08 março 2013

A cerveja e as mulheres.




A cerveja é uma bebida fortemente associada ao mundo masculino. Mulheres também bebem cerveja, mas a imagem do produto em geral é bem mais masculinizada. Até as propagandas de televisão costumam mostrar mulheres bonitas para atrair o publico alvo masculino. Por mais que nossa sociedade tente associar a cerveja ao mundo masculino, dentro da história da humanidade a mulher teve papel tão ou mais importante que o homem na fabricação da cerveja.

Na civilização Suméria, tida como criadora da cerveja, as mulheres eram as responsáveis pela sua fabricação. Elas eram conhecidas como Sabtiem e um poder divino era atribuído a elas, pois não se sabia que a fermentação era provocada pelas leveduras. Fazer cerveja era uma atividade doméstica, assim como cozinhar e cuidar dos filhos. Enquanto os homens saíam para caçar e pescar, as mulheres produziam cerveja. Nessa época a bebida fazia parte da dieta básica e era consumida por toda a família como alimento e fonte de nutrientes. A importância da mulher era tanta que até a divindade da cerveja na Suméria era uma Deusa, Ninkasi. A primeira receita de cerveja de que se tem notícia é uma oração à Ninkasi.


A tradição da fabricação da cerveja em casa se prolongou durante muito tempo. Na idade média as mulheres ainda predominavam na atividade. Na Inglaterra era permitido o comércio do excedente da Ale produzida. As mulheres eram conhecidas como Alewives. O comércio dos excedentes acabou por ajudar na abertura de várias tabernas.

O uso do lúpulo em cerveja é uma contribuição dos estudos da abadessa Hildegarda von Bingen. Ela relatou em um livro as propriedades conservantes do lúpulo. Antes do uso do lúpulo, uma mistura de ervas chamada gruit era mais propular para temperar as cervejas.
A diminuição do papel da mulher na fabricação da cerveja ocorreu a partir do final da idade média. A atividade foi ganhando força e se mostrando uma ótima forma de fazer dinheiro. A fabricação foi aumentando em volume e saindo gradualmente das casas para as cervejarias. Com isso o homem foi tomando o papel da mulher.

Hoje a mulher está retomando seu papel no mundo da cerveja. No Brasil temos mulheres consideradas ícones na fabricação e estudo de mercado da cerveja como as mestres cervejeiras e bier someliéres Cilene Saorin, Kátia Jorge e Amanda Reitenbach e a bier someliére Kathia Zanatta. Grupos de mulheres também mostram sua força como consumidoras como a as confrarias CONFECE de Belo Horizonte e Maltemoiselles de São Paulo. Além dos grupos que se reúnem para beber e estudar existem as que também fazem cerveja em casa como as FemAles Cariocas.

Nós homem temos mais um bom motivo para agradecer às mulheres: a nossa tão amada cerveja!


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