A Cervejaria Van Steenberge surgiu no ano de 1874 na província de Flandres Oriental no norte da Bélgica. Naquela época a cervejaria ainda tinha o nome de De Peer. Seu criador foi Jean-Baptist De Brui, casado com Angelina Schelfaut. O casal não teve filhos e por isso quem cuidou da cervejaria depois deles foi o sobrinho de Angelina, Jozef Schelfaut. Este investiu na plantação de 2 hectares de lúpulo e na construção de uma maltaria. Anos mais tarde, em 1922, quem assumiu a cervejaria foi Paul Van Steenberge, engenheiro químico e professor de microbiologia, casado com a filha de Jozef Schelfaut. Ele mudou o nome da cervejaria para BIOS, que significa vida em grego. Hoje quem cuida da cervejaria é o seu neto, que também tem o nome Paul Van Steenberge.
Entre as cervejas mais conhecidas da Cervejaria temos a Piraat em duas versões, com 9 ou 10,5% ABV, a Augustijn, a Leute Bokbier e a Gulden Draak, uma deliciosa Belgian Dark Strong Ale. No próximo post vou descrever a minha degustação da Gulden Draak.
Curiosamente eles também possuem a licença para produzir e distribuir a Celis Whitte, do mesmo criador da Hoegaarden, Pierre Celis. Leia mais sobre a história de Pierre Celis e das cervejas Hoegaarden e Celis Whitte clicando aqui.
Tive o prazer de desgustar a Piraat 10,5° em duas oportunidades. Esta cerveja é refermentada na garrafa, sendo considerada pelo fabricante uma cerveja viva. Ela é relativamente fácil de encontrar em lojas ou mercados no Sul e Sudeste do Brasil. É possível vê-la classificada como Belgiam Tripel, Belgian IPA (Beer Advocate) e Belgiam Strong Ale (Rate Beer). O estilo Belgiam IPA é relativamente novo e deriva das Double/Tripel IPA's americanas. Na realidade elas são uma resposta ao interesse do mercado americano por cervejas bem lupuladas. Em outra oportunidade vou descrever melhor este estilo e algumas de suas cervejas representantes. Quanto à Piraat, acho que ela fica bem descrita como uma Belgian Golden Strong Ale.
Segundo a cervejaria, o nome Piraat é inspirado nas expedições dos Vikings pelo mar há mais de 1200 anos. Eles precisavam de uma cerveja forte para não estragar durante as viagens e que também servisse como uma fonte de nutrientes e de coragem para os guerreiros navegantes.
Piraat 10,5° - Belgian Golden Strong Ale, Ale, 10.5%ABV, garrafa 330ml.
Cor: Dourada intensa, turva.
Espuma: Altíssima formação e alta duração, cor branca, belíssima consistência, bem firme, deixando muitas marcas pelo copo.
Aroma: Malte, doce intenso, frutado (damascos, abacaxi), fermento, picante, condimentado, álcool.
Paladar: Malte, doce intenso, frutado (damascos, abacaxi), fermento, picante, condimentado, álcool, amargor final seguido de sensação doce.
Boa cerveja. Bem frutada e bastante fenólica (sensação condimentada e picante derivada da reação de fermentação). O álcool é bem presente tanto no aroma quanto no sabor, não dá para não notá-lo. Consegue esquentar o corpo, mas apesar disso ele não incomoda. Prefiro considerar como uma qualidade e não um defeito, visto a complexidade de aromas e sabores que acompanham a sensação alcoólica. O amargor está presente e parece ser potencializado pela sensação picante e alcoólica, mas não é duradouro.
Quando vi a classificação de Belgian IPA no Beer Advocate, considerando que as IPA são bem amargas, estava esperando um amargor mais assertivo. Não foi o que encontrei e por isso preferi classificá-la como Belgian Golden Strong Ale.
Não perca a degustação da Gulden Draak no próximo post.
3 comentários:
A Piraat é superlativa em todos os sentidos, forte não só no teor alcoólico, mas também no aroma e sabor. Não é exatamente o tipo de cerveja "fácil de beber", e não a recomendaria para os iniciantes em cervejas especiais. Mas para ocasiões especiais ela vai muito bem. Pena que ela sumiu das gôndolas do Carrefour...
Olá Claudinei,
Concordo contigo que esta cerveja pode assustar aqueles que ainda não estão acostumados com cervejas tão diferentes. Mas, para quem conhece, esta é uma ótima cerveja. Cheia de sabor e aroma, que é exatamente o que procuramos em boas cervejas. Acho ela superprazerosa de beber, só não acho que dê para tomar em grandes quantidades.
Vejo sempre seus comentários em outros blogs e comunidades e fico feliz com sua visita.
Grande abraço.
Quando eu era jovem, tudo o que eu bebia cerveja na era disco. Mas agora que eu tenho 50 anos, eu não gosto de cerveja. Eu bebo vinho tinto ou branco, eu gostaria de jantar com vinho. Meu irmão me trouxe vinho grand cru da Bélgica, é um vinho fino e exquisisto.
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