23 dezembro 2010

Jolly Pumpkin Noel de Calabaza



A Jolly Pumpkin é uma cervejaria fundada por Ron Jeffries em 2004 e fica localizada em Dexter, no estado americano de Michigam. O maior diferencial da Jolly Pumpkin é seu método de fabricação. Todas as cervejas são maturadas em barris de carvalho. Estes barris, geralmente já utilizados na fabricação de vinhos, possuem uma microflora entranhada em suas paredes, sendo o bretanomyces um deles. Esta microflora tem um papel fundamental no desenvolvimento de sabores e aromas rústicos intensos nas cervejas, como couro, estábulo e outros comumente associados com este tipo de fermentação selvagem. Após a maturação, todas as cervejas são refermentadas na garrafa.

A maioria das cervejas da Jolly Pumpkim é classificada como Farmhouse Ales. Tive a oportunidade de encontrar a Noel de Calabaza, a cerveja comemorativa de Natal. Divido com vocês abaixo a minha experiência com ela.

Jolly Pumpkin Noel de Calabaza - Sour Ale, 9% ABV, garrafa 750ml, US$ 8.99.

Cor: Marrom, turva, poucos reflexos alaranjados.
Espuma: Boa formação, média duração, bolhas bem pequenas.
Aroma: Levedura selvagem, estábulo, couro, madeira, algo vinoso, acidez, avinagrado, frutado (frutas vermelhas, maçã), leve caramelo.
Paladar: Acidez, frutado (frutas vermelhas, maçã), leve adocicado, vinho, levedura selvagem, estábulo, couro, madeira, amargor presente no final junto com a acidez e um leve dulçor, corpo baixo, baixa carbonatação, bem seca, adstringente.

Cerveja interessante. Muito diferente do que eu esperava. Sua classificação nos principais rankings cervejeiros é o Belgian Dark Strong Ale. Não encontrei absolutamente nada deste estilo belga nela. Esta é uma Sour Ale, uma categoria já utilizada em muitos concursos nos EUA mas ainda não reconhecida pelo BJCP (a referência da maioria dos concursos internacionais). Ficou uma impressão de que a cerveja base para a Noel de Calabaza não tem realmente as características de uma Belgian Dark Strong Ale, pois nem mesmo o álcool aparece e o corpo da cerveja é muito baixo para o estilo. As sensações vindas dos microorganismos selvagens dominam a cerveja. Fica difícil de acreditar até mesmo dos 9% de álcool, aliás não declarados no rótulo. Na realidade lembrou um outro estilo belga tradicional, o Flanders Red/ Brown Ale que tem como uma de suas principais representantes a Rodenbach.


21 dezembro 2010

Gouden Carolus Christmas



Há um ano eu fiz uma série de posts somente com cervejas comemorativas de natal. O lançamento de cervejas mais intensas para esta época do ano é bem comum na Europa, principalmente na Bélgica, e serve até mesmo como uma forma de promover as cervejarias. Infelizmente aqui no Brasil carecemos ainda de maior tradição cervejeira. Por enquanto então, seria muito querer uma maior disponibilidade de cervejas de Natal fabricadas por aqui. Este ano a Baden Baden de Campos do Jordão voltou a produzir a sua Christmas Beer, mas a Eisenbahn não voltou a fazer a Weihnachts Ale.

Sem ter muitas opções nacionais, fui obrigado a procurar mais uma importada. Desta vez a Gouden Carolus Christmas da Het Anker, uma cervejaria que nunca me decepciona. A série de cervejas Gouden Carolus já apareceu quase que completa aqui no blog, como as Cuvée van de Keizer Bleu, Cuvée van de Keizer Rood, Easter (de Páscoa) e as cervejas da série normal (Classic, Tripel, Ambrio e Hopsinjoor). A única que faltava aqui no blog era exatamente a comemorativa de Natal. Felizmente, todas elas podem ser encontradas no Brasil.

A Gouden Carolus Christmas é uma cerveja superlativa em seu estilo, o Belgian Dark Strong Ale. Ela é produzida anualmente no mês ne agosto e fica maturando por alguns meses até encontrar seu equilíbrio no final do ano durante as festas. Em sua receita são utilizados 3 tipos de lúpulo e 6 tipos de especiarias. Divido com vocês aqui a minha experiência com esta deliciosa cerveja.


Gouden Carolus Christmas - Belgian Dark Strong Ale, 10.5% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Marrom, boa limpidez, reflexos alaranjados (cobre).
Espuma: Média formação, baixa duração, cor bege, deixa marcas.
Aroma: Malte, caramelo, vinho do porto, intenso frutado (bolo de frutas, frutas vermelhas, frutas cristalizadas, passas, ameixas), fenólico, picante, condimentado (pimenta do reino, noz moscada), leve álcool.
Paladar: Malte, doce, caramelo, vinho do porto, leve chocolate, frutado intenso (frutas vermelhas, frutas cristalizadas, passas), fenólico, bem picante, condimentado (noz moscada, pimenta do reino), álcool, leve amargor, final picante e alcoólico, bom corpo, baixa carbonatação, textura sedosa.

Ótima cerveja. O aroma é delicioso e tem como destaque um frutado intenso que lembra um bolo de frutas, que combina muito bem com o Natal, um fenólico bem presente e as especiarias que foram adicionadas à receita. Não encontrei em nenhum local exatamente quais são as especiarias utilizadas, mas tive uma sensação que lembrou muito noz moscada e algo de pimenta do reino. A cerveja é bem intensa e por isso não consegui distinguir as outras especiarias, mas dá para perceber que a  cerveja é bem condimentada. O sabor é mais complexo e intenso que o aroma. O álcool aparece mais, deixando a cerveja mais robusta e encorpada, mas combina muito bem com a complexidade do conjunto. O fenólico picante é bem intenso e provoca uma boa sensação na boca. A baixa carbonatação colabora com a textura sedosa. Esta cerveja consegue se destacar e certamente voltará a encher meu copo muitas outras vezes. Se estiver com preço bom então...


18 dezembro 2010

Abbaye des Rocs Brune


A Brasserie de L`Abbaye des Rocs fica localizada no vilarejo de Montignies-sur-roc, da cidade de Honnelles, na provícia belga de Hainaut. O vilarejo fica localizado na fronteira da Bélgica com a França. O nome da cervejaria vem das ruínas da abadia que fica localizada na região. Apesar das cervejas da Brasserie de L`Abbaye des Rocs serem classificadas como de abadia, elas nunca foram realmente fabricadas dentro da abadia. A cervejaria começou pequena no ano de 1979 com uma capacidade produtiva de apenas 50 litros a cada 2 semanas.

Com o tempo, as cervejas da Brasserie de L`Abbaye des Rocs  fizeram sucesso e a produção aumentou muito. Entre as cervejas deles, a Abbaye des Rocs Brune sempre aparece muito bem cotada nos principais rankings cervejeiros, sempre entre as melhores cervejas do estilo Belgian Dark Strong Ale.

Esta garrafa foi um presente de um belga em visita à minha cidade. Ganhei a cerveja ainda bem nova mas demorei para bebê-la. Com certeza foram pelo menos 2 anos de guarda contados a partir da data de fabricação. Esta foi portanto uma cerveja já com sinais de guarda. Divido com vocês aqui a minha experiência.


Abbaye des Rocs Brune - Belgian Dark Strong Ale, 9% ABV, garrafa 750ml.

Cor: Marrom, turva, presença de partículas grandes de fermento, mesmo com todo o cuidado ao gelar a cerveja e ao servir.
Espuma: Boa formação, média/baixa duração, cor bege, com preseença de partículas de fermento.
Aroma: Malte, caramelo, fermento, frutado (banana, ameixa, passas), fenólico, picante, pimenta do reino.
Paladar: Malte, doce, caramelo, toffee, fermento, frutado intenso (ameixa, banana, passas), fenólico, condimentado, picante, levíssimo amargor, final adocicado e picante, bom corpo, textura sedosa, carbonatação média/baixa, seca.

Ótima cerveja. Uma Dark Strong Ale muito bem feita e que figura entre as melhores que já provei do estilo. Tem um frutado intenso que lembra principalmente banana e ameixa e um fenólico bem presente, que dá uma sensação condimentada e picante e chega a lembrar pimenta do reino no aroma. O corpo é muito bom e sedoso, com a clara contribuição da carbonatação mediana para resaltar a cremosidade. O final predominantemente adocicado contribui para o drinkability e também para não assustar principiantes na arte de degustar cervejas mais intensas. Apesar de doce, ela termina seca o suficiente para ter um bom equilíbrio e não ficar enjoativa. Álcool praticamente imperceptível.


09 dezembro 2010

Hoppin` Frog Hoppin` to Heaven IPA



Hoppin` Frog é uma pequena cervejaria localizada na cidade de Akron, no interior do estado americano de Ohio. A cervejaria foi fundada no ano de 2000 por Fred Karm, que além de proprietário também trabalha como mestre cervejeiro. No website da cervejaria não é possível obter muita informação, mas vemos que eles gostam de resaltar a qualidade de suas cervejas. O equipamento utilizado por eles para as brasagens permite o uso de quantidades maiores de malte e uma engarrafadora especial ajuda a manter a qualidade da cerveja por um tempo maior nas prateleiras.

Entre as produções da Hoppin` Frog encontramos principalmente os novos estilos intensos americanos, como uma India Pale Ale, duas Double IPA (uma das quais é denominada de Tripel IPA pela cervejaria), duas Imperial Stouts (sendo uma denominada de Double Imperial Stout pela cervejaria), uma Imperial Stout com maturação em barril, entre outras. Podemos perceber que eles gostam de produzir o que os americanos chamam de "Big Beers", que podemos traduzir como cervejas extremas. A julgar pela pontuação das cervejas deles no Beer Advocate, eles têm conseguido agradar. A Hoppin` to Heaven IPA não é bem uma das "Big Beers". Esta é uma das mais básicas da cervejaria.


Hopin` Frog Hoppin` to Heaven IPA - 6.8% ABV, garrafa 650ml, 68 IBU, US$ 8.

Cor: Cobre, levíssima turbidez,.
Espuma: Altíssima formação e boa duração, cor marfim, bem consistente, deixa marcas bem espessas no copo.
Aroma: Lúpulo, frutado, cítrico, herbáceo, maracujá, grapefruit, laranja, malte, caramelo.
Paladar: Malte, doce, caramelo, lúpulo, cítrico, frutado, maracujá, laranja, herbáceo, leve álcool, amargor final de grande intensidade e duração, bom corpo, levemente seca.

Boa cerveja. Apesar de bem amarga, ela é bem agradável. O conjunto é bem harmonioso e consegue ser elegante e até mesmo leve perto de outras IPA americanas que tive a oportunidade de provar. Destaque para as notas cítricas e frutadas de lúpulo, lembrando maracujá e laranja, mas as notas herbáceas também aparecem. Lembrou muito a Colorado Indica. Não sei se em uma degustação comparativa elas seriam iguais, pois acredito que a Hoppin` to Heaven IPA deve ser mais intensa, mas existem semelhanças claras no perfil das duas cervejas. São duas IPA americanas, que utilizam variedades americanas de lúpulo e que possuem um conjunto extremamente leve e agradável, diferente de algumas IPA americanas intensas e de menor drinkability.

07 dezembro 2010

Stone Smoked Porter


Tempo para mais uma cerveja da Stone, esta cervejaria californiana conhecida pela suas produções ousadas. Em outros momentos aqui no blog você já pôde conhecer a Stone India Pale Ale e um evento onde 40 cervejas da Stone estavam disponíveis. Agora divido com vocês a minha experiência com esta Smoked Porter, ou seja, uma Porter com um toque defumado. Este não é um estilo reconhecido, trata-se de uma mistura de estilos, fruto da vontade da cervejaria em fabricar algo inovador.

Contra rótulo da Smoked Porter. Veja a explicação sobre a Gárgula da Stone e o perfil da cerveja.
Clique na imagem para ver melhor.

As garrafas da Stone não têm rótulo tradicional. Elas são pintadas com silk screen e sempre contém muita informação e irreverência. No contra-rótulo da Smoked Porter podemos ver um pouco dessa irreverência ao explicarem o motivo da Gárgula. Ela protege as cervejas da Stone contra os espíritos malignos do mundo moderno, como conservantes, aditivos e adjuntos.


Stone Smoked Porter - Porter, Ale, 5.9% ABV, garrafa 660 ml, US$ 7.

Cor: Preta, límpida, reflexos de cor marrom.
Espuma: Boa formação e média/alta duração, cor bege escura, deixa marcas.
Aroma: Malte, leve defumado, torrefação, café, chocolate, lúpulo (herbáceo, condimentado).
Paladar: Malte, chocolate, torrefação, café, leve defumado (diferente das Rauchbiers), acidez bem controlada, bom amargor de média intensidade e boa duração, final amargo e torrado, bem seca, corpo médio.

Boa cerveja. Bom equilíbrio entre chocolate, café e um leve defumado. Amargor bem presente mas sem incomodar ou travar, ficando em segundo plano. Achei o aroma bem neutro. A cerveja se revela mesmo é no sabor, rico e intenso.

O Pint da Stone também tem a explicação sobre a gárgula.

05 dezembro 2010

Ayinger Celebrator Doppelbock



A cervejaria Ayinger foi fundada por Johann Liebhard no ano de 1878. O início da construção do prédio foi em 1877. A primeira cerveja foi fabricada no inverno do mesmo ano, aproveitando o frio para a maturação, e finalmente em fevereiro de 1878 ela estava pronta para ser servida. A cervejaria fica localizada na cidade de Aying, a 25 km de Munique, a capital do estado da Baviera. Até hoje a cervejaria é administrada pela mesma família.

A maioria das cervejas produzidas por eles são lagers, de baixa fermentação, mas também são produzidas algumas weissbiers, de alta fermentação. Entre todas as cervejas do portifólio da cervejaria, a mais famosa deve ser a Celebrator, a Doppelbock que conquistou o mercado americano e que sempre aparece como uma das melhores cervejas alemãs em todos os maiores rankings cervejeiros. Cerca de 10% da produção é destinada para exportação, principalmente Itália, EUA, Espanha, França e Escandinávia.

Encontrei esta garrafinha em Nova Iorque. Ela é bem fácil de encontrar por lá. Já tinha uma curiosidade muito grande em relação a esta cerveja. Não perdi a oportunidade e trouxe uma comigo.


Ayinger Celebrator Doppelbock - Doppelbock, Lager, 6.7% ABV, garrafa 330ml, US$ 3,50.

Cor: Preta, quase que totalmente opaca, levíssimo reflexo marrom escuro.
Espuma: Boa formação, média duração, cor bege escura (caramelo).
Aroma: Malte, torrefação, caramelo, chocolate, frutado? (frutas escuras, passas), leve álcool.
Paladar: Malte, doce, torrefação, caramelo, chocolate, leve álcool, leve acidez, leve picante, amargor de média intensidade e duração, final doce, amargo e alcoólico, bom corpo.

Boa cerveja. Muito equilibrada e fácil de beber para uma doppelbock. Muito malte no conjunto, com uma complexidade pouco comum para o que já provei em outras cervejas do mesmo estilo. Nesta, além de caramelo e doce, também tem uma boa dose de torrefação e chocolate. No sabor, o álcool aparece bem, assim como manda o estilo, e traz alguma picância, mas não incomoda em momento algum.

O que achei curioso é que a Baden Baden faz uma doppelbock bem semelhante a esta, a Celebration Inverno. Provei uma poucos dias antes de abrir a Ayinger Celebrator. Elas possuem a mesma cor e a mesma tendência puxada mais para a torrefação e algo de chocolate. Será que saiu daqui a inspiração para a receita da Celebration Inverno?


24 novembro 2010

Houblon Chouffe Dobbelen IPA Tripel


Depois de muito tempo temos mais uma cerveja da Brasserie D`Achouffe aqui no blog. Esta cervejaria belga fundada em 1982 tem um gnomo como seu mascote e produz algumas cervejas que são verdadeiros ícones cervejeiros do país, como a famosa La Chouffe. Em 2006, o grupo Duvel Moortgat, da também famosa Duvel, comprou esta pequena cervejaria belga.

A Houblon Chouffe Dobbelen IPA Tripel foi produzida pela primeira vez em 2006. Houblon significa lúpulo em francês, principal língua falada na região da cervejaria. Conclui-se a partir do nome que a cerveja tem o lúpulo como destaque. Na realidade são usados 3 tipos de lúpulo na sua fabricação: Tomahawk para amargor, Saaz para aroma e Amarillo no dry hopping. São 59 unidades de amargor (IBU) proporcionadas por esta lupulagem.

Há referências também de dois estilos distintos de cerveja no nome, a IPA, típica inglesa e agora também com interpretações mais intensas norte americanas, e a Tripel, típica belga. Apesar das referências o estilo correto dela é o Belgian IPA, que estabelece uma mistura das sensações proporcionadas pela levedura belga, com frutados e fenólicos, com a lupulagem típica de uma IPA (inglesa ou americana). É um estilo relativamente novo que busca espaço no mercado americano, ávido por cervejas lupuladas.


Houblon Chouffe Dobbelen IPA Tripel - Belgian IPA, Ale, 9% ABV, garrafa 750ml.

Cor: Dourada, levíssima turbidez.
Espuma: Alta formação e duração, cor btranca, muito consistente, deixa muitas marcas no copo.
Aroma: Malte, frutado (laranja, limão, tangerina), cítrico, lúpulo (floral, cítrico, herbáceo, condimentado).
Paladar: Malte, leve adocicado, frutado (laranja, limão, tangerina), lúpulo, cítrico, picante, leve álcool, amargo final de boa intensidade e duração,alta carbonatação, corpo médio/alto.

Ótima cerveja. Possui muitas características em comum com a La Chouffe, mas traz um protagonismo do lúpulo não encontrado em sua irmã mais velha. Como pede o estilo, o aroma é intensamente lupulado e o sabor tem um ótimo amargor, mas não é uma cerveja que possui desequilíbrio. Apesar de amarga, existe um balanço agradável porporcionado pelo malte em todos os momentos. É uma cerveja agradabilíssima, fácil de beber. Ela é considerada uma das melhores do mundo em seu estilo.


16 novembro 2010

Brooklyn Sorachi Ace



A Brooklyn Sorachi Ace faz parte de uma série especial da Brooklyn Brewery, a Brewmaster`s Reserve. A cada dois meses eles lançam uma nova cerveja dessas, mas a maioria delas fica à disposição somente "on tap". Uma das que foi envasada em garrafas é a Sorachi Ace. Ela é uma saison, ou farmhouse ale, um estilo belga rústico e condimentado que caiu no gosto dos americanos, sendo uma das novas manias das cervejarias americanas. O nome dela vem da variedade de lúpulo utilizado na cerveja, o Sorachi Ace, inventado por japoneses em 1988 através do cruzamento entre o Brewer`s Gold inglês e o Saaz tcheco. Este lúpulo tem notas cítricas e frutadas de limão muito intensas e foi a única variedade utilizada na cerveja. No processo de fabricação esta cerveja é fermentada com o fermento belga da Brooklyn, leva o raro Sorachi Ace cultivado no Oregon, passa por um dry hopping também com o mesmo lúpulo e no final passa por refermentação na garrafa com fermento de champanhe.

Apesar de já podermos encontrar algumas cervejas da Brooklyn Brewery no Brasil, a Sorachi Ace ainda não chegou por aqui. Infelizmente! Adoraria poder beber esta cerveja sempre. Talvez seja minha preferida desta cervejaria.


Brooklyn Sorachi Ace - Saison/ Farmhouse Ale, 7.6% ABV, garrafa 750 ml, US$ 13.

Cor: Dourada, levíssima turbidez.
Espuma: Altíssima formação, boa duração, cor branca, bem consistente, deixa marcas.
Aroma: Especiarias, sementes de coentro, frutado intenso (limão, laranja), cítrico, lúpulo (cítrico, floral, herbáceo, condimentado), baunilha, mel, malte.
Paladar: Malte (pão), mel, especiarias, sementes de coentro, frutado (laranja, limão), cítrico, leve acidez, lúpulo intenso (cítrico, herbáceo, condimentado), amargor final de baixa intensidade e boa duração, boa carbonatação, seca, corpo médio/baixo, refrescante.

Belíssima cerveja. Leve, aromática, refrescante, complexa e extremamente fácil de beber. No aroma, muitas ervas e especiarias. Tive a impressão da presença de sementes de coentro. O lúpulo é bem evidente, complexo, com muito herbáceo, floral e cítrico principalmente, equilibrando-se fenomenalmente com o intenso frutado que lembra limão. No sabor as características se repetem com um "plus" de acidez, característico das Saisons, que deixa a cerveja bem refrescante. A alta carbonatação advinda da refermentação também ajuda a dar mais refrescância e o fermento de champanhe utilizado deve colaborar com os tons condimentados encontrados na cerveja.

02 novembro 2010

Duvel Tripel Hop



A Duvel é uma das cervejas símbolo da Bélgica. Essa Strong Golden Ale belga consegue agradar a quase todos com seu caráter suave e ao mesmo tempo complexo, alcoólico e ao mesmo tempo refrescante. Em 2007 foi lançada uma versão mais lupulada dela, a Duvel Tripel Hop. Em poucos dias a cerveja foi totalmente vendida. Ela já custava cerca de cerca de 4 vezes o preço da versão tradicional, mas depois que ficou rara chegou a ser vendida por bem mais. Já vi site belga vendendo a garrafa de 750ml por mais de 50 Euros.

Detalhe no rótulo com a descrição dos lúpulos utilizados entre outras informações.

Neste ano, a Duvel Mortgart resolver lançar novamente a Duvel Tripel Hop. A cerveja foi fabricada no dia 18 de maio e lançada no mercado no final de agosto. Foram utilizados 3 diferentes lúpulos na sua fabricação. Além do Saaz da Repúplica Tcheca e do Styrian Golding da Eslovênia, ambos já utilizados na versão normal da Duvel, ela leva o Amarillo, uma variedade americana com boas propriedades tanto de aroma quanto de sabor, principalmente o citrico e o frutado que lembra laranja. Ainda há o uso de mais Styrian Golding para dry-hopping, aprimorando mais anda o aroma de lúpulo. Ela possui um teor alcoólico ligeiramente maior, de 9.5% ABV, contra os 8.5% da Duvel comum, e  somente é envasada em garrafas de 750ml fechadas com rolha e gaiola.

Detalhe da garrafa com o desenho de flores de lúpulo, destaque da cerveja, no topo.

No Brasil ainda não é possível encontrar a Duvel Tripel Hop. Eu nem sabia que ela seria relançada. Tive sorte e encontrei ela por acaso em um mercado de Nova Iorque, o Whole Food Market. Farei um post depois sobre este mercado, que tem uma loja separada dedicada somente para as cervejas. Ela havia chegado naquele mesmo dia e o custo era bem maior que o da versão normal. A garrafa de 750 ml saiu por 20 dólares. Achei até engraçado quando o vendedor do mercado me alertou sobre o elevado preço, mas fiz questão de relatar a ele que eu pagava até mais caro pela versão normal no Brasil. Então, para um brasileiro, até que o preço não é tão alto assim. Se ela chegar ao Brasil, fico imaginando qual será o preço.


Com a oportunidade de degustar a Tripel Hop, eu resolvi fazer uma degustação comparativa com a versão normal. A Duvel, versão clássica, é uma cerveja deliciosa. O aroma e o sabor de lúpulo são deliciosos, com mais destaque para as notas cítricas, frutadas (com laranja, limão e abacaxi), mas também herbáceas e condimentadas. Notas da fermentação podem ser notadas no frutado, mas principalmente no toque picante e condimentado. O perfil de malte é bem simples. Muito equilíbrio em todos os sentidos. Ela é muito agradável e não incomoda em momento algum, mesmo quando o álcool aparece.

Comparação das duas irmãs. Trabalho difícil!



Duvel Tripel Hop - Belgian Golden Strong Ale, 9.5% ABV, garrafa 750ml, US$ 20.

Cor: Dourada clara, levíssima turbidez.
Espuma: Altíssima formação, alta duração, cor branca, bem consistente, deixa muitas marcas, forma picos.
Aroma: Lúpulo (mais intenso), floral, cítrico (mais intenso), frutado (laranja, limão, mais intensos), condimentado, levíssimo herbáceo (menos intenso).
Paladar: Malte, adocicado, lúpulo (mais intenso), cítrico (mais intenso), frutado (laranja, limão, abacaxi), picante, condimentado, leve herbáceo, levíssimo álcool (menos aparente), amargor final de boa itensidade e duração (ligeiramente mais amarga), bem seca, alta carbonatação, corpo médio/baixo.

Ótima cerveja. Muito parecida com a versão original. Na realidade as diferenças são sutis, mas existem e deixam a cerveja diferente. Logo de início, no rótulo podemos notar o maior teor alcoólico, de 8.5 para 9.5%. No aroma e no paladar este ponto percentual a mais não significou nada. Até achei que o álcool ficou mais tímido perto das novas sensações e apareceu menos. No geral, o aroma e o sabor são diferentes, com um destaque maior no lúpulo mesmo, com notas frutadas e cítricas levemente mais intensas. Resolvi pesquisar sobre o Amarillo, e estas são exatamente as principais características que ele dá as cervejas onde é usado. Existe um aroma diferente de lúpulo, mais cítrico e frutado. No sabor ela fica menos doce, mais amarga e mais seca que a versão original. Apesar de ser mais amarga, não chega a ser um amargor intenso. Continua a ser um amargor agradável e limpo. Pela descrição no rótulo, esperava algo mais intenso. Ambas são deliciosas e eu não saberia quando escolher uma ou outra, se tivesse a oportunidade é claro!

28 outubro 2010

40 cervejas "on tap" da Stone Brewery


No último dia 3 de outubro eu tive o prazer de ir a um evento no pub Ratle`N`Rum em Nova Iorque. O bar é uma Disneilândia para os amantes de cervejas diferentes e possui 40 opções "on tap", servida direto do barril como o nosso chope, fora as opções engarrafadas. Este era o último dia do NY Craft Beer Week e a cada dia da semana o pub fazia um evento com uma cervejaria americana diferente. Infelizmente não consegui ir nos outros dias, mas no dia da Stone Brewery eu não queria faltar.

Lista das 40 cervejas disponíveis "on tap". Clique na imagem para visualizar melhor.

20 torneiras de chope.

As outras 20 torneiras de chope.

Eram realmente 40 opções diferentes de cervejas "on tap" e a grande maioria delas de raridades e experiências que a Stone faz com frequência. Basta uma rápida visita no site beer advocate para ver a quantidade de cervejas cadastradas da Stone. Essas versões podem ter um double dry hopping, utilização de fermento belga em cervejas de estilos não belgas, adição de pimenta ou baunilha, mas principalmente maturação em barril de carvalho, que pode ter sido utilizado para bourbon, vinho tinto ou outra bebida.

Uma foto comigo e Greg Koch, um dos fundadores da cervejaria que estava presente no evento.


Não existia nenhuma degustação dirigida, nem palestra, era uma noite descontraída onde você podia frequentar o local normalmente e pedir sua cerveja de preferência. Infelizmente não existia a opção de pedir pequenas quantidades de cada uma para provar todas as cervejas e seria impossível beber todas as 40 na mesma noite, por mais que desse vontade! Tive que diminuir minhas expectativas e me contentar em beber somente 5. Vejam abaixo as opções que fiz naquela noite.


Stone Cali-Belgique - Belgian IPA, Ale, 6.9% ABV, 1Pint (473ml), US$ 8.

Cor: Âmbar, límpida.
Espuma: Cor marfim.
Aroma: Lúpulo, cítrico, frutado, laranja, tangerina, grapefruit, malte.
Paladar: Malte, adocicado, caramelo, lúpulo, cítrico, frutado, laranja, grapefruit, amargor final de grande intensidade e duração.

Boa cerveja. Cali é uma referência ao estado americano da Califórnia, onde talvez exista a maior concentração de cervejarias artesanais nos EUA. O Belgique é uma referência à levedura belga utilizada para fazer essa cerveja. A receita é a mesma da Stone IPA com a única diferença na utilização da levedura belga. Na realidade eu tenho provado algumas Belgian IPA`s ultimamente (elas devem aparecer em breve no blog) e a Cali-Belgique tem muito de Cali e pouco de Belgique. A utilização de grandes quantidades de lúpulo atrapalhou a percepção de características mais sutis proporcionadas pela levedura. Tanto a Stone IPA quanto a Cali-Belgique possuem nada menos que 77 IBU`s na escala de amargor. Ela não tem a leveza e a sutileza das minhas Belgian IPA`s preferidas.



Stone Ruination Double Dry Hopped - Imperial (Double) IPA, Ale, 7.7% ABV, 1 Pint (473ml), US$ 8.

Cor: Âmbar, levíssima turbidez.
Espuma: Cor marfim.
Aroma: Muito lúpulo, floral, cítrico, herbáceo, frutado.
Paladar: Lúpulo, frutado, cítrico, herbáceo, malte, caramelo, amargor final intenso e duradouro.

Ótima cerveja. Muito lúpulo no aroma e no sabor. O amargor é pujante mas existe algum equilíbrio proporcionado pelos maltes. A cerveja tem nada menos que 100 IBU, mas o dry hopping ajuda a ter um aroma mais intenso. Depois eu posto minhas impressões sobre a versão normal da cerveja engarrafada que trouxe comigo para o Brasil.


Stone Sublimely Self Righteous - Black IPA/ Cascadian Dark Ale, 8.7% ABV, 1 Pint (473ml), US$ 8.

Cor: Preta, opaca.
Espuma: Cor bege escura, deixa muitas marcas no copo.
Aroma: Lúpulo, cítrico, malte, torrefação, café.
Paladar: Malte, torrefação, café, frutado, cítrico, lúpulo, herbáceo, bom amargor, seca.

Muito boa. Diferente. Tem 90 IBU. Na realidade a Black IPA, ou Cascadian Black Ale, é um estilo novo inventado pelos americanos. Trata-se de uma Black Ale com a lupulagem de uma IPA, gerando uma cerveja com o perfil de aroma e amargor de lúpulo da IPA com a inserção de aromas e sabores de torrefação. Já tinha provado a Black IPA do Ricardo Rosa, a Lótus, também muito boa.



Stone Imperial Russian Stout Bourbon Barrel Aged 2008 - Imperial Stout, Ale, 10.5% ABV, 236ml, US$8.

Cor: Preta, opaca.
Espuma: Quase sem espuma, cor caramelo escura.
Aroma: Uísque intenso, baunilha intenso, madeira, álcool.
Paladar: Uísque, bourbon, baunilha, madeira, álcool, leve amargor, final doce, alcoólico e picante, com sensação de destilado, corpo denso.

Ótima cerveja. Esta é uma versão da Imperial Stout da Stone com maturação em barril de carvalho que foi utilizado em bourbon. Quando os americanos resolvem utilizar barril de carvalho eles não brincam! Impressiona a intensidade de sabor e aroma de uísque, bourbon, baunilha e madeira na cerveja. Muito mais intenso do que já provei em outras cervejas que também passaram por maturação em barril. São 90 IBU, mas a cerveja não é nem um pouco amarga. A versão é de 2008, o que já ameniza muito a intensidade de amargor.


Stone Old Guardian 2006 Bourbon Barrel Aged - Barley Wine, Ale, 11.26% ABV, 236ml, US$ 7.

Cor: Âmbar escura/cobre, truva.
Espuma: Sem espuma.
Aroma: Malte, doce, caramelo, melaço, toffee, uísque, leve baunilha.
Paladar: Malte, doce, caramelo, melaço, toffee, uísque, baunilha, madeira, álcool.

Ótima cerveja. Também uma versão mais envelhecida, de 2006, e por isso não tem muito amargor presente. Li que a versão normal ainda nova tem lúpulo bem presente tanto no aroma como em amargor.

Como dica para quem vai à Nova Iorque, sempre existem eventos cervejeiros em diferentes locais. Praticamente todo dia tem algo. Basta acessar o site Beer Menus e procurar pelos eventos.

Greg Koch posando para foto logo após escrever menssagem na parede do pub.

25 outubro 2010

Maredsous



As cervejas Maredsous levam são produzidas sob licensa pela Duvel Moortgat. Elas originalmente eram fabricadas pelo monastério beneditino de Maredsous e portanto são cervejas de abadia. A tradição de fabricação de cerveja dentro de mosteiros vem desde a idade média na Europa e algumas dessas receitas sobrevivem até hoje.

Outras cervejas feitas dentro de mosteiros são as trapistas. A diferença é que as trapistas são feitas dentro de mosteiros da Ordem Cistercienses da Estrita Observância, ou simplesmente trapista, enquanto as de abadia, apesar de terem suas origens dentro de abadias também católicas, podem e hoje são fabricadas mais em grandes cervejarias com a devida licensa das abadias de origem.

As cervejas Mardesous já estão disponíveis no Brasil há alguns anos e neste último ano passaram por uma mudança na sua imagem, mas não da receita. Abaixo a minhas impressões sobre todas as 3 versões.


Maredsous Blond - Belgian Blond Ale, 6%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Dourada intensa, límpida.
Espuma: Média formação e baixa duração, cor marfim.
Aroma: Malte, frutado, cítrico, condimentado, leve fenólico (cravo).
Paladar: Malte, frutado (laranja, abacaxi), cítrico, condimentado, leve amargor final, corpo médio/baixo.

Boa cerveja. Muito parecida com outras belgas do mesmo estilo.



Maredsous Bruin - Belgian Dubbel, Ale, 8%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Marrom, límpida.
Espuma: Boa formação e duração, cor bege escura, bem consistente, forma picos.
Aroma: Malte, torrefação, chocolate, café, frutado (frutas escuras, passas, ameixa), leve fenólico.
Paladar: Malte, adocicado, torrefação, café, fermento, leve frutado (ameixa), vinho do porto, leve álcool, leve acidez, fenólico, leve amargor final, levemente seca, corpo médio/alto.

Boa cerveja. Bem complexa e ao mesmo tempo fácil de beber. A torrefaçaão tem um grande destaque, lembrando chocolate e café.



Maredsous Tripel - Belgian Tripel, Ale, 10% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cobre, límpida.
Espuma: Boa formação e média duração, cor marfim, bem consistente.
Aroma: Malte, doce, frutado (laranja), cítrico, fenólico, condimentado, picante, álcool.
Paladar: Malte, leve adocicado, frutado (laranja), cítrico, fenólico, picante, álcool, amargor final de boa intensidade e duração, bom corpo.

Boa cerveja. Só por ser uma Tripel eu já fico feliz. Este é um dos meus estilos preferidos e dentre todas as variáveis possíveis (mais frutada, fenólica ou alcoólica), ainda não provei nenhuma que tivesse me decepcionado. Elas reúnem, contraditoriamente, uma leveza e uma complexidade que me encantam, sempre acompanhadas por uma quantidade bem generosa de álcool, único fator que impede o consumo em maiores quantidades na minha opinião.
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