30 junho 2011

Liefmans Goudenband



A cervejaria Liefmans é a mais famosa na fabricação de Flanders Brown Ales (oud bruin), um estilo belga clássico típico da região do Flandres Oriental, no norte da Bélgica. O nome do estilo significa marrom velho em referência à cor da cerveja e ao longo processo de fabricação. As cervejas do estilo passam por um longo processo de fermentação e maturação em tanques abertos que pode durar até dois anos. Nesse momento elas desenvolvem um caráter levemente ácido devido a bactérias que contaminam a cerveja, como lactobacilos. Este caráter ácido não chega a ser forte e avinagrado como encontrado nas lambics mais tradicionais, como as Cantillon. Cervejas com diferentes tempos de envelhecimento são misturadas e passam por uma refermentação na garrafa e nova maturação por mais alguns meses.

As Flanders Brown Ales fermentam e maturam em tanques de aço inoxidável, diferentemente das Fladers Red Ales (Rodenbach) que maturam em barris de madeira. O fermento utilizado nas Liefmans veio originalmente da Rodenbach.

Cerveja rolhada e embalada com papel.

A história da cervejaria começou em 1679 na cidade de Oudenaarde. Nas décadas de 70 e 80 ocorreu uma maior popularização da Liefmans, mas em 1991 ela foi adquirida pela cervejaria Riva, de Detergem. Nessa época, o mosto lupulado era fabricado em Detergem e transportado de caminhão para Oudenaarde. Em 2007, a cervejaria Riva entrou em falência. Em 2008, o grupo Duvel Moortgat adquiriu os direitos de fabricação. Hoje a mosto lupulado é feito pela Duvel e da mesma forma transportado até Oudenaarde para o restante do processo de fabricação.

As mais conhecidas cervejas da Liefmans são a Oud Bruin, a Goudenband (que passa pelo maior período de maturação, 2 anos) e a Cuvée-Brut (antigamente chamada somente de Kriekbier - cerveja com adição de cerejas maceradas, maturada por um ano e depois misturada com Oud Bruin e Goudenband). Hoje foi adicionado ao portifólio a Fruitesse (cerveja maturada com cerejas por 18 meses e misturada com suco natural de frutas vermelhas. Antes também existiam outras cervejas, entre elas as mais interessantes eram a Frambozenbier (semelhante à Cuvée-Brut/ Kriekbier só que com adição de framboesas) e a Glühkriek. Inspirada nas receitas de glühwein, um vinho temperado com cravo e canela, esta cerveja tem como base uma Kriekbier e recebe os mesmos temperos, além de anis. A cervejaria recomendava que fosse servida aquecida por banho-maria. Aparentemente não está mais sendo fabricada mas já a vi sendo vendida aqui no Brasil em 2009. Hoje podemos encontrar no Brasil as versões Goudenband, Cuvée-Brut e Fruitesse.


Liefmans Goudenband - Fladers Brown Ale, 8% ABV, garrafa 375ml.

Cor: Marrom, leve turbidez.
Espuma: Média formação e baixa duração, cor bege, bolhas bem pequenas, se desfaz totalmente depois de alguns minutos.
Aroma: Avinagrado, malte, caramelo, adocicado, frutado (frutas vermelhas), madeira bem presente.
Paladar: Avinagrado, acidez, caramelo, frutado (frutas vermelhas, cerejas), madeira, leve álcool, final moderadamente azedo, baixa carbonatação, corpo médio, seca.

Ótima cerveja. Se pensarmos em uma Lambic pela presença de acidez, a Goudenband pode até mesmo ter alguma semelhança mas a diferença está na intensidade da acidez. Talvez possa ser comparada às Lambics menos tradicionais e adocicadas. Ela apresenta notas adocicadas tanto no aroma quanto no sabor mas a acidez que lembra vinagre é mais presente no conjunto que consegue ser bem equilibrado, sem incomodar. Notas de madeira são bem presentes e ajudam a dar maior complexidade ainda à cerveja. No final ela é seca.


Imagem da garrafa sem a embalagem de papel.

28 junho 2011

Antares Witbier e Doppelbock - Seleciones del Brew Master



A cervejaria Antares foi assunto em post recente no blog. Na oportunidade falamos sobre as cervejas regulares da maior micro cervejaria argentina. Além das cervejas regulares, a Antares fabrica ainda uma série que eles chamam de Seleciones del Brew Master, ou seleção do mestre cervejeiro. Nessa série são fabricados estilos diferentes dos regulares e de forma limitada, de forma que sempre uma cerveja diferente está disponível. Já estiveram disponíveis nessa série Pale Ale, India Pale Ale, Tripel, Pilsen, German Pilsner, Weissbier, entre outras.

Quando estive em Buenos Aires no final de 2009 e início de 2010 eu consegui comprar as duas cervejas da série que estavam disponíveis no mercado: a Witbier e a Doppelbock. Destaque para os belíssimos rótulos das duas. Apesar de somente estar postando agora, elas foram degustadas ainda novas no início do ano passado. Divido com vocês a minha experiência.


Antares Witbier - Witbier, Ale, 5% ABV, garrafa 660ml.

Cor: Amarela pálida, turva.
Espuma: Boa formação e duração, cor branca, bolhas em pequenas, boa consistência.
Aroma: Malte, cítrico, frutado, baunilha, sementes de coentro, condimentado.
Paladar: Malte, cítrico, frutado (limão, laranja), baunilha, sementes de coentro, amargor quase inexistente, sensação final cítrica e condimentada, corpo leve, refrescante.

Boa witbier, Muito fiel ao estilo com ótima refrescância, um aroma muito bom e perfumado, com notas frutadas, cítricas de baunilha e sementes de coentro. O corpo é leve e o conjunto é muito equilibrado. Interessante ver no rótulo que usaram aveia na receita. A aveia pode ser utilizada em pequenas quantidades para melhorar o corpo e a textura da cerveja.




Antares Doppelbock - Doppelbock, Lager, 7.7% ABV, garrafa 660ml.

Cor: Cobre, límpida.
Espuma: Média/baixa formação, baixa duração, cor marfim.
Aroma: Malte, adocicado, caramelo, toffee, leve frutado, cítrico, lúpulo, leve picante.
Paladar: Malte, doce, caramelo, lúpulo, leve cítrico, picante, leve álcool, amargor final, corpo médio.

Boa cerveja. Diferente de outras doppelbocks que já provei. Nessa, apesar de termos a boa presença dos maltes, o lúpulo está bem presente no aroma e no sabor com toques cítricos e frutados. Essa caraterística pode ser devido ao uso do lúpulo cascade argentino. Também notei essa particularidade ao provar a Barley Wine da Antares, que faz parte da linha normal da cervejaria.


13 junho 2011

Revelada a nova cerveja Trapista Mont des Cats


Foto: Danny Tricht, trappistbier.wordpress.com.

Na semana passada, dia 9 de junho, os monges da Abadia de Ste Marie Mont des Cates convocaram a imprensa especializada para uma entrevista coletiva. O objetivo era apresentar a nova cerveja que, apesar de ter o nome da Abadia Trapista localizada na França, ainda não tem o selo de produto Trapista autêntico. A cerveja apresentada é de cor âmbar, tem 7.6% ABV e teve a primeira leva produzida na Abadia de Scourmont, a mesma responsável pelas cervejas Chimay. Para ter o selo de produto Trapista autêntico, a cerveja deve ser produzida dentro do próprio mosteiro. Ao que parece ainda não existem planos de instalar uma cervejaria em Mont des Cates mas a cerveja é descrita no rótulo como sendo trapista.

Mais detalhes, incluindo uma entrevista com os monges e mais fotos da cerveja, no ótimo blog trappistbier.wordpress.com.

10 junho 2011

Beer Gloss Heineken



Para este dia dos namorados a Heineken está preparando uma surpresa para os amantes da marca. O Beer Gloss está sendo lançado no Brasil para marcar a comemoração. O produto é um brilho labial que deixa a sensação refrescante nos lábios de quem usa, ou beija também, semelhante à sensação de beber uma cerveja gelada.


A ação está sendo promovidas em bares e restaurantes que vendem a cerveja Heineken e a forma de ganhar o Beer Gloss é diferente em cada lugar. Basta que o consumidor interessado se informe nos locais participantes. A lista desses locais foi divulgada na fã page da Heineken no Facebook, www.facebook.com/Heineken. Além de ganhar o brilho labial, acontecerá ainda uma premiação das fotos mais criativas retratando o clima do dia dos namorados. Três vencedores ganharão chopeiras Beertender, própria para os barris de 5 litros da Heineken, e um ganhará um kit exclusivo.


Esta promoção ocorre em 14 cidades do Brasil e vale durante este final de semana até o fim dos estoques. As cidades participantes são Balneário Camboriú, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Londrina, Marília, Porto Alegre, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Santa Maria e São Paulo. Aqui em Fortaleza eu já consegui ter acesso ao beer gloss no Boomerang Pub (@Boomerangpubfor). Não perca tempo e participe.

08 junho 2011

Antares




Antares é a estrela mais brilhante da constelação de escorpião e durante séculos guiou o destino dos marinheiros. Os amigos Marina, Leo e Pablo escolheram este nome para a que é hoje a maior cervejaria artesanal da Argentina. A história da Antares começa no início da década de 90, quando Marina e Leo foram morar nos Estados Unidos e lá aprenderam a arte de fazer cerveja em casa com o californiano Tim Patterson. Pablo, que era colega de graduação dos outros dois, sem saber o que estava acontecendo, aprendia com livros sobre formas de construir equipamentos para fazer cerveja.

Os três se reencontraram em Mar del Plata e no final da década de 90 resolveram abrir o primeiro Antares Brewpub. Hoje existem mais de 10 Brewpubs da Antares por toda a Argentina. Eles produzem variados estilos de cervejas. Além de serví-las "tiradas" (o mesmo que nosso chope ou o "on tap" dos americanos), eles também vendem suas cervejas engarrafadas.

Eu já devia este post desde o início de 2010, quando voltei de uma visita à Buenos Aires trazendo algumas cervejas artesanais argentinas na mala comigo. 


Antares Scotch Ale - Scotch Ale, 6% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cobre, límpida.
Espuma: Boa formação e duração, cor bege clara, boa consistência, deixa marcas no copo.
Aroma: Malte, leve lúpulo (cítrico), frutado, caramelo, leve amadeirado, leve torrefação.
Paladar: Malte, adocicado, caramelo, frutado, leve toffee, leve lúpulo, leve amadeirado, amargor médio, final adocicado predominante, bom corpo.

Boa cerveja. As Scotch Ales têm como característica principal a predominância dos maltes. Isso ocorre porque os escoceses sempre sofreram com escassez de lúpulo, fazendo com que esse ingrediente sempre ficasse em segundo plano nas cervejas tradicionais desse país. Na Scotch Ale da Antares eles usam uma variedade de lúpulo que cresce na Argentina, um cascade que se adaptou bem na região sul do país. Aliás quase toda microcervejaria argentina utiliza este cascade, que apesar de não ter a intensidade do cascade americano, apresenta as mesmas características cítricas. Esta característica cítrica aparece no aroma dessa cerveja, o que não seria o correto para o estilo, mas também não compromete a qualidade da cerveja. Ela é predominantemente doce mas tem sempre o lúpulo com um amargor médio/baixo que equilibra o conjunto.


Antares Porter - Porter, Ale, 5.5% ABV, garrafa 660ml.

Cor: Marrom bem escura, reflexos vermelho rubi, límpida.
Espuma: Média formação e duração, cor bege, boa consistência, deixa muitas marcas no copo.
Aroma: Malte, torrefação, leve café, leve chocolate, leve lúpulo.
Paladar: Malte, torrefação, café, chocolate, lúpulo, leve acidez, bom amargor final de média intensidade e boa duração, corpo médio.

Boa cerveja. Bons toques de torrefação, café e chocolate vindos dos maltes e um bom amargor do lúpulo. O sabor é mais intenso que o aroma.


Antares Barley Wine - Barley Wine, Ale, 10% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cobre, límpida.
Espuma: Média formação e duração, cor marfim.
Aroma: Malte, caramelo, doce, frutado (frutas cristalizadas), lúpulo (cítrico), leve álcool, picante.
Paladar: Malte, caramelo. doce, frutado (frutas cristalizadas), lúpulo (cítrico), leve álcool, picante, amargor final de boa intensidade e duração, bom corpo.

Boa cerveja. Claramente uma American Barley Wine devido ao aroma de lúpulo cítrico, nesse caso o cascade argentino, mas também pelo amargor mais intenso do que encontramos nas versões inglesas. Já provei a Antares Barley Wine outras vezes e sempre gostei dela. Esta aqui estava em guarda, com mais de 6 meses passados do prazo de validade. Fiquei surpreso como o aroma de lúpulo e o amargor ainda estavam bem preservados.


Antares Imperial Stout - Imperial Stout, Ale, 8.5% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Preta, opaca.
Espuma: Boa formação e duração, cor bege escura, deixa muitas marcas no copo.
Aroma: Malte, torrefação, café, chocolate, leve defumado, leve lúpulo.
Paladar: Malte, torrefação, café, chocolate, leve defumado, acidez, amargor final bem presente, de boa duração e acompanhado de torrefação, corpo médio, seca.

Ótima cerveja. Muito bem feita com um alto padrão de qualidade. O álcool é totalmente imperceptível, muito bem inserido. Podemos sentir intensas notas de torrefação, chocolate, café e até algo defumado. O lúpulo se faz notar levemente no aroma, mas traz um bom amargor ao final de cada gole.


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