28 novembro 2009

Novidade no mercado: Cerveja Paulistânia


A importadora Bier & Wein atua desde 1993 com cervejas especiais. Algumas ótimas cervejas chegam ao Brasil através deles, como La Trappe, Urthel, Unibroue, Palm, Boon, Hofbrau e a cerveja de trigo mais vendida no país, a Erdinger. Neste mês de novembro foi anunciado na cidade de São Paulo o mais novo lançamento da BUW, a sua própria marca de cerveja.

Chamada de Paulistânia, esta nova cerveja tem um belo trabalho de marketing. Ela será encontrada com 12 rótulos diferentes, reproduzindo fotos antigas de locais importantes na cidade de São Paulo. Segundo a empresa, esta é uma forma de celebrar as tradições e a diversidade cultural comum a todas as metrópoles do Brasil e do mundo. A intenção, em futuras edições, é de homenagear outras cidades e povos brasileiros que fazem de São Paulo a cidade de todos. As bolachas da Paulistânia trazem textos com curiosidades e dicas sobre a cidade.

O conjunto com todos os rótulos desta primeira edição da Paulistânia pode ser visto acessando o site da cerveja: www.cervejapaulistania.com.br.

Kit da Paulistânia com duas garrafas de 600ml e uma taça.

Apesas de gostar muito destas estratégias de trabalhar a imagem de um produto, o que mais interessa a um apreciador de boas cervejas é a qualidade da bebida. Não fosse assim, uma cerveja belga sem rótulo não seria considerada a melhor do mundo! A BUW não é uma cervejaria e por isso eles terceirizaram a produção da sua cerveja. A Paulistânia é produzida sob licença pela Casa Di Conti Ltda, que fica em Cândido Mota (SP) e produz a cerveja Conti Beer. A receita utilizou dois tipos de malte e dois tipos de lúpulo. A empresa a classifica como uma Pale Lager e disponibiliza a cervejas em garrafas de 600ml. O preço anunciado para a Paulistânia é de R$7.90 em bares e restaurantes e R$4.90 em pontos de auto-serviço e lojas. A previsão é de que esteja disponível também em versão chope a partir de dezembro.

Consegui um kit contendo duas garrafas e uma taça. Aliás, belíssima taça. Tenho certeza de que vai chamar atenção dos colecionadores.


Paulistânia - Premium American Lager, 4.8%ABV, garrafa 600ml.

Cor: Dourada, límpida e brilhante.
Espuma: Média formação, média/baixa duração, cor branca, bolhas bem pequenas, boa consistência.
Aroma: Malte, lúpulo, leve cítrico (?), floral.
Paladar: Malte, biscoito, pão, leve doce, leve acidez, amargor final equilibrado, de boa duração, seca, corpo leve, refrescante.

Cerveja leve, refrescante e equilibrada. As carcterísticas principais de aroma e sabor dela remetem a malte e lúpulo. Eles estão lá, são facilmente identificáveis e estão muito bem equilibrados. O amargor dela é uma boa surpresa. No início dá a impressão de ser um amargor tímido, mas em poucos segundos ele fica mais evidente, toma a boca e deixa uma sensação gostosa na boca. Claro que a temperatura de serviço influencia muito o potencial de amargor. Se você gosta de cerveja mais amarga, recomendo não degustar muito gelada. Está muito boa para o que se propõe: uma Lager leve e refrescante para brigar com as outras que temos no mercado. Pessoalmente gostei mais do sabor que do aroma, que poderia ser mais limpo, principalmente o de lúpulo.

22 novembro 2009

Cervejas brasileiras premiadas no European Beer Star 2009

O European Beer Star é um dos concursos internacionais de cerveja mais respeitados do mundo. O concurso é realizado na Alemanha anualmente desde 2004. Nesta sexta versão foram avaliadas 836 cervejas de mais de 30 países. As cervejas são avaliadas por juízes de vários países através de testes cegos dentro de categorias pré-estabelecidas. Neste ano foram 78 juízes e 41 categorias diferentes. As melhores cervejas em cada categoria recebem medalhas de ouro, prata e bronze.

O Brasil está fazendo bonito no European Beer Star. Este já é o terceiro ano em que temos cervejas brasileiras premiadas no concurso. Desta vez timevos as seguintes premiadas:


Eisenbahn Dunkel - Ouro na categoria German Style Schwarzbier.
Eisenbahn Weizenbock - Prata na categoria South German Style Weizenbock dark/dunkel.
Bamberg Rauchbier - Prata na categoria Smoked beer/Rauchbier.
Baden Baden Stout - Bronze na categoria Dry Stout.

Destaque para o primeiro Ouro da Eisenbahn Dunkel que já faturara o bronze em 2008 e 2007. Destaque também para a Eisenbahn Weizenbock, que já ganhara o bronze em 2007, agora ficou uma posição melhor. A Baden Baden Stout era a atual campeã na categoria Dry Stout. Apesar de ter ficado com a medalha de Bronze este ano, não podemos achar que ela deixou de ser uma boa cerveja. Estar entre as premiadas já é um grande resultado. A Bamberg é novata no European Beer Star e estreou de forma sublime, abocanhando uma prata com sua deliciosa Rauchbier. Meus parabéns a todos os premiados e que venham muito mais prêmios pela frente!

Veja os resultados em todas as categorias clicando aqui.

Equipe de jurados do concurso de 2009.
Olha a nossa representante brasileira: a Cilene Saorin (destaque vermelho).
Correção de última hora: também na foto a nossa outra representante, a beer sommelier Kátia Zanatta (destaque verde).


Clique no mapa e veja a distribuição de medalhas por país.

Veja as cervejas brasileiras premiadas em anos anteriores:

2008:
Baden Baden Stout - Ouro na categoria Dry Stout.
Colorado Demoiselle - Ouro na categoria Porter.
Eisenbahn Dunkel - Bronze na categoria German Style Schwarzbier.
Eisenbahn Pilsen - Bronze na categoria Mild Beer.

2007:
Eisenbahn Dunkel - Bronze
na categoria German Style Schwarzbier.
Eisenbahn Weizenbock - Bronze na categoria South German Style Weizenbock dark.

Visite o site oficial do concurso e os resultados de anos anteriores clicando aqui.

17 novembro 2009

Hoegaarden Verboden Vrucht/ Le Fruit Défendu


A história da Hoegaarden já foi descrita neste blog em outro momento, assim como também a saborosíssima Hoegaarden Grand Cru. Para deixar esta família um pouco mais completa, desta vez vou falar de uma das irmãs mais prestigiadas: a Hoegaarden Verboden Vrucht (em neerlandês, uma das línguas oficiais da Bélgica). Esta cerveja também é conhecida como Le Fruit Défendu em francês, Forbidden Fruit em inglês ou, como diríamos em português, simplesmente Fruto Proibido.


O nome da cerveja tem um porquê. Ela foi criada entre os anos de 1980/82 pelo pai da Hoegaarden, Pierre Celis, e nasceu com outro nome, Diesters, por ter sido criada para as festividades anuais da cidade de Diest, localizada no Brabante Flamenco belga. No início ela era produzida pela cervejaria Cerckel. Quando a Cerckel foi comprada pela cervejaria Haacht, Celis foi proibido de utilizar o nome Diesters. Desta proibição ele teve a idéia de usar o nome Fruto Proibido para a cerveja.

Um dos pontos mais marcantes da Hoegaarden Verboden Vrucht/ Le Fruit Défendu é o seu belíssimo rótulo. Nele podemos ver uma ilustração de Adão e Eva no paraíso, cada um com uma taça de cerveja na mão. Com certeza estas taças estão repletas da deliciosa cerveja criada por Celis! Idéia genial retratar a cerveja como o fruto proibido no paraíso!

Adão e Eva - Pintura original de Peter Paul Rubens.

Na realidade, esta ilustração foi baseada na pintura original Adão e Eva do artista barroco Peter Paul Rubens (1577-1640). Rubens nasceu na cidade de Siegen, que fica hoje na Alemanha, mas viveu a maior parte de sua vida e desenvolveu seu trabalho em Flandres na Bélgica. No rótulo da cerveja, assim como na pintura, Adão e Eva estão seminus ( se é que uma folhinha pequena pode elevar a classificação de nudez para a seminudez).

Quando a Hoegaarden Fruto Proibido chegou pela primeira vez nos Estados Unidos ela foi banida pelo American Bureau of Alcool, Tobacco and Firearms. A cervejaria protestou na época dizendo que não se tratava de pornografia, mas de uma obra de arte de um pintor do país. A resposta do órgão americano foi que Eva deveria então segurar uma maçã e não um copo de cerveja!


Hoegaarden Verboden Vrucht/ Le Fruit Défendu - Belgiam Dark Strong Ale, Ale, 8,5%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cobre escura, turva.
Espuma: Boa formação, média duração, cor bege, bolhas bem pequenas, boa consistência.
Aroma: Malte, adocicado, caramelo, toffee, frutado (passas), fenólico, picante, álcool, condimentado.
Paladar: Malte, doce, caramelo, toffee, frutado (passas), fenólico, picante, álcool, bom amargor final, com boa intensidade, bom corpo, boa textuta, carbonatação evidente, seca.

Ótima cerveja. O aroma infelizmente não é desprendido com muita facilidade. Melhora à medida que a bebida esquenta mas mesmo assim não é claro e limpo como já senti em outras cervejas. O sabor é bem perceptível e complexo desde o começo até o final do copo. O que mais marca é o fenólico picante, corroborado pela presença do álcool que esquenta na boca mas combina muito bem com a força da cerveja.

Belo conjunto!

14 novembro 2009

Jenlain


A Duyck é a segunda maior cervejaria independente da França, sendo até hoje controlada pela mesma família. Eles são os maiores produtores de Bières de Garde, um tradicional estilo de cerveja nascido na França.

O primeiro membro da família a fabricar cervejas foi Léon Duyck, por volta dos anos de 1900/ 1910. Léon passou sua paixão pelas cervejas ao seu filho Félix. Em 1922, Félix abriu a sua farmhouse brewery (expressão em inglês que descreve uma pequena cervejaria no campo ou na fazenda) na localidade de Jenlain, no norte da França. No início as cervejas eram vendidas em barris de madeira, abastecendo as tarbenas locais. Depois da Segunda Guerra Mundial os hábitos mudaram e as pessoas começaram beber cerveja em casa. Em 1950, Félix teve a idéia de reutilizar garrafas de champanhe já vazias para envasar suas cervejas e permitir que as pessoas pudessem desfrutar de seus produtos em casa. O uso de garrafas de champanhe para envasar cervejas pelo que li começou neste momento e até hoje é muito utilizado por várias cervejarias no mundo todo, principalmente na Bélgica.

Em 1950, o filho de Félix, Robert Duick, assumiu o comando da cervejaria. Em 1968, a cerveja fabricada pela Duyck recebeu o nove do vilarejo onde ficava: Jenlain. Na década de 70, a cervejaria passou por um grande processo de modernização. Em 1990, Raymond Duick, bisneto de Léon, assumiu o comando da cervejaria. Ele introduziu várias novas cervejas ao portfólio da empresa. Em 2005, nasceu a Jenlain Blonde, irmã mais nova da já famosa Jenlain Ambrée.

O nome Biére de Garde, que em português significa cerveja de guarda, surgiu pela forma como eram fabricadas as cervejas em pequenas cervejarias no norte da França. A fabricação ocorria durante os meses frios e esta cervejas ficavam guardadas, maturando até os meses quentes do verão, quando as altas temperaturas e leveduras selvagens poderiam atrapalhar o processo de fabricação. Com a industrialização, as Biéres de Garde praticamente desapareceram. Pequenas cervejarias foram responsáveis por manter a tradição de fabricar este estilo de cerveja de alta fermentação, caráter forte e refermentadas na garrafa (muitas vezes de champanhe) e fechadas com rolha.

Apesar da tradição das garrafas de champanhe, as Jenlain que adquiri são apresentadas em garrafas longneck. Divido com vocês as minhas impressões das duas Biére de Garde da Brasserie Duyck.


Jenlain Ambrée - Bière de Garde, Ale, 7.5%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar escura/ cobre, levemente turva.
Espuma: Média formação e média/baixa duração, cor bege clara, deixa marcas.
Aroma: Malte, adocicado, mel, caramelo, lúpulo.
Paladar: Malte, adocicado, caramelo, picante, álcool, leve amargor final, corpo médio.

Boa cerveja. Não é das mais complexas mas apresenta um aroma muito fino de malte e lúpulo. Na boca ela se mostra potente com a presença do álcool, a sensação picante e um corpo médio.


Jenlain Blonde - Biére de Garde, Ale, 7.5%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar, levemente turva.
Espuma: Boa formação, média/baixa duração, cor branca, deixa marcas pelo copo.
Aroma: Malte, doce, mel, pão, lúpulo.
Paladar: Malte, doce destacado, picante, álcool, amargor final de boa duração, corpo médio.

Boa cerveja. Apesar de ser Ale, ela não é muito frutada e as sensações que ela proporciona são muito mais relacionadas com o malte e o lúpulo, do que com produtos da reação de fermentação, a não ser pela sensação picante. O álcool é bem presenta e se faz notar. Parece muito com a sua irmã mais famosa e tradicional com a diferença da sensação caramelada que percebi na Ambrée.

07 novembro 2009

Visita à Cervejaria Baden Baden

Imagem em frente à cervejaria Baden Baden.

No final do mês de setembro tive a oportunidade de tirar merecidas férias. Já tinha ido à São Paulo diversas vezes mas nunca conhecera a cidade de Campos do Jordão, a 167 quilômetros da capital. A cidade é turística e atrai muita gente, principalmente casais, pelo seu clima frio e de romantismo. Outra grande atração para quem visita Campos do Jordão, principalmente para os apaixonados por boas cervejas, é a Baden Baden.

A cervejaria Baden Baden nasceu do sonho de quatro amigos que tinham uma paixão em comum, a cerveja, e queriam produzir cervejas especiais no Brasil. Aldo Bergamasco, Alberto Ferreira, Marcelo Moss e José Vasconcelos colocaram em prática este sonho e fundaram a cervejaria no ano de 1999. O nome da cervejaria foi inspirado no bar e restaurante de mesmo nome que fica no bairro mais famoso de Campos do Jordão, Capivari, e já faz sucesso desde 1985. Aliás Baden Baden também é o nome de uma estação de águas termais, que fica na cidade de Baden na Alemanha, e significa "banhos banhos". Um dos motivos para escolher a cidade de Campos do Jordão foi a fonte de água natural que existe nas montanhas do local. Até hoje esta água é utilizada para a fabricação das cervejas Baden Baden.

O primeiro chope lançado pela Baden Baden foi o Red Ale em abril do ano 2000. Em 2001 foi desenvolvida a cerveja Red Ale. Aliás considero esta uma grande ousadia dos sócios da Baden Baden, pois a cerveja Red Ale tem muita personalidade e um teor alcoólico mais alto, o que poderia assustar o consumidor brasileiro ainda pouco acostumado com cervejas diferentes. A aposta foi alta e deu certo. Até hoje a Red Ale é considerada por conhecedores uma das melhores cervejas da Baden Baden e durante um tempo já foi considerada a melhor cerveja feita no Brasil. Depois da Red Ale, ainda no ano de 2001 surgiram as cervejas Pilsen Cristal, Bock e Stout.

Quadro com histórico da Baden Baden.
Clique na imagem para visualizar.


Quadro com histórico da Baden Baden.
Clique na imagem para visualizar.


Em 2004 foram lançadas as cervejas Golden e as edições limitadas Celebration Verão, Celebration Inverno e Christmas Beer. Em 2005, em comemoração aos 5 anos da cervejaria, foi lançada a cervaja 1999. Em janeiro de 2007 a Baden Baden foi adquirida pelo Grupo Schincariol. Em julho de 2008 foi lançada a Baden Baden Weiss, uma autêntica cerveja de trigo alemã. No final do mesmo mês foi lançada a Baden Baden Tripel, uma cerveja com edição limitada, envasada em garrafas de cerâmica e que passou por três etapas de fermentação. Em outubro de 2008 aconteceu um dos momentos mais marcantes para a Baden Baden, quando sua Stout ganhou a medalha de ouro no European Beer Star na Alemhanha, sendo escolhida como a melhor Dry Stout do concurso.

Quadro com histórico da Baden Baden.
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Quadro com prêmios conquistados pelas cervejas da Baden Baden.
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Visitar a cervejaria Baden Baden já é um dos principais programas turísticos para quem vai a Campos do Jordão. O programa é obrigatório mesmo para aqueles que não são conhecedores de cervejas especiais. Por este motivo eles montaram uma boa estrutura para receber os turistas. A visitação é guiada e durante ela é possível conhecer a história da cervejaria, os ingredientes utilizados para a fabricação da cerveja, as instalações da cervejaria e ainda degustar dois chopes, o Pilsen Cristal e o Bock, dentro de uma sala preparada para receber os visitantes. A visita custam 10 Reais por pessoa e com certeza é um ótimo programa. Depois de tudo, antes de sair da cervejaria, você pode comprar diversos artigos e souvenirs da Baden Baden na lojinha da fábrica. Lá você encontra desde camisetas, copos e até mesmo as cervejas do portifólio da Baden Baden.

Antes de ir à cervejaria tenha o cuidado de marcar a sua visita através do site www.badenbaden.com.br.

A guia fala sobre o processo de fabricação das cervejas em frente à sala de cozimento da Baden Baden.

Tanques de fermentação e maturação.

Sala de degustação.

Mais uma imagem da sala de degustação que passou por uma reforma este ano.

A cervejaria Baden Baden já foi tema de outro post por aqui. Você pode ler o post e ver fotos de todas as cervejas da Baden Baden clicando aqui.

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