28 abril 2010

Corsendonk



Corsendonk é o nome de uma linha de cervejas de Abadia fabricadas na Bélgica. O nome Corsendonk veio do Priorado de Corsendonk, localizado na cidade de Oud-Turnhout, na provícia da Antuérpia, no norte da Bélgica.

O Priorado foi fundado no ano de 1398, teve suas atividades encerradas em 1784, mas foi conhecido por ter uma maltaria e uma cervejaria. Em 1789, durante a Revolução Francesa, as propriedades do Priorado de Corsendonk foram confiscadas e colocadas à leilão.

Somente durante o século XIX a atividade de fabricação de cerveja foi retomada por Florentinus Keersmaekers com a cerveja chamada Pater. Em 1790 o Priorado foi restaurado e transformado em um centro de conferências e seminários. Em 1982 a marca Corsendonk foi revitalizada e a produção da cerveja foi terceirizada para a cervejaria Du Bocq.

Hoje podemos encontrar duas variedades da cerveja Corsendonk no Brasil: a Agnus Tripel e a Pater Dubbel. Aliás os nomes Agnus e Pater têm conotação religiosa e signifiam cordeiro e pai em latim. A logomarca da Corsendonk também possui grande conotação religiosa e reproduz um  tipo de vitral, típico de igrejas católicas. As garrafas são bonitas e possuem o rótulo serigrafado com somente uma gravatinha diferenciando as duas versões.


Corsendonk Agnus Tripel - Belgian Tripel, Ale, 7.5%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Dourada intensa, levemente turva.
Espuma: Alta formação e média duração, cor branca, bem consistente, bolhas bem pequenas, deixa muitas marcas no copo.
Aroma: Malte, doce, frutado (laranja), cítrico, picante, lúpulo, condimentado, leve álcool.
Paladar: Malte, leve adocidado, frutado (laranja), cítrico, picante, condimentado, leca álcool, amargor final, bom  corpo, alta carbonatação.

Boa cerveja. Não é a melhor Tripel que já provei, mas todos os aspectos que devem ser esperados estão lá: fruatada, cítrica, picante, condimentada e alcoólica. Destaque para a aparência com uma espuma bem consistente, belíssima, e um "belgian lace" destacado na taça.


Corsendonk Pater Dubbel - Belgian Dubbel, Ale, 7.5%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Marrom escura, límpida.
Espuma: Boa formação, média duração, cor bege.
Aroma: Malte, leve adocicado, torrefação, frutado (ameixa, passas), fenólico, picante.
Paladar: Mlate, doce, torrefação, frutado (ameixa, passas), fenólico, leve álcool, leve amargor, sensação final picante, carbonatação elevada.

Boa cerveja. Destaque para a torrefação junto com a sensação fenólica, picante e alcoólica.

25 abril 2010

Fuller's India Pale Ale



Para quem procura uma boa cerveja inglesa hoje no Brasil, sem dúvida alguma as melhores opções estão nas produções da Fuller's. O histórico da cervejaria Fuller's já foi postado aqui em outro momento, assim como meus comentários sobre várias cervejas produzidas por eles e disponíveis em nosso país: London Pride, Golden Pride, London Porter, ESB, 1845 e Honey Dew. Até hoje não me decepcionei com nenhuma dessas cervejas, a não ser pela Honey Dew que é uma produção mais leve e sem grandes destaques, propositadamente lançada pela cervejaria para competir com o crescente interesse do consumidor britânico por cervejas Lagers.

Hoje coloco aqui minhas impressões sobre a India Pale Ale, a qual estava devendo aos leitores. Muitos já sabem dessa história, mas como recebemos também leitores iniciantes na cultura da boa cerveja acredito que seja válido reforçar que a India Pale Ale é um estilo de cerveja típico da Inglaterra. O surgimento desse estilo é atribuído a necessidade de transportar cervejas em navios durante o século XVIII, época que a Índia era uma colônia inglesa. Segundo relatos, existia a necessidade de fabricar uma cerveja que pudesse ser transportada nas longas  viagens de 4 meses entre a Inglaterra e a Índia sem que chegasse estragada. Cervejas com maior teor alcoólico e maior presença de lúpulo conseguiam se manter mais estáveis durante as viagens, já que tanto o álcool como o lúpulo possuem propriedades conservantes. A India Pale Ale foi portanto uma adaptação das tradicionais English Pale Ales (ales pálidas) que, devido ao maior  teor alcoólico e à maior proporção de lúpulo, adquiriram mais corpo e amargor. Para os que estão mais adiantados no tema, eu recomendo a leitura do site criado pela cervejaria Meantime sobre a origem das IPA e do artigo no blog Zithophile acerca de uma polêmica sobre o criador do estilo, George Hodgson. No mesmo blog Zithophile ainda podemos ler outro artigo onde o autor tenta embasar tudo que afirma.


Fuller's India Pale Ale - India Pale Ale, 5.3%ABV, garrafa 500ml.

Cor: Âmbar, límpida.
Espuma: Média formação e duração, cor marfim, boa consistência, deixa marcas pelo copo.
Aroma: Lúpulo, malte, adocicado, caramelo, picante, cítrico, frutado (laranja).
Paladar: Malte, doce, caramelo, lúpulo, picante, cítrico, frutado (laranja). bom amargor final, de boa intensidade e duração, corpo médio, boa textura, carbonatação média.

Ótima cerveja. Muito malte e muito lúpulo no conjunto bem balanceado e equilibrado. Tem como destaque um amargor intenso e duradouro ao final de cada gole. O lúpulo aparece com toques picantes, típicos de variedades inglesas, e cítricos/ frutados, lembrando laranjas.

13 abril 2010

Samuel Smith


A cervejaria Samuel Smith fica na cidade de Tadcaster, no condado de North Yorkshire, no Norte da Inglaterra. A cervejaria foi fundada em 1847 mas funciona até hoje no que é considerada a mais antiga cervejaria em Yorkshire. A cervejaria continua independente, ou seja, não foi comprada por nenhum grande grupo cervejeiro, a tendência atual do mundo globalizado.

Também é muito antigo o método de fermentação utilizado na cervejaria. Há 200 anos o Yorkshire Square já era muito utilizado e consistia em tanques quadrados de pedra, com 2 metros de profundidade e abertos onde a cerveja era fermentada. Como as cervejas produzidas no Reino Unido são tradicionalmente de fermentação alta (top fermentation, em inglês, quer dizer fermentação no topo e não alta), ocorre um acúmulo de levedura que parece uma camada de espuma no topo do tanque. Durante o início do processo esta camada de levedura é forçada a se misturar novamente com o líquido, o que torna o trabalho da levedura mais lento, preservando o corpo da cerveja e melhorando a absorção de gás carbônico. Hoje os tanques são  de aço inox pela facilidade de limpeza, mas o método ainda é preservado e é tido como responsável pela cremosidade da cerveja e da espuma. Pouquíssimas cervejarias ainda utilizam o método no Reino Unido. Outra delas é a Black Sheep, também de Yorkshire.

A Samuel Smith produz uma grande variedade de cervejas de ótima qualidade. Infelizmente elas ainda não chegaram no Brasil, mas podem ser encontradas com certa facilidade em nosso vizinho, a Argentina. Quem for passar alguns dias em Buenos Aires não pode deixar de procurar por essas cervejas.

Trouxe comigo em minha mala três versões desta cervejaria inglesa. Divido aqui com vocês a  minha experiência.


Samuel Smith's Old Brewery Pale Ale - English Pale Ale, 5%ABV, garrafa 355ml.

Cor: Cobre, límpida.
Espuma: Boa formação, média duração, cor bege, de bolhas pequenas, bem consistente.
Aroma: Malte, frutado, lúpulo (pinheiro, grama), caramelo, mel.
Paladar: Malte, lúpulo, caramelo, mel, bom amargor final, de boa intensidade e longa duração, corpo médio/baixo.

Boa Pale Ale com ótimo aroma de lúpulo, lembrando pinheiro e grama. No sabor o lúpulo também aparece mas está bem balanceado coma  presença do malte. Assim como toda English Pale Ale, esta também tem um perfil relativamente leve e de alto drinkability mas com muita personalidade, sabor e aroma.


Samuel Smith's Nut Brown Ale - English Brown Ale, 5%ABV, garrafa 355ml.

Cor: Cobre escura/ marrom, límpida.
Espuma: Boa formação, média duração, cor bege amarelada, de bolhas pequenas, boa consistância.
Aroma: Malte, adocicado, caramelo, toffee, frutos secos (castanhas), leve lúpulo.
Paladar: Malte, doce, caramelo, toffee, frutos secos (castanhas), bom amargor final, de média intensidade e duração, bom corpo.

Boa cerveja. O malte predomina no conjunto com notas de caramelo e toffee. A presença de frutos secos pode ser bem noatada no aroma e no sabor. Bom conjunto.


Samuel Smith's Imperial Stout - Imperial Stout, Ale, 7%ABV, garrafa 355ml.

Cor: Preta opaca.
Espuma: Boa formação, média duração, cor bege escura, de bolhas bempequenas, boa consistância, deixa marcas no copo.
Aroma: Malte, torrefação, chocolate, café, leve frutado (uva passa).
Paladar: Malte, torrefação, chocolate amargo, café, leve frutado (uva passa), leve acidez (torrefação), bom amargor, sensação final de amargor e torrefação, bom corpo, textura densa, levemente seca.

Ótima cerveja. Predomínio das sensações proporcionadas pela torrefação, lembrando muito chocolate amargo e café. A torrefação também contribui para a sensação de amargor e uma leve acidez no sabor que não chega a incomodar. A textura é bem densa e preenche a boca. Conjunto muito harmonioso, complexo e delicioso. Esta é até agora a melhor Imperial Stout que já provei. As outras não eram das mais conhecidas e por isso fico muito curioso com outras do estilo produzidas por cervejarias consagradas e que reconhecidamente fabriquem grandes cervejas. Deve combinar muito com sobremesas à base de chocolate, mas sozinha ela também é espetacular. Esta é uma daquelas cervejas para beber com muita calma, saboreando. Agradeço ao colega Eduardo Deleuze por me proporcionar a oportunidade de prová-la.

08 abril 2010

Para quem gosta de cerveja...


Recebei uma menssagem do colega blogueiro Patrick Stephanou e repasso aqui para todos aqueles interessados em artigos colecionáveis relacionados ao nosso maravilhoso mundo da cerveja, como bolachas, latinhas, tampinhas e afins.

O que?
10º Encontro de Colecionáveis Cervejeiros
 
Resumo:
Feira de itens do mundo da cerveja.

 Quando?
Sábado, 10 de Abril (de 2010), das 9 às 18h – aberto ao público

*Sexta e Domingo, (09 e 11 de Abril) segue uma programação para inscritos nos evento, contendo coquetel, leilão, palestra, e almoço de congraçamento.

 Onde?
Mercado Público (Central de Porto Alegre)

 Realização:
TCHERVEJA (clube cervejeiro gaúcho)

 Apoio:
Prefeitura Municipal de Porto Alegre e
Mercado Público/SMIC

Informações:

03 abril 2010

Gouden Carolus Easter Beer - A cerveja de Páscoa

 

Neste último mês de dezembro eu fiz uma série de posts sobre cervejas que celebram o Natal. Exite uma grande tradição de fabricar cervejas festivas em alguns países, notadamente a Bélgica, provavelmente pela grande criatividade cervejeira dos habitantes deste país. Não temos no Brasil uma grande tradição de fabricar cervejas festivas, mas nestes últimos anos já podíamos encontrar algumas cervejas natalinas fabricadas por aqui além de uma pequena variedade de rótulos importados, o que permitiu a realização desta tarefa.

Para este feriado de Páscoa eu tive a idéia de comentar sobre cervejas que celebrem a data. Infelizmente não existe nenhuma receita fabricada no Brasil e dentre os rótulos de outros países somente encontramos a Gouden Carolus Easter Beer (cerveja de Páscoa em inglês). As cervejas da Het Anker já foram assunto de vários posts neste blog, incluindo suas Cuvée Van de Keizer Blauw e Rood. O motivo disso é realmente a grande variedade de receitas e principalmente a qualidade que podemos desfrutar ao apreciar estas cervejas.

A Gouden Carolus Easter Beer é fabricada todo ano no período da Páscoa. A receita leva três tipos de ervas, o que realmente deixa um caráter bastante condimentado à cerveja. Ao pesquisar sobre esta cerveja pude ver existe uma variação na receita dependendo do ano de produção. Até o ano de 2006 esta era uma cerveja escura, uma Belgian Dark Strong Ale. De 2007 até provavelmente 2009 a receita foi modificada para se obter uma cerveja dourada ou âmbar clara, uma Belgian Golden Strong Ale, que lembrava uma Tripel. Ao que parece, a partir de 2009 a receita foi novamente modificada. A Gouden Carolus Easter foi novamente produzida como uma Dark Strong Ale. Pelos meus cálculos a partir da data de validade desta cerveja que pude degustar (vencimento para fevereiro de 2012), acredito que esta seja uma das primeiras com a nova receita, já que ela tem aproximadamente 3 anos de validade após a fabricação.


Gouden Carolus Easter Beer - Belgian Dark Strong Ale, 10.5%ABV, garrafa 750ml.

Cor: Cobre escura/marrom, levemente turva.
Espuma: Boa formação e duração, cor bege escura, bolhas pequenas, boa consistência, deixa marcas pelo copo.
Aroma: Malte, adocicado, fenólico, condimentado, cravo, picante, frutado (passas), álcool.
Paladar: Malte, doce, fenólico, condimentado, cravo, picante, frutado (passas), álcool, final levemente amargo, picante e alcoólico, bom corpo.

Boa cerveja. Muito fenólica. Ela é picante e condimentada, lembrando muito cravo. O álcool está bem presente no conjunto e esquenta a garganta ao final de cada gole. A cervejaria recomenda a degustação em torno de 7° C. Eu devo concordar com esta recomendação pois acredito que em temperaturas maiores ela pode ficar desequilibrada na questão do caráter fenólico e alcoólico, os quais poderiam ficar excessivos, prejudicando o drinkability.

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