28 outubro 2010

40 cervejas "on tap" da Stone Brewery


No último dia 3 de outubro eu tive o prazer de ir a um evento no pub Ratle`N`Rum em Nova Iorque. O bar é uma Disneilândia para os amantes de cervejas diferentes e possui 40 opções "on tap", servida direto do barril como o nosso chope, fora as opções engarrafadas. Este era o último dia do NY Craft Beer Week e a cada dia da semana o pub fazia um evento com uma cervejaria americana diferente. Infelizmente não consegui ir nos outros dias, mas no dia da Stone Brewery eu não queria faltar.

Lista das 40 cervejas disponíveis "on tap". Clique na imagem para visualizar melhor.

20 torneiras de chope.

As outras 20 torneiras de chope.

Eram realmente 40 opções diferentes de cervejas "on tap" e a grande maioria delas de raridades e experiências que a Stone faz com frequência. Basta uma rápida visita no site beer advocate para ver a quantidade de cervejas cadastradas da Stone. Essas versões podem ter um double dry hopping, utilização de fermento belga em cervejas de estilos não belgas, adição de pimenta ou baunilha, mas principalmente maturação em barril de carvalho, que pode ter sido utilizado para bourbon, vinho tinto ou outra bebida.

Uma foto comigo e Greg Koch, um dos fundadores da cervejaria que estava presente no evento.


Não existia nenhuma degustação dirigida, nem palestra, era uma noite descontraída onde você podia frequentar o local normalmente e pedir sua cerveja de preferência. Infelizmente não existia a opção de pedir pequenas quantidades de cada uma para provar todas as cervejas e seria impossível beber todas as 40 na mesma noite, por mais que desse vontade! Tive que diminuir minhas expectativas e me contentar em beber somente 5. Vejam abaixo as opções que fiz naquela noite.


Stone Cali-Belgique - Belgian IPA, Ale, 6.9% ABV, 1Pint (473ml), US$ 8.

Cor: Âmbar, límpida.
Espuma: Cor marfim.
Aroma: Lúpulo, cítrico, frutado, laranja, tangerina, grapefruit, malte.
Paladar: Malte, adocicado, caramelo, lúpulo, cítrico, frutado, laranja, grapefruit, amargor final de grande intensidade e duração.

Boa cerveja. Cali é uma referência ao estado americano da Califórnia, onde talvez exista a maior concentração de cervejarias artesanais nos EUA. O Belgique é uma referência à levedura belga utilizada para fazer essa cerveja. A receita é a mesma da Stone IPA com a única diferença na utilização da levedura belga. Na realidade eu tenho provado algumas Belgian IPA`s ultimamente (elas devem aparecer em breve no blog) e a Cali-Belgique tem muito de Cali e pouco de Belgique. A utilização de grandes quantidades de lúpulo atrapalhou a percepção de características mais sutis proporcionadas pela levedura. Tanto a Stone IPA quanto a Cali-Belgique possuem nada menos que 77 IBU`s na escala de amargor. Ela não tem a leveza e a sutileza das minhas Belgian IPA`s preferidas.



Stone Ruination Double Dry Hopped - Imperial (Double) IPA, Ale, 7.7% ABV, 1 Pint (473ml), US$ 8.

Cor: Âmbar, levíssima turbidez.
Espuma: Cor marfim.
Aroma: Muito lúpulo, floral, cítrico, herbáceo, frutado.
Paladar: Lúpulo, frutado, cítrico, herbáceo, malte, caramelo, amargor final intenso e duradouro.

Ótima cerveja. Muito lúpulo no aroma e no sabor. O amargor é pujante mas existe algum equilíbrio proporcionado pelos maltes. A cerveja tem nada menos que 100 IBU, mas o dry hopping ajuda a ter um aroma mais intenso. Depois eu posto minhas impressões sobre a versão normal da cerveja engarrafada que trouxe comigo para o Brasil.


Stone Sublimely Self Righteous - Black IPA/ Cascadian Dark Ale, 8.7% ABV, 1 Pint (473ml), US$ 8.

Cor: Preta, opaca.
Espuma: Cor bege escura, deixa muitas marcas no copo.
Aroma: Lúpulo, cítrico, malte, torrefação, café.
Paladar: Malte, torrefação, café, frutado, cítrico, lúpulo, herbáceo, bom amargor, seca.

Muito boa. Diferente. Tem 90 IBU. Na realidade a Black IPA, ou Cascadian Black Ale, é um estilo novo inventado pelos americanos. Trata-se de uma Black Ale com a lupulagem de uma IPA, gerando uma cerveja com o perfil de aroma e amargor de lúpulo da IPA com a inserção de aromas e sabores de torrefação. Já tinha provado a Black IPA do Ricardo Rosa, a Lótus, também muito boa.



Stone Imperial Russian Stout Bourbon Barrel Aged 2008 - Imperial Stout, Ale, 10.5% ABV, 236ml, US$8.

Cor: Preta, opaca.
Espuma: Quase sem espuma, cor caramelo escura.
Aroma: Uísque intenso, baunilha intenso, madeira, álcool.
Paladar: Uísque, bourbon, baunilha, madeira, álcool, leve amargor, final doce, alcoólico e picante, com sensação de destilado, corpo denso.

Ótima cerveja. Esta é uma versão da Imperial Stout da Stone com maturação em barril de carvalho que foi utilizado em bourbon. Quando os americanos resolvem utilizar barril de carvalho eles não brincam! Impressiona a intensidade de sabor e aroma de uísque, bourbon, baunilha e madeira na cerveja. Muito mais intenso do que já provei em outras cervejas que também passaram por maturação em barril. São 90 IBU, mas a cerveja não é nem um pouco amarga. A versão é de 2008, o que já ameniza muito a intensidade de amargor.


Stone Old Guardian 2006 Bourbon Barrel Aged - Barley Wine, Ale, 11.26% ABV, 236ml, US$ 7.

Cor: Âmbar escura/cobre, truva.
Espuma: Sem espuma.
Aroma: Malte, doce, caramelo, melaço, toffee, uísque, leve baunilha.
Paladar: Malte, doce, caramelo, melaço, toffee, uísque, baunilha, madeira, álcool.

Ótima cerveja. Também uma versão mais envelhecida, de 2006, e por isso não tem muito amargor presente. Li que a versão normal ainda nova tem lúpulo bem presente tanto no aroma como em amargor.

Como dica para quem vai à Nova Iorque, sempre existem eventos cervejeiros em diferentes locais. Praticamente todo dia tem algo. Basta acessar o site Beer Menus e procurar pelos eventos.

Greg Koch posando para foto logo após escrever menssagem na parede do pub.

25 outubro 2010

Maredsous



As cervejas Maredsous levam são produzidas sob licensa pela Duvel Moortgat. Elas originalmente eram fabricadas pelo monastério beneditino de Maredsous e portanto são cervejas de abadia. A tradição de fabricação de cerveja dentro de mosteiros vem desde a idade média na Europa e algumas dessas receitas sobrevivem até hoje.

Outras cervejas feitas dentro de mosteiros são as trapistas. A diferença é que as trapistas são feitas dentro de mosteiros da Ordem Cistercienses da Estrita Observância, ou simplesmente trapista, enquanto as de abadia, apesar de terem suas origens dentro de abadias também católicas, podem e hoje são fabricadas mais em grandes cervejarias com a devida licensa das abadias de origem.

As cervejas Mardesous já estão disponíveis no Brasil há alguns anos e neste último ano passaram por uma mudança na sua imagem, mas não da receita. Abaixo a minhas impressões sobre todas as 3 versões.


Maredsous Blond - Belgian Blond Ale, 6%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Dourada intensa, límpida.
Espuma: Média formação e baixa duração, cor marfim.
Aroma: Malte, frutado, cítrico, condimentado, leve fenólico (cravo).
Paladar: Malte, frutado (laranja, abacaxi), cítrico, condimentado, leve amargor final, corpo médio/baixo.

Boa cerveja. Muito parecida com outras belgas do mesmo estilo.



Maredsous Bruin - Belgian Dubbel, Ale, 8%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Marrom, límpida.
Espuma: Boa formação e duração, cor bege escura, bem consistente, forma picos.
Aroma: Malte, torrefação, chocolate, café, frutado (frutas escuras, passas, ameixa), leve fenólico.
Paladar: Malte, adocicado, torrefação, café, fermento, leve frutado (ameixa), vinho do porto, leve álcool, leve acidez, fenólico, leve amargor final, levemente seca, corpo médio/alto.

Boa cerveja. Bem complexa e ao mesmo tempo fácil de beber. A torrefaçaão tem um grande destaque, lembrando chocolate e café.



Maredsous Tripel - Belgian Tripel, Ale, 10% ABV, garrafa 330ml.

Cor: Cobre, límpida.
Espuma: Boa formação e média duração, cor marfim, bem consistente.
Aroma: Malte, doce, frutado (laranja), cítrico, fenólico, condimentado, picante, álcool.
Paladar: Malte, leve adocicado, frutado (laranja), cítrico, fenólico, picante, álcool, amargor final de boa intensidade e duração, bom corpo.

Boa cerveja. Só por ser uma Tripel eu já fico feliz. Este é um dos meus estilos preferidos e dentre todas as variáveis possíveis (mais frutada, fenólica ou alcoólica), ainda não provei nenhuma que tivesse me decepcionado. Elas reúnem, contraditoriamente, uma leveza e uma complexidade que me encantam, sempre acompanhadas por uma quantidade bem generosa de álcool, único fator que impede o consumo em maiores quantidades na minha opinião.

19 outubro 2010

Brooklyn Brewery


Em 1984, o correspondente da Associated Press no Oriente Médio, Steve Hindy, retornou aos Estados Unidos depois de 6 anos e passou a morar na região de Park Slope do Brooklyn, em Nova Iorque. Durante seus anos de trabalho em países como Arábia Saudita e Kuwait, onde bebidas alcóólicas são proibidas, ele aprendeu a arte de fazer cerveja em casa com diplomatas. Em 1987, Steve e seu vizinho do andar de baixo, o bancário Tom Porter, saíram de seus trabalhos e fundaram a Brooklyn Brewery.

O Brooklyn tem uma grande histórico de cervejarias abertas durante o século XIX, principalmente por imigrantes alemães. Cerca de 48 cervejarias eram encontradas há cerca de 100 anos, mas devido ao suceso comercial das lagers americanas de grandes indústrias, estas cervejarias foram fechando. A última cervejaria do Brooklyn fechou em 1976. O objetivo de Steve Hindy e Tom Porter foi inicialmente de dar novamente uma cerveja de qualidade à cidade de Nova Iorque. Eles chamaram o designer Milton Glaser, o mesmo que criou o famoso logotipo "I LOVE NY", para desenvolver a marca da cervejaria. Como não tinham recursos para contratar um designer tão famoso, eles propuseram o pagamento com fornecimento vitalício de cerveja, e conseguiram o contrato!

A primeira cerveja foi desenvolvida pelo mestre cervejeiro de origem alemã Willian Moeller, cujo avô trabalhara como cervejeiro no Brooklyn. Esta primeira cerveja era a Brooklyn Lager, o carro chefe da cervejaria até hoje. Nestes primeiros anos a cerveja era fabricada sob licensa em uma cervejaria localizada na cidade de Utica, no estado de Nova Iorque. Em 1994 eles contrataram o mestre cervejeiro Garret Oliver para desenvolver a planta da nova cervejaria e acompanhar a produção em Utica. A cervejaria do Brooklyn foi aberta no dia 28 de maio de 1996 numa cerimônia que contou com a presença do Michael Jackson, o beer hunter, e do prefeito Rudolph Giuliani. Desde então Garret Oliver desenvolveu várias cervejas diferentes e também um dos livros favoritos dos entusiastas de boas cervejas e boa mesa, o "The Brewmaster`s Table".

Hoje a cervejaria passa por um grande processo de ampliação das atividades e uma nova fábrica será construída fora da cidade de Nova Iorque.

Desde o início deste ano algumas das cervejas da Brooklyn Brewery chegaram ao Brasil. As primeiras a chegar foram as versões Lager, Brown Ale, East India Pale Ale e Local 1. Abaixo as impressões sobre algumas delas.


Brooklyn Lager - Vienna, Lager, 5.2%ABV, garrafa 355ml.

Cor: Cobre, límpida, depósitos no fundo da garrafa.
Espuma: Boa formação e duração de espuma, de cor marfim, boa consistência e estabilidade, deixa muitas marcas.
Aroma: Lúpulo (cítrico, floral, herbáceo), frescor, frutado (limão), malte, caramelo.
Paladar: Malte, doce, caramelo, lúpulo, cítrico, frutado (limão), bom amargor final de boa intensidade e duração, corpo médio, levemente seca.

Deliciosa! Aroma e sabor intensos de lúpulo fresco. O malte aparece para balancear o conjunto, mas fica em segundo plano. Se esta cerveja é o carro chefe da cervejaria, aquela que mais vende, fico pensando em como serão as outras.


Brooklyn East India Pale Ale - English India Pale Ale, 6.8%ABV, garrafa 355ml.

Cor: Âmbar escura, límpida.
Espuma: Boa formação e duração, cor marfim, consistente, boa estabilidade, deixa muitas marcas.
Aroma: Lúpulo (cítrico, herbáceo), frutado (tangerina, limão), malte.
Paladar: Lúpulo, malte, caramelo, cítrico, frutado (tangerina, limão), leve picante, condimentado, amargor final de boa intensidade e duração, corpo médio, seca.

Ótima cerveja. Muito lúpulo aromático, com uma complexidade de cítricos muito interessante. No sabor também pude sentir um toque picante, condimentado também advindo dos lúpulos. Esta cerveja tem muitas características de uma IPA americana, mas talves seja classifocada como English IPA por ter menor amargor e intensidade em geral que a maioria das American IPA, além do toque picante e condimentado.


Brooklyn Brown Ale - American Brown Ale, 5.6%ABV, garrafa 355ml.

Cor: Marrom, reflexos vermelho rubi, límpida.
Espuma: Boa formação e duração de espuma, cor bege, boa consistência.
Aroma: Malte, chocolate, torrefação, leve café, lúpulo (herbáceo, leve cítrico).
Malte: Malte, doce, chocolate, torrefação, café, leve acidez, amargor final de média intensidade, acompanhado de torrefação, corpo médio/baixo, seca.

Boa cerveja. A lupulagem aparece bem, exatamente como devemos esperar de uma American Brown Ale, mas não esperem o mesmo amargor encontrado em outras produções americanas. Notas cítricas e herbáceas de lúpulo trazem refrescância ao conjunto, mas o destaque está nas notas de torrefeção e chocolate.

15 outubro 2010

Visita à cervejaria Bamberg


Como este blog ficou em período de inatividade por alguns meses eu fiquei devendo um relato de minha visita à cervejaria Bamberg em Votorantim, interior de São Paulo, ocorrida no último mês de maio. Como já relatado em outro post, a micro cervejaria Bamberg nasceu no ano de 2005. Depois de visitar várias cervejarias ao redor do mundo, os irmãos Alexandre, Thiago e Lucas realizaram um estudo e decidiram abrir uma cervejaria. A escolha do nome Bamberg foi uma homenagem à cidade alemã referência em produção de cervejas.

Durante esta visita fui recebido pelo Alexandre Bazzo. Passamos a tarde inteira na companhia do Rudolf e do Sérgio, cervejeiros caseiros da Acerva Paulista que produzem a Barba Bier e também visitavam a Bamberg. Pude conhecer as instalações da cervejaria e ainda provei algumas de suas produções, entre elas algumas muito esperadas por mim, como a nova produção da Tcheca, a Vintage N. 1 e a Weizenbock refermentada com fermento de champanhe.

Cozinha da cervejaria Bamberg.
Tanques de fermentação e maturação.

A estrutura da Bamberg, além da parte onde a cerveja é produzida, com uma sala para recepção de convidados e realização de degustações. Esta sala fica no andar superior da cervejaria e tem uma grande janela de vidro de onde podemos acompanhar a produção. As fotos da cozinha e dos tanques de fermentação foram tiradas desta sala.

Na mesma época da visita, o Alexandre estava estudando a mudança de rótulo das cervejas Bamberg e todas as provas estavam por lá. Pude conhecer os novos rótulos que estão bem diferentes e mais chamativos. O rótulo da Rauchbier é o que mais mudou e o motivo disso provavelmente é o prêmio, medalha de prata, ganho no European Beer Star de 2009. Aliás o troféu e o certificado estavam orgulhosamente expostos na cervejaria.

Novos rótulos das cervejas Bamberg.

Bamberg Rauchbier e o troféu ganho no European Beer Star de 2009.

Certificado do prêmo recebido pela Rauchbier.

Weizenbock maturada em barril de carvalho e refermentada com levedura de espumante.

Depois vieram as degustações. A primeira foi a Weizenbock maturada em barril de carvalho e refermentada com levedura para champanhe. Esta cerveja, ao que parece, não está nos planos comerciais da cervejaria. Por enquanto não passa de um teste. Aliás, estes testes são cada vez mais frequentes na Bamberg. O Alexandre Bazzo investe cada vez mais na experimentação, produzindo estilos diferentes e testando a maturação de cervejas mais alcoólicas em barris de carvalho. Espero poder contar cada vez mais com estas cervejas em nosso mercado e acredito que sairão da Bamberg as primeiras produções totalmente brasileiras. Durante a visita ele tinha uma Doppelsticke, estilo raro alemão, maturando no barril.
Barris com Vintage e com a Doppelsticke.

Alexandre Bazzo e eu entre os tanques degustando a Tcheca.

A Biertrupe Tcheca, uma das melhores Bohemian Pilsners disponíveis no Brasil, foi provada direto do tanque ainda durante o estágio de maturação, mas mesmo assim estava muito boa. Também provei outras cervejas do tanque como a Weizen e a Schwarzbier, pelo que lembro.
Biertruppe Vintage 1.

Para terminar, degustamos a Biertrupe Vintage 1, uma English Barley Wine maturada por 100 dias em barril de carvalho. Surpreendentemente ela foi provada em temperatura ambiente e desceu bem macia e suave. Ótima cerveja.

Recomendo uma visita ao novo website da cervejaria Bamberg. Você também pode conhecer a cervejaria. Mais informações no site deles.

Se você estiver em São Paulo recomendo que procure encontrar algumas das cervejas da Bamberg na versão chope. Vale a pena provar e sentir a diferença para as versões engarrafadas. Além disso, geralmente o chope Bamberg custa o mesmo que outros chopes comerciais.

11 outubro 2010

Malheur 10 e 12



O fundador desta família de fabricantes de cerveja foi Balthazar Landtsheer, que nasceu em 1773 em Baasrode e fundou a cervejaria De Halve Maan, ou meia lua em neerlandês. Seu filho Eduard Landtsheer, nascido em 1808, assumiu o comando e também foi prefeito de Baasrode.

Seu neto Emmanuel asumiu em 1839, na cervejaria dentro da fazenda da família, 't Meuleke Baasrode ao sul da De Halve Maan. Ele mudou o nome para Cervejaria De Zon, ou o sol em neerlandês, pois a casa era de cor amarela. A cervejaria foi tão bem sucedida que a fazenda foi fechada com o tempo e fabricação da cerveja se tornou a principal atividade.

Durante a II Grande Guerra, a fabricação de cerveja foi interrompida. Emmanuel Landtsheer passou de cervejeiro a vendedor de cerveja em garrafas, especialmente uma cerveja lager popular na época e que ele não poderia produzir em sua fábrica de cerveja. Ele se tornou importador e revendedor de cerveja Pilsner Urquell e da Westmalle. 

Em agosto de 1997, a antiga cervejaria da família De Landtsheer foi reativada em Buggenhout. Manu Landtsheer, neto e homônimo de Emmanuel Landtsheer, construiu uma nova cervejaria com tecnologia moderna no antigo local da cervejaria da sua família.

Apesar do pouco tempo de existência, a cervejaria Malheur já é bem respeitada pela qualidade de suas produções. Eles fabricam as cervejas Malheur 6, 8 10 e 12, onde os números correspondem ao teor alcoólico de cada cerveja, além de três cervejas fabricadas através do método champenoise, entre elas a única escura da qual tenho conhecimento, a Malheur Dark Brut. A Importadora Tarantino está trazendo para o Brasil algumas dessas cervejas: Malheur 10, 12, Brut e Dark Brut. Neste post vou descrever minhas impressões sobre as duas primeiras.

Malheur significa pouca sorte ou infortúnio. Apesar do nome ter significado bem estranho, já que não acredito que nenhuma empresa queira ter esta característica, ele foi fruto de uma pesquisa de mercado. Ainda segundo Manu, este é um nome de duplo sentido, com uma pitada de bom humor e fácil de memorizar, o que é bom do ponto de vista comercial.


Malheur 10 - Belgian Strong Golden Ale, 10%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Âmbar clara, turva.
Espuma: Altíssima formação e duração, cor marfim clara, de bolhas bem pequenas, extremamente consistente, belíssima, deixa muitas marcas.
Aroma: Malte, adocicado, mel, frutado intenso (laranja, damasco), baunilha, sem. coentro (?), condimentado, herbáceo.
Paladar: Malte, doce, mel, frutado (laranja, damasco), fenólico, picante, álcool, amargor final, bom corpo, alta carbonatação.

Ótima cerveja. Muito aromática, intensamente frutada no aroma e picante no sabor. Álcool bem presente no paladar, esquentando a boca. Cerveja bem potente que pode até mesmo lembrar uma Tripel.


Malheur 12 - Belgiam Dark Strong Ale, 12%ABV, garrafa 330ml.

Cor: Marrom, reflexos alaranjados, levemente turva.
Espuma: Boa formação e baixa duração de espuma, de cor bege.
Aroma: Fenólico, picante, condimentado, malte, doce, caramelo, toffee, frutado (passas).
Paladar: Malte, doce, caramelo, toffee, fenólico, condimentado, frutado (passas, ameixa), picante, álcool, final doce, picante e alcoólico, leve amargor, bom corpo, ata carbonatação.

Boa cerveja. Perfil mais adocicado e muito fenólica. O fenólico aparece bem forte no início com toques condimentados e picantes, mas depois se equilibra com o restante do conjunto. O álcool é bem evidente e esquenta o corpo. A carbonatação também é bem evidente.

10 outubro 2010

Young's Double Chocolate Stout


Em 1581, na cidade de Wansworth, está a primeira evidência histórica de fabricação de cerveja para fins comeriais na cervejaria Ram (carneiro), ainda durante o Reinado da Rainha Elizabeth I. Humphrey Lamgridge fabricava cerveja em uma das estalagens mais importantes do local. Esta estalagem ostentava um carneiro como simbolo. Até hoje, na cervejaria moderna, o carneiro continua sendo o símbolo da cervejaria Young. 

Durante os anos que se seguiram a cervejaria foi crescendo e passando de uma mão para outra até que em 1831 Charles Allen Young e seu sócio Anthony Fothergill Bainbridge compraram a Cervejaria Ram. A negociação incluiu ainda 80 pubs, que até hoje ainda permanecem nas mãos da família Young.

Charles Allen Young morreu em 1855. Seu filho Charles Florance Young assumiu o seu lugar na parceria. Anthony Fothergill Bainbridge foi sucedido por seu sobrinho, Herbertm 1873. Em 1883 ocorreu a dissolução repentina da parceria, pois Herbert Bainbridge tinha fugido com a mulher de Charles Young! Charles Young cuidou sozinho da cervejaria, já sob o nome de Young & Co., até seu falecimento em 1890. Seu desejo foi a formação de uma empresa privada limitada, a Young & Co.`s Brewery Limited, onde os acionistas principais eram sua esposa, já perdoada, e seus filhos.

Já nos dia atuais, mais precisamente em 2006, a Young & Co.`s Brewery Limited vendeu o prédio da cervejaria Ram e se uniu à cervejaria Wells para formar a Wells & Young`s Brewing Company, a maior do ramo sob comando famíliar no Reino Unido. Os pubs da Young permaneceream como uma companhia separada e sofreram uma grande remodelação com o dinheiro arrecadado com a venda da cevejaria.

No último post descrevemos uma das cervejas desse novo grupo, a Wells Bombardier. Agora é a vez de avaliarmos a Youngs Double Chocolate Stout, uma deliciosa sweet stout que leva o chocolate inglês Cadbury em sua fórmula e que chegou no Brasil este ano.


Young`s Double Chcolate Stout - Sweet Stout, Ale, 5.2% ABV, garrafa 500ml.

Cor: Preta opaca.
Espuma: Boa formação e duração, cor bege escura, boa consistência, deixa marcas.
Aroma: Chocolate ao lete, adocicado, lúpulo, malte, leve torrefação.
Paladar: Malte, doce, torrefação, leve café, chocolate, leve acidez, amargor final de média intensidade e duração, corpo médio/baixo, textura sedosa, levemente seca, baixa carbonatação.

Boa cerveja. O aroma é tomado completamente pela sensação de chocolate ao leite. No sabor o chocolate ainda está presente, mas bem menos intenso, dando espaço para outras sensações, como o malte torrado e café. A baixa carbonatação contribui para uma textura sedosa. Ela tem baixo teor alcoólico, muito aroma e sabor e é bem fácil de beber. Não lembro de outra cerveja onde pude sentir um aroma tão natural e intenso de chocolate como nesta. Produz a mesma sensação de sentir o aroma de uma barra de chocolate.


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