A cerveja é uma bebida fortemente
associada ao mundo masculino. Mulheres também bebem cerveja, mas a imagem do
produto em geral é bem mais masculinizada. Até as propagandas de televisão
costumam mostrar mulheres bonitas para atrair o publico alvo masculino. Por
mais que nossa sociedade tente associar a cerveja ao mundo masculino, dentro da
história da humanidade a mulher teve papel tão ou mais importante que o homem
na fabricação da cerveja.
Na civilização Suméria, tida
como criadora da cerveja, as mulheres eram as responsáveis pela sua fabricação.
Elas eram conhecidas como Sabtiem e um poder divino era atribuído a elas, pois
não se sabia que a fermentação era provocada pelas leveduras. Fazer cerveja era
uma atividade doméstica, assim como cozinhar e cuidar dos filhos. Enquanto os
homens saíam para caçar e pescar, as mulheres produziam cerveja. Nessa época a bebida
fazia parte da dieta básica e era consumida por toda a família como alimento e
fonte de nutrientes. A importância da mulher era tanta que até a divindade da
cerveja na Suméria era uma Deusa, Ninkasi. A primeira receita de cerveja de que
se tem notícia é uma oração à Ninkasi.
A tradição da fabricação da
cerveja em casa se prolongou durante muito tempo. Na idade média as mulheres
ainda predominavam na atividade. Na Inglaterra era permitido o comércio do
excedente da Ale produzida. As mulheres eram conhecidas como Alewives. O
comércio dos excedentes acabou por ajudar na abertura de várias tabernas.
O uso do lúpulo em cerveja é
uma contribuição dos estudos da abadessa Hildegarda von Bingen. Ela relatou em
um livro as propriedades conservantes do lúpulo. Antes do uso do lúpulo, uma
mistura de ervas chamada gruit era mais propular para temperar as cervejas.
A diminuição do papel da mulher
na fabricação da cerveja ocorreu a partir do final da idade média. A atividade
foi ganhando força e se mostrando uma ótima forma de fazer dinheiro. A
fabricação foi aumentando em volume e saindo gradualmente das casas para as
cervejarias. Com isso o homem foi tomando o papel da mulher.
Hoje a mulher está retomando
seu papel no mundo da cerveja. No Brasil temos mulheres consideradas ícones na
fabricação e estudo de mercado da cerveja como as mestres cervejeiras e bier
someliéres Cilene Saorin, Kátia Jorge e Amanda Reitenbach e a bier someliére
Kathia Zanatta. Grupos de mulheres também mostram sua força como consumidoras
como a as confrarias CONFECE de Belo Horizonte e Maltemoiselles de São Paulo.
Além dos grupos que se reúnem para beber e estudar existem as que também fazem
cerveja em casa como as FemAles Cariocas.
Nós homem temos mais um bom
motivo para agradecer às mulheres: a nossa tão amada cerveja!
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