30 agosto 2009

Evento de degustação de cervejas Grupo Schincariol e Pão de Açúcar em Fortaleza


Neste último Sábado, dia 29 de agosto, tivemos uma grande surpresa ao ser brindados com um evento de degustação de cervejas aqui em Fortaleza. O evento foi fruto da parceria entre a distribuidora regional do Grupo Schincariol e a loja Pão de Açúcar Náutico. Fui convidado para comparecer ao evento através da Cristina, gerente da loja Pão de Açúcar, que sempre tem que ouvir as minhas sugestões para as gôndolas de cervejas especiais mas sempre me atende muito bem.

O evento foi muito bom. Começou com uma palestra do Júlio César, gerente regional da Schincariol, sobre a linha de cervejas especiais do grupo: Baden Baden, Eisenbahn e Devassa. Pudemos degustar algumas cervejas das marcas e confraternizar com outras pessoas interessadas em conhecer produtos diferenciados. Foi muito bom ver que apesar de ainda pouco difundida por aqui, a cultura de consumo de cervejas especiais tem público e muita capacidade de crescer ainda em nossa cidade. A maioria das pessoas presentes ainda não conhecia as cervejas e ficou surpresa com a qualidade dos produtos. Algumas já levaram garrafas das preferidas do dia para repetir a experiência em casa. Novas pessoas foram iniciadas no mundo da cerveja especial.


Como resultado deste encontro, posso dizer que existe uma possibilidade de formar uma confraria de degustação de cerveja especial em Fortaleza. Esta seria uma bela oportunidade de fortalecer a cultura da boa cerveja por aqui. A promessa do pessoal que organizou o evento é de repetir a dose em outras lojas do Pão de Açúcar na cidade. Vou divulgar aqui no blog quando souber de mais detalhes para prestigiar os amantes da boa bebida.

28 agosto 2009

Visite Scourmont e acompanhe a fabricação da Chimay

Em um dos últimos posts acompanhamos a história e o perfil de sabor das cervejas trapistas Chimay, fabricadas dentro do monastério de Scourmont na Bélgica. A história das cervejas trapistas é muito bonita. Elas são fabricadas dentro dos mosteiros sob a supervisão de monges da Ordem Trapista que seguem a regra beneditina, cujos preceitos são de obediência, silêncio, pobreza e humildade, dividindo o tempo de vida monástica entre o trabalho, o estudo e a meditação.

Todo o dinheiro arrecadado através da venda dos produtos é convertido para o sustento dos monastérios e para custear obras de caridade. Existe muita curiosidade sobre a fabricação dessas cervejas e o trabalho dos monges. Encontrei um vídeo que pode nos ajudar a conhecer um pouco mais sobre a vida dos monge e a fabricação dessas deliciosas cervejas.


26 agosto 2009

Waterloo

As cervejas Waterloo apesar de serem propriedade da Belgian Beer Tradition, são fabricadas na Brasserie Du Bocq. O nome da cerveja é uma homenagem à Batalha de Waterloo, que fica na Bélgica, ocorrida em 1815. Durante 100 dias as tropas de Napoleão Bonaparte enfrentaram tropas aliadas de vários países europeus que queriam reinstaurar as monarquias e os territórios que existiam antes do surto de grandeza do famoso baixinho francês. Com a derrota das tropas francesas Napoleão foi preso e enviado para o exílio na ilha de Santa Helena, onde faleceu em 1821.

Segundo o web site da Belgian Beer Tradition, as origens da cerveja remetem ao ano de 1815, o início da batalha, mas não descreve de que forma isso ocorreu. Nos rótulos é possível ver uma ilustração da batalha com soldados erguendo suas espadas.


Waterloo Tripel Blond - Belgian Tripel, Ale, 7.5%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar, turva, presença de muitos sedimentos.
Espuma: Alta formação, média duração, cor branca, bem consistente, deixa marcas pelo copo.
Aroma: Malte, doce, rapadura, cítrico.
Paladar: Malte, doce, frutado, fermento, leve cítrico, fenólico, picante, álcool, amargor final, bom corpo.

Boa cerveja. Muito peculiar. No aroma não é tão complexa mas muito interessante. O que predomina é a sensação doce que lembra até mesmo rapadura e um leve cítrico. Já no paladar aparecem fermento, picante e o álcool para se somar a um ótimo corpo com um leve amargor final. A espuma é belíssima, de alta formação, bem consistente e deixa muitas marcas pelo copo.


Waterloo Double Dark - Belgian Strong Darke Ale, Ale, 8.5%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cobre escura/marrom, reflexos vermelho rubi.
Espuma: Alta formação, média duração, cor bege escura, cosistência média, deixa muitas marcas pelo copo.
Aroma: Malte, doce, fermento, torrado, frutado (ameixa), caramelo, toffee, chocolate, picante.
Paladar: Mlate, doce, fermento, torrado, frutado (ameixa), caramelo, toffee, chocolate, picante, álcool, amargor, final picante e amargo, bom corpo.

Boa cerveja. O conjunto é bem agradável e possui uma boa complexidade. Bem frutada com boa presença de aspectos ligados aos maltes escuros que lembram caramelo, toffee e a torrefação. O corpo possui uma boa densidade e o álcool contribui para tornar o conjunto mais interessante.

20 agosto 2009

St Feuillien


A Brasserie St Feuillien é comandada pela família Friart, que possui tradição em fabricar cervejas desde 1873 na cidade belga de Le Roeulx. O nome da cerveja foi inspirado em um monge irlandês de nome Feuillien, que emigrou para o continente para pregar o evagelho durante o século VII. Em 1665, enquanto viajava pela região onde hoje fica a cidade de Le Roeulx, Feuillien foi martirizado e decapitado. No local do martírio, os discípulos de Feuillien construíram uma capela. Em 1125 a capela se tornou a Abadia de Prémontrés, que tempos depois se tornou a Abadia de St Feuillien du Roeulx. Nas garrafas da St Feuillien podemos ver a inscrição de ANNO 1125 devido à data de criação da Abadia. Durante séculos os monges conservaram a tradição da fabricação de cervejas até que tempos difíceis forçaram o seu fechamento depois da revolução francesa.

A Família Friart conservou esta tradição de fabricar cervejas e já faz este trabalho a quatro gerações. A Brasserie St Feuillien iniciou como Brasserie Friart e somente assumiu o nome atual no ano 2000. A Brasserie Friart fechou suas portas entre 1980 e 1988 e durante este tempo as cervejas (St Feuillien Dark e Blond na época, ambas com 6.5% ABV) foram produzidas pela Brasserie Du Bocq. Hoje a cervejaria produz uma boa variedade de cervejas entre elas as St Feuillien Blond, Bruin, Tripel, Cuvée de Nöel e Bière de Pâques (Páscoa), além das cervejas Grisette .

Tive o grande prazer de conseguir alguns exemplares das St Feuillien e divido minha experiências com vocês.


St Feuillien Blond (Blonde) - Belgian Blond Ale, Ale, 7.5%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar clara, turva.
Espuma: Boa formação, média/baixa duração, cor branca, boa consistência, deixa marcas pelo copo.
Aroma: Malte, adocicado, sementes de coentro, cítrico, frutado (laranja, banana, maçã), fermento, lúpulo.
Paladar: Malte, adocicado, cítrico, frutado (laranja), fenólico, leve picante, leve amargor final, alta carbonatação, corpo médio.

Ótima Blond. Esta é uma das melhores blods que já provei. Lembra um pouco cervejas do estilo Tripel. O aroma já mostra que tem algo muito especial dentro da garrafinha. Muito aromática, com especial destaque para o adocicado (lembra até açúcar puro), o cítrico, frutado e o toque de sementes de coentro. Delícia! O sabor segue o padrão do aroma com o acréscimo do fenólico picante em um bom corpo para o estilo. Pretendo conseguir mais algumas dela.


St Feuillien Bruin (Brune) - Belgian Dubbel, Ale, 7.5%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cor cobre escura/marrom, levemente turva.
Espuma: Boa formação, média/baixa duração, cor bege, boa consistência.
Aroma: Malte, doce, frutado (ameixa, passas), toffee, chocolate, vinho do porto, fenólico, picante, leve álcool.
Paladar: Malte, doce, frutado (ameixa, passas), toffee, chocolate, fenólico, picante, álcool, amargor final, ótimo corpo, textura licorosa.

Ótima cerveja. Aroma bem maltado agradabilíssimo, trazendo notas de frutas escuras e chocolate bem evidente acompanhado de fenólico. No sabor tudo se repete com um picante mais evidente junto do amargor final e da sensação alcoólica que aquece o corpo. Adorei e repetiria muitas outras vezes com certeza.


St Feuillien Tripel (Triple) - Belgian Tripel, Ale, 8.5%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar, levemente turva.
Espuma: Boa formação, média duração, cor branca, bem consistente, deixa muitas marcas pelo copo.
Aroma: Malte, adocicado, cítrico, frutado (laranja), sementes de coentro, condimentado, fenólico.
Paladar: Malte, doce, cítrico, ótimo frutado (laranja), fenólico, picante, leve álcool, amargor final de boa intensidade e ótima duração, corpo médio, alta carbonatação.

Boa Tripel. Bem fenólica e picante com o álcool se fazendo presente na boca. No aroma é possível sentir os maltes, com leve presença de sementes de coentro e um frutado que lembra laranja típico em Tripels. Cerveja fácil e não tão extrema quanto outras Tripels que já provei.

12 agosto 2009

Chimay

A Chimay é mais uma cerveja trapista que tenho o prazer de descrever aqui no blog. Ela é fabricada desde 1862 por monges da ordem trapista da abadia de Scourmont, na cidade belga de Chimay. Os monges da abadia de Scourmont pertecem à Ordem dos Cistercienses de Estrita Observância, mais conhecidos como trapistas. O nome Cisterciense foi baseado no monastério de Citeaux, fundado na Borgonha no século 12. Os monastérios Cistercienses são divididos em duas grandes ordens, sendo uma delas ligada à Abadia de La Trappe na Normandia, a origem do nome trapista. São sete abadias da ordem trapista que produzem cervejas e somente elas podem usar a denominação em seus produtos. São seis na Bélgica (Achel, Chimay, Orval, Rochefort, Westmalle e Westvleteren) e uma na Holanda (La Trappe).

Abadia de Scourmont
Foto: Danny Van Tricht.

A história da Abadia de Scourmont se inicia em 1844 com o pedido do padre Jean Batiste Jourdain para fundar um claustro em Chimay. Em 1850, com a doação das terras pelo príncipe de Chimay, Joseph II, além de inúmeras tentativas, ele conseguiu que 17 monges de St Sixtus fossem deslocados para a fundação do claustro. O início foi duro, pois as terras não eram produtivas e as primeiras plantações não deram bons resultados.


A primeira cerveja foi produzida em 1862 e era uma Bock, chamada de biére forte. Esta cerveja era envasada em garrafas de 750ml e vendida para o público em geral. Esta foi a precursora da atual Chimay Red (Rouge). Em 1871 o claustro tornou-se abadia. A cervejaria foi destruída pelos alemães durante a I Guerra Mundial (1914), foi reconstruída em 1919 e novamente destruída durante a II Guerra Mundial (1942). Em 1948 a cervejaria foi reconstruída e Pére Theodore descobriu a cepa de fermento que seria usada para fabricar as novas cervejas em Chimay: a Dorée, para consumo próprio dentro da abadia, uma cerveja para a Páscoa, que depois passou a ser chamada de Chimay Red (Rouge), e uma cerveja de Natal, que depois passou a ser chamada de Chimay Blue (Bleue). A Chimay White (Tripel) foi produzida pela primeira vez em 1966.

Hoje, a cervejaria em Chimay talvez seja a mais produtiva entre as trapistas com uma produção anual de 123.000 hectolitros. A cervejaria foi toda modernizada mas ainda permanece dentro dos limites da abadia. A planta de engarrafamento fica em Baileux, fora da abadia de Scourmont, e tem a capacidade de envasar 40.000 garrafas de 330ml em uma hora. Além das garrafas tradicionais belgas de 330ml, as cervejas são também envasadas em garrafas de 750ml. Nesta embalagem as cerveja recebem outros nomes. A Chimay Red em 750ml vira Chimay Première, a Blue vira Chimay Grand Réserve e a White vira Chimay Cinq Cents. A Chimay Dorée é uma ale com 4,8% ABV e leva ingredientes similares aos da Chimay Red, sendo mais clara na cor e menos condimentada no sabor.


Chimay Red - Belgian Dubbel, Ale, 7%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cobre escura/marrom, turva.
Espuma: Média formação e duração, cor bege, boa consistência, deixa marcas pelo copo.
Aroma: Malte, doce, frutado (ameixa, passas), caramelo, toffee, fermento, leve fenólico, madeira.
Paladar: Malte, doce, frutado, caramelo, toffee, fermento, leve picante, madeira, leve amargor, corpo médio.

Ótima cerveja. Não é extrema em nada, muito pelo contrário. Extremamente equilibrada e redonda. Essa sim desce redondo! Malte predominante com aromas e sabores lembrando carameo e toffee com leve frutado. Fermento também presente com leve fenólico no aroma e picante no sabor. Amargor pouco presente.


Chimay Blue - Belgian Dark Strong Ale, Ale, 9%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Marrom, turva.
Espuma: Boa formação e média duração, cor bege.
Aroma: Malte, doce, fermento, torrado, caramelo, toffee, frutado (ameixa, passas), leve vonho do porto, fenólico, picante.
Paladar: Malte, doce, torrado, frutado (ameixa, passas), caramelo, toffee, vinho do porto, álcool, fenólico, picante, amargor final de intensidade moderada, ótimo corpo, textura aveludada.

Ótima cerveja. A complexidade é o que mais se destaca nesta cerveja e apesar da enorme gama de aromas e sabores todos estão em perfeita harmonia. O conjunto é delicisoso e agradabilíssimo. Definitivamente a temperatura de serviço faz toda a diferença na cerveja, revelando tudo o que ela tem para oferecer. Recomendo degustar sempre acima dos 12ºC. Esta é a minha Chimay preferida, mas sempre tendo a gostar mais daquelas com maior complexidade.


Chimay Tripel - Belgian Tripel, Ale, 8%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar, turva.
Espuma: Boa formação e duração, cor bege clara, boa consistência, deixando marcas pelo copo.
Aroma: Malte, doce, frutado, cítrico, picante, fenólico, fermento.
Paladar: Malte, doce, frutado, cítrico, picante, fenólico, álcool, bom amargor final, seca, bom corpo..

Ótima cerveja. Equilibrada com ótima presença de maltes, leve frutado e fenólico com sabor bem picante, seco e um bom toque do inconfundível fermento belga.

09 agosto 2009

Backer Medieval

A Backer é uma cervejaria mineira da cidade de Belo Horizonte. A cervejaria surgiu no ano de 1998 através da fabricação de chopes, mas as primeiras cervejas engarrafadas surgiram somente em 2005. A Backer produz as cervejas Pilsen, Pale Ale, Trigo e Brown, esta última com aroma artificial de chocolate. São cervejas relativamente fáceis de encontrar, pricipalmente nos estados das regiões Sul e Sudeste.

Neste ano de 2009 a cervejaria lançou um produto cheio de sofisticação, a Backer Medieval. O visual da cerveja Medieval ficou bem interessante. A garrafa âmbar é baixinha e gordinha, lembrando as garrafas típicas belgas, e o vidro ainda é jateado, o que deixa a apresentação ainda mais bonita. O rótulo parece papel antigo, tem vários símbolos planetários utilizados na astrologia e as letras remetem a algo realmente medieval. O maior destaque na apresentação talvez seja o lacre de cera vermelha na tampa. O objetivo deste lacre é criar um ritual para a abertura de uma garrafa da Backer Medieval derretendo o lacre com a chama de uma vela.

Lacre de cera vermelha na tampa.

Ritual de abertura da Medieval com a chama de uma vela.

Símbolo revelado na tampa depois do derretimento da cera.
São cinco tampas diferentes para colecionar.

Consulte o quadro acima para saber o que o símbolo da sua tampinha significa.

Fiz questão de seguir o ritual proposto pela cervejaria e o conteúdo da garrafa não decepcionou. Esta aqui é sem dúvida alguma a minha Backer preferida. O líquido é digno da garrafa que tem e a receita é de autoria do mestre cervejeiro Paulo Schiaveto, responsável por outras boas cervejas feitas no Brasil.


Backer Medieval - Belgian Blond Ale, Ale, 6.7%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar escura, límpida.
Espuma: Boa formação e média/baixa duração, de cor amarela clara, com boa consistência.
Aroma: Malte, adocicado, frutado (banana), fenólico, picante, condimentado, leve álcool, lúpulo.
Paladar: Malte, adocicado, leve frutado (banana), fenólico, picante, leve álcool, leve amargor final com alguma duração, corpo médio, carbonatação média, sensação final picante e amarga.

Boa cerveja. A começar pelo conjunto garrafa, rótulo e ritual de serviço ela já se destaca. Felizmente não decepciona pelo líquido. Uma boa Belgian Blond Ale digna das melhores que temos disponíveis no Brasil. Cerveja leve e com um ótimo drinkability mas com um toque de qualidade em todos os detalhes.


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