: Malte, doce, frutado, fermento, álcool, picante, amargor final mais perceptível, bom corpo.

Boa cerveja. Também levemente frutada. Melhor corpo do que na filtrada. A presença do fermento agrega esta característica desejável. Mudou até a cor da cerveja.

Como disse antes, acho que um estilo mais complexo poderia ser escolhido. Quando vi que seria uma cerveja de natal imaginei algo complexo, que geralmente me agrada mais. Entetanto as Belgian Blond Ales não são cervejas tão complexas. Sei que a motivação para escolher este estilo não foi fazer uma cerveja menos complexa e sim de produzir algo ainda não fabricado no Brasil.

Meus parabéns pelo bom trabalho. Gostaria de poder estimulá-los a ousar cada vez mais. Como as produções são pequenas, voltadas para um público selecionado e a divulgação é feita somente em blogs e comunidades especializadas, não faltaria público para consumir algo mais complexo. O sucesso seria inevitável!

Aliás, estas cervejas são encontradas em poucos locais e pedidos podem ser feitos clicando aqui.
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