21 fevereiro 2011

As 50 melhores cervejas de 2010 da revista Prazeres da Mesa



A revista Prazeres da Mesa é umas das publicações brasileiras mais respeitadas na área de gastronomia. Felizmente para nós adoradores de boas cervejas, a revista também reconhece a importância da nossa amada bebida no universo gastronômico. Existe uma coluna fixa na revista, a Mundo de Espuma, comandada pelos especialistas Eduardo Passarelli e André Clemente, sempre abordando assuntos pertinentes ao universo das cervejas especiais. 

Todo ano na publicação de fevereiro, também aparece a lista das 50 melhores cervejas disponíveis no mercado brasileiro. Pelo segundo ano consecutivo eu participo com muito prazer do corpo de jurados convidados para contribuir cada um com a sua própria lista das 50 melhores. Os jurados que participaram da lista este ano foram Ailin Aleixo (Blog Gastrolândia), Jardel Sebba (revista Playboy), Ricardo Amorim (blog CervejaSó), Roberto Fonseca (O Estado de S. Paulo), Miguel Icassatti (Veja São Paulo), Marcelo Cury (médico e sommellier de cervejas), Maurício Beltramelli (site Brejas), Sady Homrich (baterista da banda Nenhum de Nós e apreciador de cerveja), Marcelo Moss (fundador da cervejaria Baden Baden), André Clemente, César Adames, Edu Passarelli e Ricardo Castilho, da equipe da revista Prazeres da Mesa.


Confesso que escolher 50 cervejas entre todas disponíveis no mercado brasileiro não é uma tarefa fácil. Se analisar a lista 50 vezes você inevitavelmente vai mudar algo nela 50 vezes. Nosso mercado, apesar de ser ainda pequeno para o potencial de um país de proporção continental, já possui uma boa quantidade de cervejas de alta qualidade, tanto as importadas como as produções nacionais. Tentei fazer minha lista conter as melhores cervejas que provei no ano, abordando diferentes estilos, mas tentando encaixar em algum ponto da lista algumas cervejas que merecem ser lembradas, principalmente por terem um alto custo benefício e/ou um grande potencial de aumentar o time dos amantes de boas cervejas.

A cerveja que ficou com o primeiro lugar da lista este ano foi a Brooklyn Lager. Uma cerveja realmente deliciosa (que estava presente também na minha lista individual) e que chegou ao país pela primeira já ganhando notoriedade com este prêmio. Na lista estão presentes muitas cervejas brasileiras. As que mais apareceram na lista foram Bamberg (6 cervejas), Colorado (2 cervejas), Falke Bier (2 cervejas) e Eisenbahn (2 cervejas). Inclusive a própria Bamberg foi escolhida a cervejaria brasileira do ano pelos jurados. 

A revista foi lançada semana passada em São Paulo e já deve chegar a todos os pontos de venda do país esta semana. Recomendo a todos a leitura. 

14 fevereiro 2011

Goose Island Bourbon County Brand Stout 2008


A cervejaria Goose Island começou suas atividades em 1988 na cidade de Chicago como um brewpub. Na época a oferta de cervejas era bem limitada no mercado americano, onde praticamente só era possível encontrar as conhecidas cervejas de massa. John Hall havia provado várias cervejas diferentes e produzidas localmente em cada ponto que ele visitara pela Europa. Ele sentia falta deste tipo de produto no meio oeste americano e acreditava que poderia começar a trabalhar com isso. A idéia de um brewpub surgiu como uma forma de proporcionar ao consumidor a possibilidade de provar uma grande variedade de cervejas diferentes além de acompanhar o processo de fabricação. O idéia deu muito certo e em 1995 John e seu filho Greg, que já era o mestre cervejeiro da Goose Island, tiveram que abrir uma nova planta com a cervejaria e a primeira área de envasamento separados do brewpub para conseguir dar conta da demanda pelas suas cervejas. Em 1999, o segundo brewpub foi aberto também em Chicago.


Greg Hall, filho do fundador e presidente da Goose Island, John Hall, trabalha na cervejaria desde o início, onde ele começou como assistente cervejeiro. Ele se dedicou por alguns anos aos estudos e experiências em viagens para conhecer as técnicas cervejeiras do velho mundo e em outras cervejarias americanas. Em 1995 ele começou a trabalhar como o mestre cervejeiro na Goose Island.

A Goose Island hoje é uma das maiores micro cevejarias americanas e produz uma ótima seleção de cervejas. Em 1992, para comemorar a miléssima batelada (como chamamos uma produção de cerveja, tentativa de tradução do termo batch em inglês) do primeiro pub, o Clybourn, eles resolveram fazer uma cerveja especial. O resultado dessa idéia é a cerveja título deste post, a Bourbon County Brand Stout. Ela é uma Imperial Stout maturada por aproximadamente 100 dias em barris de carvalho já usados na fabricação do bourbon Jim Bean, o uisque americano feito a partir de milho. Como resultado desse processo, a cerveja final apresenta aromas e sabores vindos tanto da cerveja original como também do barril e de bourbon. No vídeo abaixo vocês podem ver o próprio Greg Hall falando sobre a cerveja.


Hoje a Bourbon County Stout continua a ser produzida e já teve até mesmo outras versões com adição de café (ainda produzida) e baunilha (não mais produzida) durante a maturação e uma versão onde a ceveja maturou durante dois anos no barril (não mais produzida). Todas as garrafas são safradas e são até que relativamente fáceis de encontrar em lojas nos EUA a preços razoáveis, principalmente se consideramos a qualidade dela. Infelizmente nenhuma importadora traz esta cerveja para o Brasil. O rótulo da cerveja foi modificado a partir de 2009. Esta que tive a oportunidade de provar era de 2008, ainda com o rótulo antigo que contém uma bela descrição da cerveja. Se puder resumir a descrição toda em uma só frase eu escolheria esta: "somente um gole contém mais sabor que uma caixa da sua cerveja regular!"


Goose Island Bourbon Brand Stout 2008- Imperial Stout (maturada em barril), Ale, 13% ABV, garrafa 355ml, US$ 5,85.

Cor: Preta, opaca.
Espuma: Baixíssima formação, se desfaz completamente em alguns segundos.
Aroma: Malte, doce, bourbon (uisque), chocolate, madeira, baunilha, álcool.
Paladar: Malte, doce, bourbon (uisque), chocolate, baunilha, defumado, torrefação, álcool evidente, amargor de média/baixa intensidade, final doce e alcoólico, baixíssima carbonatação, textura sedosa e macia, densa, bom corpo.

Ótima cerveja. Muito complexa e intensa. O aroma é delicioso, complexo e equilibrado. Muito aroma de uísque, neste caso o bourbon, madeira, baunilha e chocolate. No paladar as sensações se repetem, mas arrematadas por uma boa dose de álcool, que aparecia mais tímido no aroma. O corpo é denso, deixando os lábios levemente gudentos devido ao açúcar residual, e a textura é bem sedosa, com a provável ajuda da baixa carbonatação. Esta é uma das melhores cerveja que já bebi. Uma porrada de sabor. Neste tipo de cerveja com maturação em barris, os americanos estão se mostrando insuperáveis pelas experiências que tive até hoje. Ainda bem que, já sabedor da sua qualidade, tratei de trazer duas garrafas. A outra continua a repousar em minha adega.


Decidi aproveitar meu último pedacinho de queijo blue Stilton que também comprei em Nova Iorque para fazer uma harmonização com a Bourbon County Brand Stout. O queijo Stilton é outra maravilha rara aqui no Brasil e que faz falta. Este é um queijo azul, assim como o Gorgonzola e o Roquefort, de paladar intenso, salgado e picante. A intensidade do queijo combinou muito bem com a ceveja. Segundo um dos maiores especilaistas em harmonização de queijo com cervejas, Garret Oliver (mestre cervejeiro da Brooklyn brewery), em seu livro The Brewmaster`s Table, a melhor harmonização do mundo da cerveja com queijos se dá entre uma boa Barley Wine envelhecida com um queijo Stilton. Agora eu preciso conseguir mais um pouco de Stilton para comprovar o fato!

08 fevereiro 2011

De Ranke Saison de Dottignies


A história da cervejaria De Ranke e suas principais cervejas já foi assunto recente no blog. Neste post vou falar de mais uma cerveja dessa cervejaria belga, a Saison de Dottignies. Ela é feita com o que os americanos chamam de "wet hops", ou seja, com lúpulo recém colhido e em seu melhor estado. A cerveja foi fabricada nos primeiros dias do mês de setembro de 2009 e o lúpulo foi colhido somente algumas horas antes de ser utilizado. Quem já provou algumas das cervejas da De Ranke já deve saber como elas possuem um toque bem lupulado, com um amargor pouco visto na maioria das cervejas belgas, mas ainda de forma equilibrada, principalmente se comparado às bombas de lúpulo comuns entre as cervejas americanas. Segundo o site da importadora brasileira que trabalha com os rótulos da De Ranke, esta cerveja foi lançada no mercado pela primeira e última vez em 2010 em comemoração aos 15 anos da cervejaria. Felizmente ela chegou no Brasil (não pelo preço que eu gostaria), mas infelizmente será uma pena não ter mais acesso a ela. Não existe nenhuma informação sobre ela no site da De Ranke e por isso não consegui confirmar o fato.

Outro fato interessante sobre a Saison de Dottignies é que esta é a primeira representante deste estilo no Brasil. A Saison (estação em francês), também conhecida como Farmhouse Ale, é uma cerveja que tradicionalmente era fabricada durante inverno para ser consumida pelos trabalhadores durante a colheita do verão. Esta cerveja surgiu na Valônia, a metade sul da Bélgica onde se fala francês. Como na época a refrigeração não havia sido inventada, eles precisavam fabricar cervejas durante os meses de frio para evitar a contaminação da bebida no intenso calor do verão, que favorece o crescimento de microorganismos indesejados na produção. Hoje elas podem ser fabricadas o ano inteiro sem problemas.


Este é um tipo de cerveja que tem um apelo muito forte para os meses mais quentes do ano pelo seu caráter refrescante. Geralmente são pale ales belgas com um toque frutado e condimentado bem presentes, uma leve acidez, alta carbonatação, um corpo leve, secas e com teor alcoólico de moderado a baixo. Não tive oportunidade de provar muitas diferentes até hoje, mas das que provei, pude perceber que podem se assemelhar muito a outros estilos belgas tradicionais, como o Strong Golden Ale e Tripel, e até mesmo com o novíssimo estilo Belgian IPA. A Saison daria muito certo no Brasil primeiramente porque é uma delícia, mas também porque combina muito com o nosso clima. Os americanos estão adorando e dando uma nova vida a este estilo, sendo pela importação das poucas marcas que ainda fabricam o estilo na Bélgica (Saison Dupont e Fantôme são as principais), como também fazendo as suas próprias. Provei duas Saisons americanas. Uma delas já foi publicada no blog, a Brooklyn Sorachi Ace e a outra deve ser assunto de um novo post, a Ommegang Hennepin.


De Ranke Saison de Dottignies - Saison, Ale, 5.5% ABV, garrafa 750ml.

Cor: Dourada intensa/ âmbar clara, levíssima turbidez.
Espuma: Alta formação, boa duração, cor branca, boa consistência, deixa muitas marcas no copo.
Aroma: Malte, pão, mel, frutado intenso (limão, damascos), citrico, lúpulo (herbáceo, condimentado, picante), semetes de coentro (?), condimentado.
Paladar: Malte, mel, lúpulo (herbáceo, condimentado), frutado (limão), cítrico, bom amargor final, de média/alta intensidade e duração, alta carbonatação, refrescante, corpo médio/baixo, bem seca.

Deliciosa. Refrescante e complexa ao mesmo tempo. Esta é a primeira Saison que provei e esperava um toque de leve acidez nela. Não sei se a intensa lupulagem comum nas cervejas da De Ranke, pode ter ajudado a mascarar alguma acidez que poderia estar presente na cerveja. Mesmo assim ela agradou muito e me fez ter uma grande curiosidade para provar outras cervejas do estilo.


25 janeiro 2011

Harmonização de queijo com cerveja Eisenbahn - Aula gratuita com Juliano Mendes



Recebi um e-mail bem interessante na última semana anunciando o II #provetuite da Eisenbahn. Vejam a mensagem abaixo:

"A Eisenbahn gostaria de te convidar a participar do segundo #provetuite, que será dia 26/01, às 20h, e terá harmonização com a Strong Golden Ale e queijo Gouda.

O #provetuite é um projeto da Eisenbahn, onde seu fundador e agora consultor de cervejas, Juliano Mendes, harmoniza uma cerveja da Eisenbahn ao vivo, via Twitcam. Você poderá fazer comentários, tirar dúvidas ou simplesmente assistir.

Caso não tenha ou não saiba onde adquirir suas Strong Gold Ale, o e-commerce de Eisenbahn já teve seu estoque devidamente abastecido para o evento. https://eisenbahn.com.br/loja/descloja.php.

O piloto do projeto pode ser visto nesse link http://twitcam.livestream.com/345s0.

O twitter de Eisenbahn é www.twitter.com/_eisenbahn_ e o do Juliano Mendes www.twitter.com/julianomendes ".

Recomendo demais que vejam o vídeo do I #provetuite no link http://twitcam.livestream.com/345s0. No vídeo tem uma aula de harmonização de Eisenbahn Kölsh com queijo brie. Eu já vi e realmente a aula do Juliano Mendes é muito boa. Com certeza vou assistir a segunda aula e aprender um pouco mais sobre o assunto.
Também iniciamos o Twitter do blog, o twitter.com/paraqvocerveja. Agora além de poder assistir o #provetuite também vou compartilhar informações do blog nessa rede social que pegou mesmo no Brasil.

23 janeiro 2011

Turismo cervejeiro em Nova Iorque - Visita à Brooklyn Brewery


A Brooklyn Brewery já foi motivo de post em outras oportunidades no aqui blog com as suas primeiras cervejas a chegar no Brasil (Lager, East IPA e Brown Ale) e com a espetacular Sorachi Ace. Desta vez vou descrever como foi a visita que fiz à cervejaria em outubro de 2010. Para quem está em Manhattan é bem fácil chegar no Brooklyn. Pegue qualquer linha do metrô em direção à 14th street, onde fica fica a linha L, e faça a baldeação. Na linha L vá em direção ao Brooklyn. Desça na estação Bedford Avenue, a primeira estação no Brooklyn. Da Bedford Avenue são somente 10 minutos de caminhada até a cervejaria.

As visitas na Brooklyn Brewery são guiadas e gratuitas, mas só acontecem aos sábados e domingos. Aos sábados tem visita guiada às 13, 14, 15, 16 e 17 horas, nos domingos às 13, 14 e 15 horas. Além dos sábados e domingos, a cervejaria também abre ao público nas sextas-feiras, mas somente para o happy hour das 18 às 23 horas, sem visitação.

Tanques logo na entrada da cervejaria.

Decidi fazer a visita no sábado. Quando cheguei na cervejaria, lá pelas 15 horas, o lugar estava lotado. Acho que tinha aproximadamente uma centena de pessoas aproveitando a tarde ensolarada de Nova Iorque para beber uma boa cerveja. Dava para perceber que era uma maioria de estudantes locais que sempre aproveitavam a estrutura montada pela cevejaria para receber pessoas aos finais de semana. Logo que cheguei já fui entrando com mais umas 30 pessoas para a visita guiada. Um funcionário da cervejaria guiava o grupo até o galpão onde ficam a cozinha e alguns tanques e lá mesmo ele fala de forma bem humorada sobre a história da cervejaria, um pouco sobre a fabricação de cervejas e mais algumas curiosidades.

Local utilizado pela cervejaria para a visita guiada.
Neste galpão ficam a cozinha e alguns tanques.

De onde estávamos era possível perceber que o algumas salas vizinhas ao galpão estavam em obras. Segundo o funcionário responsável pela visita, a Brooklyn estava passando por um proceso de expansão. A maioria das cervejas deles já não eram fabricadas ali. Toda a linha normal de cerveja era fabricada sob contrato em outra cervejaria localizada em outra cidade do estado de NY, a Matt Breweing Co, em Uthica. Ali no Brooklyn somente eram produzidas as cervejas especiais (garrafas de 750ml), da linha sazonal e da Brewmaster`s Reserve. Uma nova cervejaria estava em construção também fora da cidade, mas ainda no estado de NY e o espaço da cervejaria no Brooklyn seria aumentado em mais 1500 metros quadrados. Com a expansão, a capacidade de produção aumentaria de cerca de 10 mil para até 150 mil hectolitros anuais. Será que este aumento na produção vai ter alguma influência na chegada de mais cervejas da Brooklyn aqui no Brasil? Tomara que sim!

Tokens - fichas para trocar por cerveja a 4 dólates cada.


Balcão para compra de tokens e souvenirs.

Depois da visita guiada, estava pronto para beber algumas cervejas. Para beber lá você precisa comprar algumas fichas de madeira, que eles chamam de tokens, a 4 dólares cada uma. As cervejas mais comuns servidas "on tap", um chope de aproximadamente 400ml, valiam um token, enquanto as cervejas especiais "on tap" valiam dois tokens. Se você quisesse também poderia trocar três tokens por duas cervejas de 750 ml em garrafa. No dia havia disponível em 750ml as Local 1 e 2, além da Hopfen-Weisse. Já "on tap" era possível provar Pilsen, Light Ale, Weisse, Pumpkin Ale, Pennant Ale, East IPA, Detonation e Blast!, estas duas últimas da edição especial.

Cervejas disponíveis on tap.

Balcão com os taps, as torneiras de cerveja.

No grande salão onde as pessoas se reúnem, existem várias mesas aparentemente coletivas, no mesmo esquema de um biergarten alemão. Não tem nada para comer servido por eles, mas havia inúmeros folders de pizzarias próximas à cervejaria espalhados pelas mesas. Você pode pedir uma pizza para entregar no local.






Minhas cervejas escolhidas para beber no local foram, nesta ordem, Pennant Ale, Blast! e Detonation. Não anotei nada sobre a Pennant Ale 55`, pois na realidade ela foi consumida durante a visitação e por isso fiquei mais atento às explicações do que aos detalhes da cerveja. A Pennant Ale é uma Pale Ale bem fácil e extremamente refrescante. Foi uma ótima escolha para começar os trabalhos. Pennant significa flâmula e o nome da cerveja foi uma homenagem ao campeonato ganho pelo time de beisebol do Dodgers em 1955. Ela faz parte da linha normal da cervejaria e é disponibilizada o ano inteiro. Ela é bem fácil de encontrar pelas delis ou mercados de NY.

Amostras da Detonation (à esquerda) e da Blast! (à direita).

Brooklyn Blast! - American Double IPA, Ale, 9.2% ABV.

Cor: Âmbar, límpida.
Espuma: Cor marfim.
Aroma: Lúpulo (cítrico, floral, herbáceo, pinheiros, picante), frutado, cítrico, leve malte, caramelo, leve álcool.
Paladar: Malte, doce, caramelo, frutado, cítrico, lúpulo (cítrico, herbáceo), álcool, amargor final de grande intensidade e duração, bom corpo.

Cerveja bem amarga, assim como pede o estilo. A Blast! faz parte da série Brewmaster`s Reserve e nunca foi engarrafada. Ela fica disponível "on tap" na cervejaria somente em algumas oportunidades. Foi feita pela primeira vez há oito anos e sua receita tem uma mistura de 4 lúpulos americanos (Ahtanum, Cascade, Willamette e Palisade) e quatro lúpulos ingleses (East Kent Golding, Northdown, Challenger, Fuggle).


Brooklyn Detonation Ale- American Double IPA, Ale, 10.2% ABV.

Cor: Cobre, límpida.
Espuma: Cor bege.
Aroma: Lúpulo (herbáceo mais intenso, cítrico, floral, picante), frutado, cítrico, malte, caramelo, álcool mais intenso.
Paladar: Malte, doce mais intenso, caramelo, frutado, cítrico, lúpulo (herbáceo, cítrico, picante, )álcool mais presente, amargor final de intensidade e duração maiores ainda, bom corpo.

Cerveja extrema. Ela é mais escura, mais herbácea e mais amarga que a Blast!. Também faz parte da Brewmaster`s Reserve e foi feita pela primeira vez em 2010. Sua receita leva o famoso malte inglês Maris Otter, além de German Pilsner, British Crystal e açúcar demerara. Uma avalanche de diferentes tipos de lúpulo é utilizada, sendo eles Willamette, Amarillo, Palisade, Sorachi Ace (japonês), Simcoe, Cascade e East Kent Golding (Inglaterra).

18 janeiro 2011

De Ranke - XX Bitter, Guldenberg e Noir de Dottignies


Em 1994, Nino Bacelle fundou uma cervejaria e deu à ela o seu nome . No início, a única cerveja produzida era a Guldenberg. Nino já tinha experiência na fabricação de cerveja desde 1981, mas depois de realizar um curso de mestre cervejeiro na década de 90, ele decidiu comercializar a sua própria cerveja. No início, ele realizou um contrato com uma cervejaria já existente para produzir a Guldenberg. A cervejaria escolhida foi a Deca Services, localizada no oeste da Bélgica.

Na metade dos anos 90, Nino conheceu Guido Devos em uma associação de degustadores de cerveja chamada HOP. Em 1996, Nino e Guido se associaram e a cervejaria Nino Bacelle se tornou a cervejaria De Ranke. Outras cervejas surgiram depois da união de Nino e Guido, entre elas a XX Bitter, uma Belgian India Pale Ale que se tornou o símbolo da cervejaria.

Em 2008, após 11 anos fabricando suas cerveja sob licença na Deca, uma nova cervejaria foi montada em Dottignies, na província de Hainaut, também na Bélgica. Em 2010, as cervejas da De Ranke chegaram ao Brasil pela primeira vez. As primeiras a vir foram XX Bitter, Guldenberg, Noir De Dottignies, Saison De Dottignies (a primeira Saison no Brasil), Cuvée De Ranke e Kriek De Ranke. Neste post vou comentar minhas impressões sobre as três primeiras.

De Ranke XX Bitter - Belgian IPA, Ale, 6.2% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Amarela, levíssima turbidez.
Espuma: Alta formação, boa duração, cor branca, bem consistente, deixa muitas marcas no copo.
Aroma: Frutado (abacaxi, laranja), cítrico, lúpulos nobres (floral, herbáceo, picante, cítrico, condimentado), leve malte.
Paladar: Leve malte, frutado (abacaxi, laranja), cítrico, lúpulo (condimentado, picante), bom amargor final de alta intensidade e duração, alta carbonatação, corpo médio.

Ótima cerveja. As características mais marcantes vêm do lúpulo. Tem uma intensidade pouco vista até mesmo em outras cervejas belgas do mesmo estilo. A carcterística que mais se sobresaiu foi o herbáceo, seguido pelo picante, o condimentado, o floral e o cítrico. O aroma de lúpulo é delicioso e tem com certeza a presença de lúpulo nobre. Segundo o site da cervejaria, eles usam Hallertau, o tal lúpulo nobre, e Brewers Gold. O perfil de malte é bem simples. O amargor é extremo e pode assutar os menos acostumados, mas eu adorei. Ela é considerada uma das melhores Belgian IPA do mundo.

Guldenberg - Belgian Tripel, Ale, 8.5% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Dourada, levíssima turbidez.
Espuma: Boa formação, média/baixa duração, cor branca, bem compacta, deixa muitas marcas.
Aroma: Malte, lúpulo (herbáceo, condimentado), frutado (maçã, pêra), leve fenólico.
Paladar: Malte, pão, lúpulo (herbáceo, condimentado), frutado, leve citrico, fenólico, picante, amargor final de boa intensidade e duração, boa carbonatação, corpo médio, seca.

Ótima cerveja. Fácil de beber. Menos cítrica que outras Tripels que já provei, mas ainda assim bem frutada, lembrando maçã e pêra, com um fenólico mais discreto mas presente principalmente no sabor. Um bom amargor finaliza o conjunto, assim como nas melhores Tripels. Álcool extremamente bem inserido, quase que imperceptível.

Noir De Dottignies - Belgian Strong Dark Ale, 9% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Marrom, turva.
Espuma: Boa formação, média duração, cor bege.
Aroma: Malte, doce, caramelo, toffee, frutado (passas), picante, álcool.
Paladar: Malte, doce, caramelo, toffee, frutado (passas), lúpulo (condimentado, leve herbáceo), cítrico, picante, leve álcool, bom amargor final balanceado por uma leve doçura, bom corpo.

Boa cerveja. Aroma bem maltado e adocicado, com algo frutado. No sabor o lúpulo aparece no conjunto, com algo cítrico e um bom amargor. O álcool aparece bem mas está equilibrado com o restante do conjunto.

16 janeiro 2011

Stone Ruination IPA


Mais uma cerveja da Stone no blog. Esta cervejaria californiana ficou famosa pelas suas cervejas extremas e pela irreverência. A Stone Ruination IPA é uma American Double IPA produzida o ano inteiro pela cervejaria. No rótulo podemos ler que esta cerveja é um poema líquido em homenagem à glória do lúpulo.

India Pale Ale (IPA) é um estilo de cerveja típico da Inglaterra surgido durante o século XVIII, época que a Índia era uma colônia inglesa. Segundo relatos, existia a necessidade de fabricar uma cerveja que pudesse ser transportada nas longas viagens de 4 meses entre a Inglaterra e a Índia sem que chegasse estragada. Cervejas com maior teor alcoólico e maior presença de lúpulo conseguiam se manter mais estáveis durante as viagens, já que tanto o álcool como o lúpulo possuem propriedades conservantes. A India Pale Ale foi portanto uma adaptação das tradicionais English Pale Ales (ales pálidas) que, devido ao maior teor alcoólico e à maior proporção de lúpulo, adquiriram mais corpo e amargor.

Voltando à Stone Ruination IPA, ela possui mais de 100 IBU. O IBU (International Bitterness Unit) é a unidade de medida de amargor. Ele é medido de acordo com o tipo de lúpulo usado na cerveja, a quantidade de alfa ácidos (a substância que tem propriedades amargas) desses lúpulos, o tempo de fervura pelo qual passou cada lúpulo e a quantidade utilizada. Apesar de ser uma medida objetiva, a percepção do amargor é algo bem subjetivo, pois depende de outros fatotes, como a quantidade de açúcar residual na cerveja. Quanto mais doce a cerveja, menor será a percepção do amargor. Para se ter uma idéia da magnitude de amargor da Ruination IPA, as cervejas cormerciais comuns brasileiras têm em torno de 10 a 12 IBU. As IPA inglesas clássicas têm em torno de 40 a 60 IBU e as IPA americanas têm de 40 a 70 IBU. A IPA mais básica da Stone tem 77 IBU e já é bem amarga. A corrida pela fabricação da ceveja mais amarga e com maior IBU é algo pelo qual os americanos passam há alguns anos e é bem fácil perceber isso nas prateleiras dos mercados americanos.

Stone Ruination IPA - American Double IPA, Ale, 7.7% ABV, garrafa 355ml.

Cor: Âmbar, levíssima turbidez.
Espuma: Boa formação, média duração, cor marfim, bem consistente, deixa marcas no copo.
Aroma: Lúpulo (cítrico, floral, herbáceo, pinheiro), frutado, laranja, limão, leve malte, caramelo, mel, leve álcool.
Paladar: Malte, caramelo, doce, lúpulo dominante (cítrico, herbáceo), frutado, limão, laranja, leve álcool, amargor final de lata intensidade e duração, bom corpo.

Cerveja extrema. As notas adocicadas de malte e o álcool ajudam a equilibrar as notas amargas, e geralmente são utilizadas para equilibrar cervejas mais amargas como as IPA e ainda mais nas American Double IPA. Na Ruination fica bem fácil perceber a existência de malte, com notas de caramelo e algo de mel, e o álcool também. Apesar disso não existe muito equilíbrio nesta cerveja. O que domina mesmo é o lúpulo, com notas bem complexas herbáceas, de pinheiros, florais, mas principalmente cítricas. O aroma é delicioso. Eles deixam bem claro o que você vai encontrar na cerveja antes mesmo de abrí-la. Até no Pint da Ruination há a inscrição: "I`m very bitter... and I like this", ou seja, sou bem amarga... e adoro isso!

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