20 dezembro 2009

Samichlaus - A cerveja de São Nicolau




Fabricada pela primeira vez no ano de 1980, a Samichlaus talvez seja a cerveja de Natal mais famosa da Europa. Naquela época a cerveja era fabricada todo dia 6 de dezembro em Zurique pela cervejaria suíça Hürlimann. Depois do cozimento, a cerveja passava por um lento processo de fermentação e maturação que durava 10 meses. Este processo permitia que ela pudesse alcançar seu altíssimo teor alcoólico, que na maioria das vezes ficava em 14% por volume mas eventualmente chegava a 15. Somente depois desse tempo de maturação é que a cerveja era engarrafada e lançada no mercado, quase um ano depois do início do processo. O nome Samichlaus (em alemão) significa São Nicolau, o mesmo Santo que deu origem à figura do Papai Noel, e o dia de São Nicolau é comemorado todo 6 de dezembro, a mesma data da fabricação da cerveja.

O mais interessante sobre o teor alcoólico em bebidas fermentadas é que as leveduras utilizadas têm um determinado limite até onde ela consegue trabalhar. À medida que o processo de fermentação evolui, o álcool produzido a partir de açúcares disponíveis vai lentamente inibindo o processo e até mesmo matando as leveduras, já que o álcool tem propriedades esterilizantes. No caso das cervejas, a maioria das leveduras utilizadas têm seu limite de trabalho quando se alcança níveis de 9% de álcool por volume (ABV). Para fabricar uma cerveja com o teor de álcool da Samichlaus deve ser utilizada uma levedura especial que consiga trabalhar em um ambiente pouco favorável.


Duas versões Vintage da Samichlaus: 2007 e 2008.
Note a inscrição "Strongest Lager Beer in the World", 
ou Lager mais forte do mundo, no rótulo da versão 2007.


A produção da Samichlaus ocorreu normalmente até o ano de 1996, quando a cervejaria Hürlimann foi adquirida pela cervejaria Feldschlösschen, também da Suíça, e a produção foi interrompida. Por quatro anos consecutivos não houve fabricação da Samichlaus até que no ano 2000, através de um acordo com a cervejaria austríaca Castle Eggenberg, a cerveja foi novamente lançada no mercado. Para produzir a Samichlaus novamente, os mestres cervejeiros das duas cervejarias, da nova Eggenberg e da antiga Hürlimann, se reuniram e mantiveram o tradicional processo que era utilizado na produção em Zurique.

A Samichlaus é uma cerveja Vintage e segundo a cervejaria não tem data de validade específica. Eles garantem que a cerveja pode ser adegada por muitos anos e evolui com o tempo, tornando-se mais complexa e com um paladar quente e uma textura cremosa.

Os 14% de álcool por volume da Samichlaus já foram motivo de grande repercussão para a cerveja. Ela já foi considerada a cerveja Lager de maior teor alcoólico do mundo, estando inclusive presente no Livro dos Records. Até o ano de 2007, o rótulo da Samichlaus ostentava a marca de Lager mais forte do mundo. Acredito que a repercussão de uma cerveja dessas com certeza foi um dos motivos do interesse da Castle Eggenberg em fabricar a Samichlaus. Nos últimos anos temos visto uma corrida para o desenvolvimento de cervejas com teores alcoólicos absurdos. Para isso as cervejarias têm trabalhado no desenvolvimento de técnicas e leveduras especiais para conseguir um produto que atraia a atenção do publico e promova sua marca.

No rótulo da versão 2008 a cerveja é chamada de Malt Liquor, apesar de que a maioria dos rankings cervejeiros a classificam como uma Doppelbock. A possível explicação para este fato está na lei americana que controla o teor de álcool em cervejas. Esta lei proíbe o alto teor de álcool em cervejas e para burlar a lei, o rótulo da cerveja exportada para o mercado americano foi adaptado com a inscrição de Malt Liquor. Nos Estados Unidos um Malt Liquor pode ter maior teor de álcool. Apesar de ser um estilo de cerveja, naquele país o Malt Liquor é considerado quase que um tipo diferente de bebida.



Samichlaus 2008 - Doppelbock, Lager, 14%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cobre alaranjada, límpida.
Espuma: Média formação e baixa duração, de cor marfim.
Aroma: Malte, doce, toffee, álcool.
Paladar: Malte, doce destacado, picante, álcool, amargor final seguido de sensação doce.

Cerveja extrema. A sensação na boca é comparável com a de um destilado. O álcool dá uma pancada em cada gole. Quando mais gelada, a sensação alcoólica é menos evidente, mas à medida que esquenta ela vai ficando cada vez mais presente, a ponto de quase dominar o conjunto no final da taça. A presença de malte nesta cerveja é evidente com sua doçura destacada e me pergunto se não há açúcar na composição, até mesmo para conseguir o seu teor alcoólico. O aroma me agradou muito, delicioso. Na boca a potência  alcoólica prejudica o dinkability da cerveja, tornando ela difícil em alguns momentos. Realmente parece muito com outras Malt Liquors já que provei. Geralmente tenho essa sensação quando bebo Malt Liquors, mesmo assim acho que vou tentar guardar algumas para avaliar sua evolução com o tempo.

4 comentários:

Leo Oliveira disse...

Fala Rodrigão,

parabéns pela postagem !!
muito boa mesmo !!

sucesso e muita cerveja em 2010 p vc !!!
abraço

Leo Oliveira / BEERTASTE

Rodrigo Campos disse...

Grande Leo Oliveira,

É um prazer receber sua visita por aqui! Muito obrigado pelo elogio, mas os posts do teu blog estão muito bons também!

Só não posso dizer que estão melhores que o próprio Beertaste porque infelizmente ainda não o conheci! Vontade não falta e na próxima vez que estiver no Rio te visitarei com toda certeza.

Abraço.

Pedro disse...

Essa Cerveja eh de maiss, sabor indescritivel, !!

Rodrigo Campos disse...

Olá Pedro,

A Samichlaus é bem saborosa mesmo, mas não é qualquer um que pode gostar dela já de cara, já que o álcool aparece bem no sabor.

Um abraço.

Related Posts with Thumbnails