30 março 2009

Aecht Schlenkerla Rauchbier Marzen

Rauchbier é um estilo alemão de cerveja de baixa fermentação (lager) com aroma e sabor defumado. A secagem do malte de cevada para este tipo de cerveja é realizada através da queima de madeira, que produz fumaça e passa esta característica para o malte. Antigamente este proceso de secagem do malte era largamente utilizado na Alemanha, mas foi sendo substituído por outros métodos que produziam maltes mais claros devido ao sucesso das cervejas claras. As Rauchbiers modernas se tornaram tradição na cidade de Bamberg na Francônia, apesar de que hoje somente duas cervejarias produzem este estilo de cerveja na cidade, a Brauerei Spezial e a Heller-Bräu Trum KG, que produz a Aecht Schlenkerla Rauchbier.

A cervejaria foi fundada no ano de 1678 em um prédio que fora um antigo mosteiro. Em 1901, Michael Graser se tornou dono da cervejaria. Ele andava movimentando os braços de uma forma engraçada. No dialeto da Francônia, esta forma de andar era chamada de "schlenkern". As pessoas foram chamando o lugar por este nome, que permanece até hoje. Nas garrafas da cerveja é possível ver um desenho que tenta descrever esta forma de andar do antigo proprietário. O nome da cerveja é resultado da união das palavras Aecht, que significa genuino em alemão antigo, Schlenkerla, que descreve a forma engraçada de andar de Michael Graser que virou o nome da Taverna/Cervejaria, e Rauchbier, que significa cerveja defumada, já que rauch é fumaça em alemão.

Além da Marzen, a Heller-Bräu, produz ainda uma cerveja de trigo defumada (Rauch Weizen), uma Rauchbier Bock (Ur-Bock) e uma Lager clara (Helles Lager). No Brasil somente podemos encontrar a Marzen, além de algumas versões de cervejarias brasileiras como a Eisenbahn Rauchbier e a Bamberg Rauchbier, ambas com um defumado menos potente, mas bem perceptível. Aparentemente, as Rauchbiers são cervejas mais lupuladas do que lagers comuns para contrabalancear a potência dos maltes defumados.


Aecht Schlenkerla Rauchbier Marzen - Rauchbier, Lager, 5.1%ABV, garrafa 500ml.

Cor: Cobre escura, límpida.
Espuma: Média formação e baixa duração, de cor bege clara.
Aroma: Defumado intenso, bacon, torrado, malte, doce, lúpulo.
Paladar: Defumado, bacon, torrado, malte, doce, amargor final, corpo médio.

Muito boa, diferente e agradável apesar de ser extrema. O defumado e o bacon dominam o conjunto e são bem extremos. Costumo chamar esta cerveja de bacon líquido. Quando você se acostuma, pode ser tomada até em maiores quantidades. Para quem está conhecendo, pode ficar um pouco enjoativa e até mesmo assustar um pouco. As versões de cervejarias brasileiras podem ser uma boa opção para começar a se acostumar melhor com o estilo.

Rauchbier com feijoada, uma ótima combinação.

Na zitogastronomia, harmonização de cervejas com gastronomia, as Rauchbiers são uma ótima opção para harmonizar com carne de porco e salchichões. Feijoada também é uma boa escolha e combina perfeitamente com esta cerveja. Não sou fumante, mas as Rauchbiers também podem ser harmonizadas com charutos.

26 março 2009

Delirium Tremens e Delirium Nocturnum


A Brasserie Huyghe nasceu no ano de 1906 quando Léon Huyghe chegou na cidade de Melle, na província de Flandres Oriental na Bélgica, e comprou uma antiga cervejaria. No início, Huyghe deu o nome de Mouterij den Appel à sua cervejaria. Durante a I Guerra Mundial, os tanques de brassagem e fervura foram todos confiscados pelos invasores alemães pois eram de cobre. Estes tanques tiveram que ser repostos depois. Somente em 1938 a cervejaria recebeu o nome de Brasserie Léon Huyghe.

Até 1985, o foco da cervejaria era a produção de cerveja pilsen. Depois de grandes investimentos em uma reforma radical na empresa é que a produção de cervejas Ales foi iniciada. A mais conhecida delas é a Delirium Tremens, uma Belgian Strong Ale que foi produzida pela primeira vez no dia 26 de dezembro de 1989. Esta cerveja é o resultado do uso de três diferentes tipos de fermento. Sua embalagem é bem diferente, sendo a garrafa branca, lembrando o aspecto de cerâmica, e no rótulo um elefante cor-de-rosa é o principal elemento. Provavelmente a garrafa da Bohemia Confraria foi inspirada nesta aqui. A Delirium Tremens ficou famosa no mundo cervejeiro e já foi considerada a melhor cerveja do mundo quando recebeu a medalha de ouro no World Beer Champioship em Chicago no ano de 1998.



O nome Delirium Tremens, em latin, é utilizado para descrever a reação de psicose causada pela abstinência em alcoólatras. Deve ser por isso que o símbolo da cerveja é um elefante cor-de-rosa. Quando esta cerveja chegou pela primeira vez ao mercado americano tiveram que recolher todas as garrafas pois existe uma lei por lá que proíbe o incentivo ao consumo exagerado de bebidas alcoólicas. Acreditava-se que seu nome provocava as pessoas a beber como loucos além de ser ofensivo àqueles que possuíam a reação (delirium tremens) verdadeiramente. Ela foi durante esta época comercializada com o nome de Mateen Tripel nos EUA.

Hoje a cervejaria produz também na linha da Delirium Tremens, a Delirium Nocturnum e a Delirium Noel, sazonal de Natal. Outras cervejas como as famosas fruit beers Floris também fazem parte do portifólio da empresa.


Delirium Tremens - Belgian Golden Strong Ale, Ale, 8.5%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Dourada, levemente turva.
Espuma: Boa formação e média duração, de cor branca, boa consistência.
Aroma: Malte, doce, frutado (abacaxi), fermento, fenólico, picante, condimentado,leve álcool.
Paladar: Malte, doce, frutado (abacaxi), fenólico, picante, condimentado, álcool, bom amargor final, bom corpo.

Ótima cerveja. Uma clássica belga que deve ser degustada por todos que se interessam por boas cervejas. Esta belezinha é encontrada com muita facilidade por toda a Europa, até mesmo em supermercados. Esta garrafinha aí foi comprada pelo meu irmão no El Corte Inglês de Lisboa por 2 Euros. Pena que não seja tão fácil de comprá-la aqui no Brasil, considerando tanto o preço quanto a disponibilidade.



Delirium Nocturnum - Belgian Dark Strong Ale, Ale, 8.%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Marrom, turva, presença de muitos sedimentos de fermento.
Espuma: Alta formação e média duração, cor bege escura, boa consistência.
Aroma: Malte, doce, frutado (ameixas, passas), caramelo, toffee, torrado, fermento, fenólico, picante, condimentado, leve álcool.
Paladar: Malte, doce, frutado (ameixas, passas), caramelo, toffee, fenólico, picante, condimentado, leve torrado, leve acidez, álcool, amargor final potencializado pela sensação alcoólica e picante, ótimo corpo, licoroso.

Ótima cerveja. Bem complexa e saborosa. Tanto o aroma quanto o sabor são muito bons, com boa presença de maltes, um bom frutado lembrando frutas escuras secas e bastante fenólica. Bom amargor no final. O corpo é maravilhoso, bem denso e licoroso. Uma cerveja muito prazerosa de se beber. Esta felizmente já está bem mais fácil de ser encontrada no Brasil. Uma loja virtual está vendendo ela já desde 2008.



O Delirium Café é um bar que faz parte da empresa sendo localizado em Bruxelas, com filiais nos EUA, Japão e Suécia e que já esteve no livro do recordes com a maior carta de cervejas do mundo. Geralmente estão disponíveis para os clientes do bar cerca de 2.000 cervejas diferentes. Visite o site do bar clicando aqui.

22 março 2009

Strong Suffolk Vintage Ale


A cervejaria Greene King foi fundada no ano de 1799 na cidade de Bury St. Edmunds do condado de Suffolk no leste da Inglaterra. Hoje a empresa é dona também de Pubs e cadeias de hotéis. Entre as cervejas produzidas por esta cervejaria temos várias que são possíveis de serem encontradas no Brasil, entre elas a Old Speckled Hen, Abbot Ale, Greene King IPA, Ruddles County, Hen's Tooth e a Strong Suffolk Vintage Ale, que será tema deste post.

Esta cerveja é fruto da mistura de duas Ales. Uma delas é a Old 5X, uma cerveja com alto teor alcoólico (12%ABV) que matura durante 2 anos em barris de carvalho. A outra é a BPA, uma Ale nova que é misturada pouco antes do engarrafamento. O resultado é uma cerveja maravilhosa, frutada e complexa com teor acoólico de 6%. A Strong Suffolk pode ser adegada durante alguns anos que evolui bem e sem problemas. Tenho uma garrafa aqui guardadinha para ver o que acontece depois de alguns anos. A garrafa degustada e descrita aqui foi uma versão nova, inclusive com a garrafa transparente, que só chegou por aqui em 2008. Antes as garrafas eram de cor ambar.


Algo bem interessante que vale a pena ser citado é a frase presente no contrarrótulo: "Please take as much care enjoying our beers as we do brewing them." Ou seja, tenha todo o cuidado ao apreciar nossas cervejas quanto nós temos ao fabricá-las. Sinal de que o produto é de qualidade.



Strong Suffolk Vintage Ale - Old Ale, Ale, 6%ABV, garrafa 500ml.

Cor: Marrom escura, reflexos vermelho rubi.
Espuma: Média formação e duração, cor bege escura, boa consistência, deixa marcas pelo copo.
Aroma: Malte, doce, caramelo, toffee, frutas escuras (passas, ameixa), torrado, lúpulo, madeira.
Paladar: Malte, doce, caramelo, toffee, frutas escuras (passas, ameixa), torrado, lúpulo, madeira, leve picante (fenólico) amargor final com boa duração, bom corpo.

Ótima cerveja. Bem complexa, com boa presença de maltes torrados que intensificam o amargor do lúpulo. Frutado claro sugerindo ameixa e passas. É possível detectar a presença de um aspecto amadeirado, mas este é bem sutil e mais difícil de identificar, não impossível. A temperatura que ficou mais interessante foi entre 12 e 15°C. Recomendo degustá-la ligeiramente mais fria e deixar esquentar gradualmente no copo.

Esta cerveja é facilmente encontrada em mercados de São Paulo, Rio de Janeiro e em geral no Sul-Sudeste brasileiro. Entretanto, por aqui é impossível encontrá-la. Por que será que os importadores ainda não conseguem trabalhar melhor seus produtos em outros mercados fora do eixo Sul-Sudeste? As cervejas especiais já estão tendo uma entrada em outros mercados , como aqui em Fortaleza.

16 março 2009

Belle-Vue Kriek

Belle-Vue significa bela vista. A cervejaria Belle-Vue foi fundada no ano de 1913 por Philémon Vandenstock e hoje faz parte do grande grupo cervejeiro Anheuser-Bush InBev. As cervejas produzidas por esta cervejaria são todas lambics, de fermentação espontânea, e podem ser encontradas as versões Geuze, Framboise, Kriek e Extra Kriek. Uma marca das Lambics da Belle-Vue é que estas são menos ácidas e mais adocicadas que outras Lambics mais tradicionais, sendo consideradas por isso versões mais comerciais e que assustam menos os consumidores ainda não acostumados com o estilo.

Saiba mais sobre o processo de fabricação de cervejas Lambic clicando aqui.

A Belle Vue Kriek inicia como uma Gueuze envelhecida por 3 anos em barris de carvalho. Cerejas ácidas são maceradas junto com esta cerveja e mais 1 ano de maturação ocorre. No Brasil, com a importação de algumas cervejas da InBev, foi possível encontrar a Belle-Vue Kriek nos anos de 2007 e 2008. Por hora ela desapareceu das gôndolas de supermercados e lojas especializadas. Eu tinha algumas garrafas dela guardadas e pude registrar a degustação para dividir a experiência com os leitores do blog.


Belle-Vue Kriek - Fruit Lambic, Lambic, 5.1%ABV, garrafa 375ml.

Cor: Vermelha, límpida.
Espuma: Boa formação e média/baixa duração, cor rosada, boa consistência, deixando muitas marcas pelo copo.
Aroma: Doce, cerejas, acidez, avinagrado.
Paladar: Doce, cerejas, acidez, avinagrado, alta carbonatação, corpo médio, final bem azedo seguido por sensação doce.

Cerveja boa e diferente. Apesar de ser uma versão mais comercial e menos ácida que as Lambics mais tradicionais, ainda assim apresenta uma boa complexidade e demonstra bem o que é o estilo. É uma ótima cerveja para se iniciar no mundo das Lambics. A presença de cerejas é bem forte e deixa a cerveja com um azedo bem marcante. É algo que me agrada muito mas pode assustar algumas pessoas. Por ser muito doce, também pode se tornar enjoativa em grandes quantidades. Pode ser considerada uma cerveja de sobremesa.


Fiz um teste harmonizando a Belle-Vue Kriek com chocolate amargo e com um chocolate branco com pedaços de frutas vermelhas fabricado por uma grande marca brasileira. Com o chocolate amargo ocorreu uma harmonização por contraste entre o amargo do chocolate e o doce e azedo da cerveja. No caso do chocolate branco, ocorreu uma harmonização por semelhança entre o azedo presente nas frutas vermelhas e na cerveja, além do aspecto doce também em comum.

14 março 2009

Falke Tripel Monasterium

Depois do último post sobre as cervejas da microcervejaria Falke Bier (leia clicando aqui) de Minas Gerais fiquei devendo uma avaliação da melhor cerveja que eles produzem por lá, a Falke Tripel Monasterium. Esta é a primeira cerveja do estilo Tripel feita no Brasil e foi lançada no ano de 2006 em uma parceria da Falke com o mestre cervejeiro Paulo Schiaveto, graduado na Bélgica.

O estilo Tripel é tipicamente belga e leva ingredientes diferentes. A Monasterium recebe malte de cevada, malte de trigo e aveia, resultando em uma cerveja deliciosa e de alto teor alcoólico. Uma curiosidade sobre a Monasterium é que na última fase de produção ela é envassada em garrafas de 750ml parecidas com garrafas de champanhe e recebe uma pequena quantidade de levedura para passar pelo processo de refermentação dentro da garrafa. Estas garrafas ficam deitadas em uma cave dentro da cervejaria, com temperatura controlada, permitindo que após a refermentação a cerveja mature por mais alguns dias até estar pronta para ser comercializada. Todo o processo de fabricação dura em torno de 75 dias. Diz a lenda que até música clássica é tocada dentro desta cave para ajudar a levedura a trabalhar melhor. Imagine então como deve ser o sabor de uma cerveja fabricada com leveduras que trabalham ao som de música clássica. Uma delícia!


Falke Tripel Monasterium - Belgian Tripel, Ale, 9%ABV, garrafa 750ml.

Cor: Ambar, turva.
Espuma: Alta formação, média duração, cor bege clara, bolhas bem pequenas, boa consistência, deixa marcas pelo copo.
Aroma: Malte, doce, lúpulo, cítrico, caramelo, mel, fenólico, picante, condimentado.
Paladar: Malte, doce, cítrico, caramelo, mel, picante, condimentado, amargor final de média duração, ótimo corpo.

Ótima cerveja. Fiquei surpreso com a qualidade da Monasterium. É uma tripel que apesar de ser menos picante e alcoólica que as irmãs belgas, se sobresai muito bem com um ótimo perfil de maltes e com um fenólico bem presente. O aroma se desprende facilmente e é delicioso. O sabor é complexo e também muito marcante. O álcool está divinamente bem inserido. Com certeza fica entre as melhores cervejas brasileiras e está entre as top da minha preferência.

08 março 2009

Eisenbahn Dunkel, Weizenbock e Strong Golden Ale

A cervejaria Sudbrack fabrica as cervejas Eisenbahn na cidade de Blumenau, a cidade da cerveja no Brasil. Em outros posts já descrevi um pouco a história desta microcervejaria, que fabrica algumas das melhores cervejas que encontramos hoje no Brasil, e as cervejas Eisenbahn 5, Lust e Oktoberfest.

Para ver estes posts clique nos links:

História da cervejaria e cerveja Eisenbahn 5.
Eisenbahn Lust.
Eisenbahn Oktoberfest.

Neste post vou descrever outras três cervejas espetaculares. A Eisenbahn Dunkel é uma cerveja escura, do estilo Schwarzbier (cerveja preta em alemão). Esta já pode ser considerada a cerveja brasileira com maior número de prêmios internacionais, são eles:

2007 - Medalha de broze no European Beer Star (Alemanha).
2008 - Medalha de prata no Australian International Beer Award (Austrália).
2008 - Medalha de bronze no World Beer Cup (EUA).
2008 - Medalha de broze no European Beer Star (Alemanha).

A Eizenbahn Weizenbock é uma cerveja de trigo escura e está entre as melhores cervejas produzidas no Brasil na minha opinião. Ela também ganhou prêmios internacionais:

2007 - Medalha de broze no European Beer Star (Alemanha).
2008 - Medalha de prata no Australian International Beer Award (Austrália).
2008 - Medalha de broze no European Beer Star (Alemanha).

Já a Eisenbahn Strong Golden Ale é uma das quatro cervejas fabricadas por esta cervejaria segundo o estilo belga de fazer cerveja. As outras são a Pale Ale no estilo Belgiam Pale Ale, a Dama do Lago no estilo Belgiam Dark Strong Ale e a Lust do estilo Biére Brut, cervejas que passam por uma segunda fermentação como champanhe. Para se ter uma noção do cuidado da Eisenbahn, a levedura para fabricar esta cerveja é trazida da Bélgica. Como curiosidade, a Strong Golden Ale é a cerveja que vai se transformar na Lust depois da adição de açúcar e levedura para champanhe.


Eisenbahn Dunkel - Schwarzbier, Lager, 4.8%ABV, garrafas 355ml.

Cor: Marrom escura, reflexos vermelho rubi, límpida.
Espuma: Média formação, média/baixa duração, cor bege.
Aroma: Malte, doce, torrado, lúpulo.
Paladar: Malte, doce, torrado, café, chocolate, amargor final, corpo médio.

Boa cerveja. Possui aromas e sabores variados e muito prazerosos, apesar de não ser tão complexa ou alcoólica. A característica mais marcante é o torrado, que deriva de maltes torrados e lembram bem café e chocolate no sabor. Quando esquentou no copo ficou mais gostosa, por isso recomendo degustar a 5-9°C.


Eisenbahn Weizenbock - Weizenbock, Ale, 8%ABV, garrafa 355ml.

Cor: Marrom, reflexos alaranjados, turva pela presença do fermento (não filtrada).
Espuma: Média Formação, baixa duração, cor bege.
Aroma: Malte, doce, banana, cravo, caramelo, toffee, fermento, picante, leve álcool.
Paladar: Malte, doce, banana, cravo, caramelo, toffee, cítrico, fermento, picante, leve álcool, leve amargor, bom corpo.

Bela cerveja nacional. Deliciosa. Apresenta toda a gama de sabores e aromas possíveis de serem encontrados em uma Weizenbock e não faz nenhum esforço para se revelar. Esta cerveja disputa os mais altos postos nos concursos internacionais com a famosa Aventinus, já descrita em outro post. A grande diferença entre as duas na minha opinião é que a Eizenbahn Weizenbock é ligeiramente menos fenólica (picante), deixando mais fácil a tarefa de identificar outros sabores e aromas menos potentes como o frutado (banana). Não sei se isto se deve às condições que a Aventinus é submetida no transporte da Alemanha para o Brasil. Dessa forma a Eisenbahn é mais fresca do que ela. É uma das melhores cervejas feitas no Brasil. Uma das minhas preferidas.


Eisenbahn Strong Golden Ale - Belgian Strong Ale, Ale, 8.5%ABV, garrafa 355ml.

Cor: Cor Ambar, turva.
Espuma: Boa formação, média/baixa duração, cor bege.
Aroma: Malte, doce, frutado (banana), leve cravo, leve picante, fenólico, fermento, lúpulo.
Paladar: Malte, doce, frutado (banana), leve cravo, leve picante, fermento, leve amargor, bom corpo.

Boa cerveja. Já havia provado esta cerveja em várias oportunidades, mas quando tomei diretamente na taça dela a cerveja ficou bem melhor. O aroma e o sabor ficaram mais fenólicos. Será que realmente a taça fez diferença na percepção de aromas e sabores da cerveja ou é efeito psicológico? Juro que não sei, mas desconfio que as duas teorias podem ter contribuído. Porque será que na Bélgica cada cerveja possui um copo ou uma taça próprios e os bares seguem à risca esta tradição?

Agora que a Eisenbahn foi adquirida pelo grupo Schincariol já podemos ver uma pequena melhora na distribuição destas cervejas por todo o país, mas ainda não está da forma como eu esperava. Espero poder um dia contar com a distribuição de todas as cervejas da marca e não somente de algumas a preços bem acima do encontrado nos Estados das regiões Sul e Sudeste.

04 março 2009

Baden Baden Tripel


A micro cervejaria Baden Baden é uma das pioneiras no Brasil no ramo de cerveja artesanal e uma das mais conhecidas também. Ela foi fundada na cidade de Campos do Jordão no interior de São Paulo e já possui uma linha de 11 cervejas diferentes, todas disponibilizadas em garrafas exclusivas de 600ml.

-Red Ale: A primeira e mais conhecida de todas. É do estilo Barley Wine e outrora já foi considerada como a melhor cerveja feita no Brasil. Pode ser guardada por alguns anos e é a minha preferida desta cervejaria.
-Stout: Ganhadora da medalha de ouro no European Beer Star em 2008 com ótima presença de maltes torrados, lembrando café, e um bom amargor.
-Bock: Uma bock bem maltada e levemente amarga.
-Golden: Uma Golden Ale de perfil bem refrescante e levemente doce.


-Cristal: Uma american lager leve e de pouco amargor no perfil das industriais nacionais.
-1999: Uma Bitter Ale com bom perfil de maltes caramelados e um bom amargor final.
-Celebration Verão: Uma cerveja de trigo sazonal que não lembra muito as cervejas de trigo alemãs.
-Celebration Inverno: Uma doppelbock também sazonal.
-Christmas Beer: Uma ale bem leve e doce também sazonal.
-Weiss: Uma cerveja de trigo tradicional alemã, com um bom perfil frutado (banana) e fenólico (cravo).
-Tripel: Segundo o fabricante, uma cerveja Tripel com uma grande quantidade de maltes em sua receita e com impressionantes 14% de álcool em volume, a cerveja mais alcoólica fabricada no Brasil.


Em outros tempos também era possível encontrar a Baden Baden 20 anos, uma Porter muito gostosa.

Mais recetentemente a cervejaria foi adquirida pelo grupo Schincariol e também iniciou a vender algumas das suas variedades em garrafas de 310ml. Essas são cervejas relativamente fáceis de serem encontradas em todo o Brasil pois são comercializadas por uma grande cadeia de supermercados. Agora com o grupo Schincariol, acredito que a distribuição ficará melhor ainda.

A Baden Baden Tripel foi uma cerveja feita em quantidade limitada, somente 5 mil garrafas, todas numeradas. A apresentação da cerveja é muito bonita. As garrafas são acondicionadas em uma caixa luxuosa e são todas feitas em cerâmica com fechamento do tipo "swing-top" pela Ceramart, uma empresa de Santa Catarina que fabrica canecas em cerâmica para cerveja em estilo alemão e também foi responsavel por fabricar a exclusiva garrafa da cerveja Samuel Adams Utopias, uma raridade dificílima de comprar tanto pela exclusividade como pelo preço.



Tive a oportunidade de degustar e Tripel com o amigo Rodrigo Lemos do BeerArchitecture e as impressões estão abaixo.


Baden Baden Tripel - Tripel , Ale, 14% ABV, garrafa 600ml.

Cor: Cobre escura, límpida.
Espuma: Média formação e baixa duração, cor bege bem clara.
Aroma: Malte, doce, caramelo, álcool.
Paladar: Malte, doce, caramelo, álcool, picante, amargor.

Boa cerveja. Bem maltada e alcoólica. Quanto ao estilo, lembrou muito mais uma Malt Liquor, que é Lager, do que uma Belgiam Tripel. Parecida mesmo com a Samichlaus do rótulo escuro. Esse não é meu estilo favorito pois acho extremamente doce e alcoólico. Na comparação entre estas duas cervejas ainda achei a Baden Baden Tripel mais equilibrada e com o álcool inserido de maneira mais agradável. Esta garrafa era do lote 2 e tinha a numeração 4969, uma das últimas a serem engarrafadas.

01 março 2009

Thomas Hardy's Ale 2007

Thomas Hardy foi um grande romancista e poeta inglês que viveu de 1840 a 1928. Em 1968, durante um festival que celebrava o 40º aniversário da morte de Thomas Hardy, a cervejaria Eldridge Pope de Dorchester, que tinha suas cervejas muito elogiadas pelo escritor, resolveu lançar esta cerveja em sua homenagem. Hoja a produção é feita pela cervejaria O'Hallon's.

Todas as garrafas são safradas, com o ano da produção, e possuem uma numeração exclusiva. No rótulo da Thomas Hardy's Ale podemos ainda ler uma citação do autor contida no romance The Trumpet Major: "Era da mais bela cor que o olho de um artista poderia desejar em uma cerveja; encorpada, mas viva como um vulcão; picante, porém sem agredir; luminosa como um pôr-do-sol de outono". Esta foi realmente uma ótima maneira de trazer à realidade o que Thomas Hardy imaginou que seria uma ótima cerveja.

Esta é uma Vintage Beer, que matura gradualmente dentro da garrafa e pode ser guardada para ser degustada alguns anos depois. Muitos conhecedores dizem que não se deve tomar uma Thomas Hardy's que tenha somente entre 5 a 10 anos e que ainda podemos guardá-la para ser degustada até 25 anos depois.

A garrafa que eu degustei era do ano 2007 (não dá para esperar tanto!), e tinha a numeração Q51789.


Thomas Hardy's Ale - Barley Wine, Ale, 11.7%ABV, garrafa 250ml.

Cor: Cobre escura/marrom, altamente turva.
Espuma: Quase nenhuma formação espuma, que desaparece totalmente em alguns minutos.
Aroma: Malte, doce, frutado (passas, ameixa, cerejas), caramelo, toffee, rum, melaço, álcool, picante.
Paladar:Malte, doce, frutado (passas, ameixa, cerejas), caramelo, toffee, rum, melaço, álcool, picante, amargor final forte e prolongado, potencializado pela sensação picante, ótimo corpo, textura aveludada.


Que cerveja deliciosa! Ao abrir a tampa, parte do aroma já foi revelado. Ao servir, um pouco de decepção quanto à espuma. Mas ao sentir o aroma na taça já dava para esquecer por completo esta pequena decepção. Ótimo aroma de maltes caramelados e um frutado complexo e delicioso. O sabor é intenso, complexo e delicioso. Não tenho medo de colocá-la entre as melhores cervejas que já tive oportunidade de degustar. Ainda bem que tenho outra garrafinha guardada aqui e ainda pretendo comprar outras, apesar do preço combrado no Brasil (entre 28 e 35 reais). O álcool é bem presente, principalmente no sabor, mas combina muito bem com a potência dos maltes desta cerveja.
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